Diretamente de Fusa, Noruega. O Inculter foi formado em 2012 com a intenção de carregar a tocha do Blackened Thrash Metal, alcunha pela qual se auto rotulam. Em determinados casos essa mistura acaba sendo por algumas vezes resumidas em Speed Metal de acordo com o seu formato. Decerto, os adeptos de Black/Thrash, Black/Speed, Speed/Black/Thrash, por exemplo, entendem muito bem sobre esse tempero rico em agressividade, técnica, rispidez e insanidade sonora. E antes mesmo de dissecar esse novo trabalho dos noruegueses já adianto ao caríssimo leitor e fã da boa música que pode ouvir sem medo algum. Aqui a bagaça fumegante funciona numa boa e traz todos os adjetivos que citei e até mais se puder ouvir por vezes repetidas esse mesmo disco.
“Fatal Visions” foi produzido por Herbrand Larsen (Enslaved). Lançado no dia 12 de abril via Edged Circle Productions, este é o segundo álbum dos cabras que definitivamente estão prontos para cravar seu lugar no cenário da música feia e suja mundial. Além deste possui o debut “Persisting Devolution” (2015), o EP “Stygian Deluge” (2013) e um split também de 2013, com o Reptilian, banda de Death Metal também da cidade de Fusa. O time é formado pelo vocalista e guitarrista Remi Andrè Nygård, Lasse Udjus também na guitarra, Cato Bakke (Cockroach Agenda, Reptilian, Sepulcher) no baixo, e o baterista Daniel Tveit (Cockroach Agenda, Reptilian, Sepulcher).
Inculter e seu baú de desgraceira musical
Sem muita enrolação o tiro inaugural foi dado e já adentramos na faixa de abertura, “Open The Tombs” – música que chega abrindo as tumbas reerguendo os antigos e milenares faraós prontos para bangear junto com seus asseclas. O ouvinte certamente poderá notar muito de Slayer e Dark Angel dos primeiros anos de carreira. Assim sendo, “Impending Doom” dá continuidade aos trabalhos feitos no submundo com muitas variações destacando o controle abismal de Tveit com seus bumbos e tons. A desgraça iminente aponta pistas criminais com acordes enraizados em Bewitched e Desaster.
Com uma introdução desse calibre, “Shepherd Of Evil” não tem como escapar da influência do Slayer. Após a estonteante intro de Nygård e Udjus, os freios do ônibus quebram e a sonzeira segue ladeira abaixo no bom sentido, claro!
Então, aqui as nuances de Possessed tomam conta do certame, escurecendo ainda mais a estrada sombria, tornando o caminho cada vez mais macabro e visceral para os pastores do mal. “Endtime Winds” continua o percurso trazendo consigo os ventos do fim dos tempos com um início que lembra bastante o glorioso Black Sabbath misturado com Sepultura dos tempos áureos.
Assim, depois a carroça tomba e os cavalos fogem a mil por hora, e se você quer descer a mamona na testemunha de “jeovagem” a hora é essa. Os solos enriquecem ainda mais a horda glorificada pelo que há de mais extremo no Metal. Pouco depois após o solo, a faixa possui um riff que lembrou muito aquele famoso riff da clássica “Heaven And Hell” do Sabbath com Dio. E aqui as melodias tomam um destaque maior até trazendo algo Testament e Death Angel.
Inculter e suas destacáveis linhas de baixo
O baixo nervoso de Bakke dita as primeiras notas para o começo da cavalaria desenfreada e organizada de “Final Darkness”. Talvez seja o início mais veloz e cortante de uma faixa desse disco perfeito para o aviso sobre a escuridão final. As lâminas aqui ficam ainda mais afiadas contando com variações e viradas completamente insanas não deixando pedra sobre pedra. Em “Towards The Unknown” os noruegueses continuam despejando toda sua fúria destacando novamente os vocais ruidosos de Nygård que também representa muito ao tocar guitarra também. Seu estilo de vocal lembra bastante o que o Bloodrocuted mostrou em seu último disco, o excelente “For the Dead Travel Fast” (2017), possuindo um timbre bem parecido com o de Daan Swinnen.
Já chegando próximo do fim do percurso insano e macabro, é a vez da faixa que dá nome ao disco do Inculter. “Fatal Visions” mostra os motivos de terem a escolhido como nome do álbum, então. Amplamente insana e cortante como as faixas anteriores, esta mantém o rígido ensino de como se deve criar e produzir um Blackened Thrash de verdade. Portanto, possuindo uma visão fatal de como funciona a bagaça. Por fim, a obra chega ao seu fim com “Through Relic Gates” que possui uma faceta bem voltada ao estilo do Exumer. Tudo isso fazendo parte tanto da fase antiga quanto dos trabalhos mais recentes. Um digno final, em suma, para um disco qualificado do início ao fim. Como eu disse no começo do texto pode ouvir sem medo algum, a não ser que você seja sensível a uma sonoridade bastante afiada.
Influências de Black Metal no caldeirão Thrash
Através dos portões dessa relíquia pudemos observar e garantir que o submundo foi muito bem representado, e que a mistura sonora quando bem feita, foge de qualquer equívoco possível. Obviamente o ouvinte poderá encontrar outras bandas similares a constarem como prováveis influências nesse álbum, até porque se trata de um som com muitas variantes que trazem aquela sensação de preparação para o próximo riff atento às viradas de cenário deste petardo. O lado Thrash se sobressai muito bem somado a boas doses de Black Metal servindo mais de pano de fundo e ficando mais evidente nas linhas de bateria de Tveit. Embora eu tenha apontado algumas bandas que me lembrei durante as audições que fiz, percebi essa junção que caiu como uma luva nesse tipo de trabalho na qual eu destaco aqui no rodapé do texto umas pitadas de folhas aromatizantes tipo Besatt e uma pimentinha básica de Immortal.
Que o Inculter continue cada vez mais firme em sua jornada sempre elevando seu arsenal, pois aqui já estão garantidos no grande salão de super bandas do estilo.
Nota: 9,0
Integrantes:
- Remi Andrè Nygård (vocal e guitarra)
- Lasse Udjus (guitarra)
- Cato Bakke (baixo)
- Daniel Tveit (bateria)
Faixas:
1. Open The Tombs
2. Impending Doom
3. Shepherd Of Evil
4. Endtime Winds
5. Final Darkness
6. Towards The Unknown
7. Fatal Visions
8. Through Relic Gates
Redigido por Stephan Giuliano