CBS
Neste quadro iremos destacar discos que são excepcionais em qualidade musical, porém, não obtiveram o reconhecimento que mereciam. Muitos deles são absolutamente desconhecidos do grande público e, é neste espaço, que tentaremos corrigir algumas injustiças históricas que aconteceram no universo do Heavy Metal.
Muitos nunca sequer ouviram falar dos estadunidenses do Riot, outros ouviram uma música aqui e outra ali, mas pouquíssimos são os que realmente conhecem a obra completa desta banda tão fantástica. Em meio a tantos trabalhos de qualidade acima da média, um deles se destaca em absoluto: “Thundersteel”, de 1988. Sem medo de estar falando uma tremenda besteira, digo a vocês com total certeza e conhecimento de causa, “Thundersteel” se equipara em qualidade, criatividade e construção, com grandes clássicos ovacionados como “Powerslave” (Iron Maiden), “Painkiller” (Judas Priest) e “Restless And Wild” (Accept), entre outros de mesma estirpe.
Você ao ler isso pode pensar que é um mero exagero deste que vos escreve, pode achar que é uma supervalorização de obra feita por um fã ou, até mesmo, achar que devo estar sofrendo de delírios e devaneios oriundos de alguma enfermidade. Mas não! O sexto registro de estúdio do Riot é tão espetacular quanto poderia ser e qualquer elogio não seria capaz de traduzir em palavras o poderio de fogo apresentado no álbum.
O Riot tem uma carreira bastante peculiar desde seu início e, através dos anos, sofreu com diversas tragédias e acontecimentos fatídicos, mas nunca deixou de se reinventar e seguir em frente. Nesta altura do campeonato, o Riot já havia experimentado bastante em sua sonoridade, desde o debut “Rock City”, com uma vibe Hard and Heavy setentista, passando por petardos Heavy como “Fire Down Under” e explorando novos horizontes no subestimado “Born In America”, a banda sempre demonstrou muitas qualidades. Nestes tempos, também já tinham sofrido com perdas importantes no line-up, como a do vocalista Guy Speranza, mas nada que fosse capaz de frear o imparável líder e guitarrista Mark Reale.
Em 1988, a banda nos apresentava uma versão de si mesma que era mais porrada e cascuda que as anteriores. “Thundersteel” é um disco que mescla a rapidez do Speed Metal com a solidez do Heavy tradicional e as melodias estonteantes do Power. Se comparado a seus registros anteriores, é de longe o mais veloz e pesado, e estas características se encaixaram com perfeição às características dos próprios integrantes da época. Tony Moore canta de forma sublime e nos entrega uma performance quase inigualável, os guitarras de Mark são um show de riffs, linhas e solos viscerais, Don Van Stavern tritura seu baixo de maneira descomunal e os dois bateristas que gravaram o disco, Bobby Jarzombek e Mark Edwards, alternam momentos de brilhantismo.
É inaceitável que um trabalho que contenha verdadeiros hinos do porte de “Fight Or Fall”, “Flight Of The Warrior”, “Bloodstreets” e a faixa título “Thundersteel”, só pra mencionar algumas, não tenha vendido milhões de cópias e não seja colocado no panteão de obras imortais do gênero. Eram épocas difíceis, as gravadoras escolhiam quem seria o próximo Iron Maiden ou o próximo Metallica e, infelizmente, o Riot era uma banda subestimada para os engravatados donos do dinheiro. O álbum até conseguiu chamar certa atenção na época, mas nada que pudesse de fato alavancar o grupo e fazê-los alçar voos mais altos, uma pena…
Bom, se você não conhece está obra de arte, não perca mais tempo e ouça sem moderação. Se já conhece, sabe muito bem do que estou falando. Se quiser nos mandar sugestões de álbuns para figurar neste quadro, deixe o seu comentário e faça seu pedido. Desejo a todos uma boa audição!
Ouça o álbum na íntegra:
Integrantes:
Tony Moore (vocal)
Mark Reale [R.I.P. 2012] (guitarra)
Don Van Stavern (baixo)
Bobby Jarzombek (bateria nas faixas 1, 4, 6, 8, 9)
Mark Edwards (bateria nas faixas 2, 3, 5, 7)
Faixas:
- Thundersteel
- Fight or Fall
- Sign of the Crimson Storm
- Flight of the Warrior
- On Wings of Eagles
- Johnny’s Back
- Bloodstreets
- Run for Your Life
- Buried Alive (Tell Tale Heart)