“Burn” é o oitavo full lenght da banda britânica de Hard Rock, “Deep Purple”.
O ano de 1973 foi difícil para o Deep Purple. Em plena turnê do disco “Who Do We Think We Are”, os membros da banda não estavam mais se entendendo.
As músicas, do então novo álbum, não eram executadas ao vivo. As brigas entre o guitarrista Ritchie Blackmore, o vocalista Ian Gillan e o baixista Roger Glover fizeram com que Gillan e Glover deixassem a banda.
Ainda em 73, entraram em seus lugares, respectivamente, o baixista e vocalista do Trapeze, Glenn Hughes, e o cantor David Coverdale, até então pouco conhecido do grande público.
Já em novembro, o oitavo full-lenght dos britânicos, “Burn”, foi gravado em Montreux na Suíça, mas só foi lançado no dia 15 de fevereiro de 1974.
Dúvidas dos fãs
Uma dúvida pairou no ar. A atual formação conseguiria manter acessa a chama da Mark II? Dessa forma, muitos fãs torceram o nariz para a mudança do time. No entanto, o resultado não poderia ser melhor. O “Burn” não só conquistou a crítica e os fãs, como também se tornou um clássico absoluto ao lado de outras obras primas como o “Machine Head” de 1972, o “In Rock” de 1970” e o “Perfect Strangers” de 1984.
California Jam
A faixa título abre o álbum da melhor maneira possível. Uma poderosa canção de Hard Rock capaz de levar a plateia ao delírio. Foi exatamente dessa maneira que rolou a abertura da apresentação da banda no festival California Jam, que aconteceu no dia 6 de abril de 1974. Outros famosos artistas participaram desse mega evento, como Black Sabbath, Eagles, Emerson, Lake & Palmer e Black Oak Arkansas.
O público foi estimado pela organização em 400.000 pessoas. A performance do Deep Purple entrou para história por duas razões ao mesmo tempo, a execução perfeita dos novos e antigos clássicos e o incêndio causado por Ritchie Blackmore, que ateou fogo na parede de amplificadores. Os integrantes tiveram que fugir de helicóptero para não serem presos.
“Um disco de dois vocalistas excelentes”
“Might Just Take Your Life” que vem em seguida no álbum, um Hard Rock mais ameno que a faixa de abertura. Porém as vozes unidas de Coverdale e Hughes mostraram uma nova e poderosa característica que até então não havia na sonoridade.
“Lay Down, Stay Down”, uma música perfeita, com um arranjo de bateria fenomenal, que sempre foi marca registrada de Ian Paice, único membro original da banda que ainda é atuante, e os vocais principais revezando, tornam a audição um deleite inexplicável. Encerrando o lado A, a balada “Sail Away”, que apesar de nunca ter sido executada ao vivo, é um grande momento do “Burn”.
Lado B
O lado B abre com a canção “You Fool No One”. O coro de vozes homogêneas e perfeitamente sincronizadas dos dois vocalistas é um show a parte, ora com trechos solos de um, ora com trechos solos de outro. Ao passo que Blackmore, através de sua guitarra, foi melódico e marcante, o que não surpreende ninguém.
“What ‘s Goin On Here” está no grupo das três canções do álbum as quais nunca foram executas em turnês do Deep Purple.Mas, ela não deixa de ser uma excelente música com o diferencial dos arranjos e solos de piano de Jon Lord, que a tornaram singular entre as oito faixas.
“Mistreated”
Chegou à hora então de falarmos do eterno clássico “Mistreated”.
Eis aqui um Blues/Hard Rock no qual David Coverdale carimbou sua marca registrada, deixando a respiração ofegante aparente em sua interpretação vocal. Ritchie Blackmore criou riffs e solos antológicos nessa canção, a qual não ficou sendo apenas patrimônio do Deep Purple, pois o Rainbow, banda de Blackmore, a executava na voz de Ronnie James Dio, e o Whitesnake, também a tocou por muito tempo em seus shows. Além disso, o próprio Dio a colocou nos set lists de seus shows em sua carreira solo por muitos anos.
A passagem de Coverdale e Hughes no Deep Purple durou pouco mais que dois anos e eles gravaram três álbuns, além do “Burn”, também lançaram “Stormbringer”, em 1974, e “Come Taste The Band”, em 1975, porém esse instantâneo período que estiveram na banda deixou um legado imensurável.
Como resultado, o conjunto perfeito das duas vozes, os lindos solos protagonizados por Blackmore e Lord e a bateria inconfundível do canhoto Ian Paice jamais saem da mente de quem os experimentou. O álbum se encerra com a instrumental “’A’200”, que mistura características progressivas e sintetizadas a sonoridade presente no disco.
Nota: 9,5
Clique no link abaixo, a fim de ouvir o álbum “Burn” na íntegra:
Integrantes:
- David Coverdale (vocal)
- Glenn Hughes (baixo e vocal)
- Ritchie Blackmore (guitarra)
- Jon Lord (teclado e piano)
- Ian Paice (bateria)
Faixas:
- Burn
- Might Just Take Your Life
- Lay Down, Stay Down
- Sail Away
- You Fool No One
- What’s Is Going On Here
- Mistreated
- ‘A’200
Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz
Excelente texto. Burn segue sendo o meu preferido. Assisti o lançamento em 1974. Tinha 15 anos.