Existia algo presente na água do estado da Flórida entre o final da década de 80 e o inicio dos anos 90, não sabemos de fato o que era, porém podemos afirmar que estimulava e aguçava a apreciação e a curiosidade por um gênero de música específico, o Metal. Porém, um Metal carniceiro e sanguinário que ainda caminhava em direção a sua manifestação definitiva, um Metal que expandia o que foi feito pelos gigantes do Thrash americano e o Thrash teutônico. No ano de 1991, ainda na Flórida, alguns dos registros mais importantes e edificadores deste “Metal Açougueiro” haviam sido lançados pelos 4 cavaleiros do apocalipse que dispensam apresentações aqui, digamos que muitos dos padrões a serem seguidos e refinados posteriormente estavam estabelecidos, correto? Corretíssimo, porém ainda faltava uma ratificação, algo que pregasse o prego do caixão, uma criação maligna.
Em abril de 1991, o Malevolent Creation lançava seu magistral álbum de estreia, “The Ten Commandments”, um dos marcos do Death Metal mundial, gravado no lendário Morrisound Studios e produzido por ninguém menos do que o reverenciado Sr. Scott Burns.
O debut do Malevolent Creation se encontra numa posição intrigante entre as pérolas do gênero lançados na mesma época, não tem a mesma atenção ou reconhecimento, porém é louvado, renomado e citado como um dos melhores registros da história do Metal extremo pelo ávido público mais voltado para o Underground. Em “The Ten Commandments”, temos basicamente todos os ingredientes presentes em um álbum de Death Metal old school, riffs extremamente devastadores e psicologicamente agressivos (cortesia do sr. Phil Fasciana) mudanças de tempo surpreendentes aliadas a sequências insanas de blast-beats, e é claro a alma desse registro, Sr. Brett Hoffmann (R.I.P). Faltam adjetivos pra descrever a intensidade animalesca dos vocais do Sr. Hoffmann, era uma junção de Jeff Becerra (Possessed) e John Tardy (Obituary) porém tinha seu diferencial.
Dando inicio aos Dez Mandamentos Malignos. Primeiro mandamento: “Tu serás deixado para apodrecer, para nunca ser livre, para nunca retornar” presente em “Memorial Arrangements”. Segundo mandamento: “Implore pela morte, ao ser enterrado vivo” presente em “Premature Burial”, aqui encontramos extrema agressão e desespero, e os primeiros gritos de aflição do Sr. Hoffmann. Terceiro mandamento: “Tu deverás presenciar a decadência humana em seu ápice” presente em “Remnants of Withered Decay”, aqui temos os primeiros sinais dos riffs insanos do Sr. Phil Fasciana a todo vapor. Quarto mandamento: “Tu deverás presenciar a morte ao teu lado” presente em “Multiple Stab Wounds”, toda a insanidade e brutalidade continuam a transcorrer pelo vale das sombras e gritos de desespero continuam a nos atormentar. Quinto mandamento: “Tu deverás presenciar o inicio do fim da existência” presente em “Impaled Existence” aqui se encerra os cinco primeiros capítulos com uma atmosfera apocalíptica e ameaçadora, e se sucedem os gritos aterrorizantes.
Sexto mandamento: “Tú matarás!” presente em “Thou Shall Kill!”, aqui é o momento onde todos os valores adotados e mantidos por puro medo do divino são jogados no chão e execrados, e permanece apenas a necessidade de matar sem nenhum remorso ou possíveis consequências. Sétimo mandamento: “Tu verás a manifestação do próprio mal surgir” presente em “Sacrifial Annihilation”, aqui onde tudo está em ruínas, apenas dezenas de corpos largados pelo caminho, onde o pânico e o caos reinam, surge agora a necessidade de fugir de tudo isso. Oitavo mandamento: “Tu irás sentir a decadência em ti próprio!” presente em “Decadence Whitin”, aqui existe a apenas a insanidade e falta de discernimento entre o que é e o que não é, apenas os gritos de desespero e angústia são escutados, aparentam emanar da mesma pessoa esse tempo todo. Nono mandamento: “Tu deverás encontrar a salvação que existe na agulha” presente em “Injected Sufferage”, aqui já foram perdidas todas as esperanças e só restam o medo e a ansiedade, então é encontrado uma forma de “fugir da realidade” de maneira ilícita e com grande tendência ao desenvolvimento de uma dependência fatal… Os gritos de desespero ficam mais estridentes e intimidadores. Décimo Mandamento: “Tu encontrarás conforto na presença do maligno” presente em “Malevolent Creation”, aqui onde finalmente é aceitado o alvorecer da criação maldita surgir, onde todos participaram de maneira fiel e perseverante durante do inicio ao fim da existência, ouvimos então o último, mais tenebroso e devastador grito de desespero e angústia bem próximo porém dessa, vez clama impiedosamente que NINGUÉM PODE DESTRUIR ESSA CRIAÇÃO MALÍGNA.
Sem sombra de dúvidas, “The Ten Commandments” é um dos mais excepcionais clássicos do Death Metal, e apesar do instrumental ser devastador, extremamente brutal e desvairado, quem brilha nesse registro é o saudoso e demandado Brett Hoffmann, seu desempenho vocal e seus “gritos de dor e angustia” são marcas registradas, e foi um dos vocalistas pioneiros do Death Metal americano. Um fato curioso sobre esse aspecto vocal tão destacado, é a produção e mixagem deste álbum, de certa maneira o instrumental é levemente abafado, dando muito mais impacto aos vocais, um aspecto da produção muito perspicaz.
Nota:9,0
Integrantes:
- Brett Hoffmann (vocal, composição) **R.I.P**
- Phil Fasciana (guitarra, composição)
- Jason Blochowicz (baixo)
- Jeff Juszkiewicz (guitarra)
- Mark Simpson (bateria)
Faixas:
- Memorial Arrangements
- Premature Burial
- Remnants of Withered Decay
- Multiple Stab Wounds
- Impaled Existence
- Thou Shall Kill!
- Sacrificial Annihilation
- Decadence Within
- Injected Sufferage
- Malevolent Creation
Redigido por: Vaz