No final de 2019, tive o prazer de analisar o incrível “Angel Of Light”, quinto álbum da banda britânica de Heavy Metal, Angel Witch.
A mais recente obra prima nascida da alma criativa do menosprezado e injustiçado gênio, Kevin Heybourne, me proporcionou viajar com a mente a lugares imagináveis que só o Metal pode alcançar. A viagem de hoje é ainda mais distante e prazerosa. Retornaremos a 1980, a fim de analisar o primeiro full lenght, homônimo, do então trio formado por:
Kevin Heybourne, Dave Hogg, assim como Kevin “Skids” Riddles.
EP “Sweet Danger”
Posteriormente ao lançamento do EP “Sweet Danger”, que continha três faixas, “Sweet Danger”, “Hades Paradise” e “Flight Nineteen”, vinha ao mundo o álbum completo de estreia, simplesmente, chamado “Angel Witch”, que foi lançado pelo selo Bronze Records (Uriah Heep, Motörhead, Girlschool).
NWOBHM (New Wave Of Brithish Heavy Metal)
O movimento musical NWOBHM (New Wave Of Brithish Heavy Metal) estava em alta, influenciando, igualmente, bandas de fora do Reino Unido. Ou seja, Iron Maiden, Saxon, Diamond Head, Def Leppard, Quartz, entre outras, estavam surgindo e mostrando a sua cara na terra da Rainha Elizabeth. Além disso, nomes mais antigos como Black Sabbath, Judas Priest, Motörhead e os alemães do Accept aproveitaram a carona e surfaram nessa nova onda do Heavy tradicional.
Angel Witch
A translação inicial completa do cometa Angel Witch inicia, em primeiro lugar, com a canção que leva o nome da banda. A suave e envolvente voz de Kevin Haybourne leva o ouvinte ao êxtase logo que a mesma entoa a primeira estrofe e refrão.
“Ninguém mais pode te ver da mesma maneira que eu (vejo) / Voe alto e toque o céu, você é o anjo que adoro / Se ao menos você pudesse sentir por mim o que eu sinto por você / Por que você me ignora, anjo, por que não posso ir com você / Você é um anjo da bruxa, você é um anjo de bruxa.”
“Atlantis”
“Atlantis”, em seguida, é a odisseia de Heavy Metal com riffs mágicos e a voz de Haybourne explorando mais os tons agudos em certos momentos.
“Esta caindo, esta caindo / O sino final está tocando / O mundo está no seu fim / Para esperar que Atlantis se levante / Atlantis vai surgir, Atlantis vai surgir.”
“White Witch”
A minha favorita do disco chega agora. “White Witch” é mais do que perfeita, pois ela é aquele tipo de canção que eu deixaria no eterno repeat, é um tutorial de como Heavy Metal deve ser feito. O timbre de baixo de Kevin Riddles não é dessa galáxia, enquanto que a voz de Kevin me faz sentir como se eu tivesse tocando as vestes dos espíritos mais elevados e poderosos de todos os universos.
“Ela morreu esta manhã com os feitiços dos mortos / A morte seguiu seu próprio caminho e venceu / Agora ela pode descansar em paz e dormir dentro de seu túmulo / Ela não pode ser mais prejudicada / Queime a bruxa branca / Queime a bruxa branca.”
“Confused” traz a marca registrada da sonoridade que o Angel Witch produziu durantes todos esses anos, assim sendo, um Heavy Metal clean, melodioso e que não deixa de soar pesado um único instante.
Certas vezes questiono a mim mesmo, “como é que o Angel Witch com toda essa capacidade musical não chegou aos mesmos patamares de Iron Maiden, Saxon, Judas Priest e Accept?”
Heybourne
A única resposta lógica que encontro foi o problema posterior com a voz de Heybourne que fez com que Dave Tattum assumisse os vocais nos álbuns “Screamin’N’Bleeding” e “Frontal Assault”, nos quais Kevin foi somente guitarrista, se recuperando posteriormente e reassumindo o seu posto.
“Sorceres”
Ao mesmo tempo pesada e cadenciada, a balada “Sorceres” encerra o lado A com chaves douradas. Os três músicos dão shows de interpretação em seus respectivos instrumentos.
“Você caminha pela encosta da montanha / Poderes misteriosos vão passando (por você) / Uma tempestade está se aproximando / Uma brisa quente e suave sopra através das árvores / Você está morto!”
O lado B abre com “Gorgon”, canção que introduz com guitarra e baixo a conduzindo suavemente. Contudo, seu ritmo acelera e a pegada Heavy volta a distribuir as cartas do jogo. O baixo de Riddles ganha mais destaque a cada música por seu timbre brilhante, assim como por sua execução repleta de feeling e técnica. “Sweet Danger”, a qual foi o primeiro single do Angel Witch e também batizou o EP, tem certa veia 70’s, inclusive sinto influência de Sweet, banda britânica de Glam Rock que teve relevância na década anterior. Escolheram uma fonte abundante para beber, já que Sweet é adorável.
A balada “Free Man” é capaz de aquecer até os corações mais frios, pois qualquer um que se envolva completamente com ela pode ir as lágrimas. Ela me remeteu as baladas do Scorpions no álbum “In Trance”. Sensação indescritível.
Agora é a vez de “Angel Of Death”, última canção com vocal do álbum, que, obviamente, não é a do Slayer. Dave Hogg destaca a sua bateria com uma levada toda repicada e criativa, que parece fora do contexto, mas ao mesmo tempo se encaixa com perfeição. A letra é sombria e é outra marca registrada da banda.
“Anjo da Morte / Um espírito maligno sem rosto que assombra / Procurando pela alma que ele deve levar / Corcel branco, ele cavalga pelos reinos do desconhecido / Ele é apenas um mensageiro do inferno / Explorando os oceanos em busca de vítimas para provocar / Procurando por aqueles que ousam ressuscitá-lo do túmulo / Anjo da Morte.”
O tema instrumental “Devil’s Tower” encerra, enfim, um dos mais impressionantes registros da história da música pesada. Haybourne e Riddles conduzem a melodia em dueto, a qual soa como um adeus do fim da primeira translação completa desse cometa chamado Angel Witch.
Se você, por acaso, ainda não embarcou nesse maravilhoso universo paralelo chamado Angel Witch, a hora é sempre agora.
Não há possibilidade alguma de permanecer indiferente durante o deleite que tal audição proporciona ao seu abençoado viajante.
Nota: 9,5
Integrantes:
- Kevin Heybourne (vocal e guitarra)
- Dave Hogg (bateria)
- Kevin “Skids” Riddles (baixo, teclado e vocal)
Faixas:
- Angel Witch
- Atlantis
- White Witch
- Confused
- Sorceres
- Gorgon
- Sweet Danger
- Free Man
- Angel Of Death
- Devil’s Tower
Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz
