Após um hiato de doze anos, a banda de Death Metal britânica, Benediction, lança o seu oitavo full lenght, “Scriptures”, o qual sucede o álbum “Killing Music” de 2008. “Scriptures” marca o retorno do vocalista Dave Ingram, que havia atuado na banda de 1990 a 1998. Ingram substituiu Dave Hunt, vocalista de longa data do Benediction, que havia sido seu substituto em 1998. Além da volta de Ingram, o baterista Giovanni Durst e o baixista Dan Bate estão fazendo seu disco de estreia no quinteto.
O oitavo “abençoado” filho do Benediction começa a ser gerado em “Iterations Of I”, a qual começa com um riff cortante. Dave Ingram mostra que o bom filho sempre retorna a casa e ele o faz com méritos. Giovanni Durst exibe o seu cartão de visita com precisão e técnica. O solo de guitarra, ainda que bem simples, fomenta uma atmosfera que espalha Death Metal a todo o nosso universo metalhead. Os guitarristas Peter Rew e Darren Brookes prestam o ótimo serviço de sempre, tendo o competente Date Bate como o companheiro de quatro cordas.
“Scriptures In Scarlet” é menos acelerada que a anterior, mas, igualmente, leva Metal da Morte de qualidade aos insaciáveis ouvidos que por ele suplicam. Death Metal feito em 2020, mas com corpo e alma old school. “The Crooked Man”, que encerra o lado A do disco um da versão em do vinil duplo, mantém a pegada da velha escola, mostrando a personalidade Benediction explícita em sua agradável sonoridade, ou seja, o disco soa como o fã da banda espera. “Stormcrow” tem como ponto forte suas mudanças de andamento. Ouço uma produção que prioriza a nitidez de cada instrumento sem comprometer o seu peso, algo que é sempre bem vindo.
“Progenitors Of A New Paradigm” conta com riffs mais simples e diretos, discretamente diferenciados das faixas anteriores, principalmente na introdução, chegando a ter uma pegada Heavy, a qual ganha, rapidamente, elementos característicos de Death Metal. Ela está entre minhas favoritas do disco e entre as melhores canções de Death de 2020. O primeiro single do álbum, “Rabid Carnality”, já havia servido de prenúncio para a qualidade satisfatória que desfruto agora. Até os solos de guitarra, que não são ponto forte da banda, são divinamente bem empregados nessa música. “In Our Hands, The Scars” dá início à segunda metade do oitavo capítulo completo da história do Benediction. “Chama nascente, de uma ruína violenta / A estrela da manhã / Com a extração de sangue, libere o dilúvio / Em nossas mãos, as cicatrizes”. Uma linda linha de baixo de Dave Bate comanda “Tear Off These Wings”, a qual sustenta um ritmo mais cadenciado por pouco mais de um minuto e meio. O poder gutural da voz de Ingram também se destaca nessa canção, escrevendo sua nova história dentro do Benediction de forma promissora.
“Embrance The Kill” da sequência a obra com uma veia Thrash/Death Metal, elemento que encaixou muito bem na proposta sonora do álbum. “Neverwhen” abre o Lado B do disco dois da versão em vinil do disco. Sem deixar de lado, por completo, a pegada Thrash/Death da faixa anterior, essa canção busca ir de encontro com a fórmula que é utilizada nas primeiras canções. Seu solo de guitarra fornece uma pitada de feeling e melodia que brilha no meio de tanto peso. “The Blight At The End” é o anúncio de que o fim está próximo. O fim do mundo? Não ainda, mesmo que o ano de 2020 tenha dado essa impressão, mas ela é a penúltima música do full lenght, que mantém a alta temperatura do mesmo. Vou falar novamente dos solos do Benediction. Apesar de não serem técnicos, eles são bonitos e tem características sonoras próprias, o que sempre deve ser elogiado. “We Are A Legion” finaliza o oitavo registro completo da banda com uma chuva de riffs matadores que vem acompanhados por uma marcha que chama pra guerra. ”Amaldiçoados adoradores de deuses negam a besta no homem / Dente e garra / Possuída pelo inferno, elite alienígena / Legião em armas para a guerra – Guerra!”, e a letra apenas confirma essa minha leitura sensorial.
Que o Death Metal está quebrando tudo em 2020, ninguém mais duvida, porém, uma banda veterana clássica voltar de um hiato prolongado e apresentar um disco de alta qualidade, é sempre algo que contenta. Aprovado e indicado para os amantes de Death Metal e Metal extremo em geral.
Nota 9,2
Integrantes:
- Peter Rew (guitarra)
- Dave Ingram (vocal )
- Dan Bate (baixo)
- Giovanni Durst (bateria)
- Darren Brookes (guitarra )
Faixas:
- Iterations Of I
- Scriptures In Scarlet
- The Crooked Man
- Stormcrow
- Progenitors Of A New Paradigm
- Rabid Carnality
- In Our Hands, The Scars
- Tear Off These Wings
- Embrance The Kill
- Neverwhen
- The Blight At The End
- We Are Legion