Às vezes, conseguir entrar em uma banda de renome pode significar a consagração pessoal para o músico. Mas em algumas ocasiões, pode gerar muitas dores de cabeça também.
Existem integrantes que são tão diferenciados e possuem um estilo tão próprio que substituí-los não é uma tarefa das mais fáceis.
Quando o baterista Paul Bostaph precisou entrar no Slayer, ele percebeu que não seria uma tarefa das mais fáceis. Tudo por que Dave Lombardo sempre foi um músico muito técnico, com feeling e DNA muito próprio, seu estilo é quase inimitável. Mas Bostaph precisou se virar por que a máquina de guerra do Slayer não podia parar.
Em uma nova entrevista concedida a Niclas Müller-Hansen do RockSverige, Bostaph respondeu uma pergunta sobre quais as dificuldades que ele encontrou musicalmente e qual composição lhe causou mais dores de cabeça. Ele disse:
“Muitas delas. Não vou dizer que sentei e comecei a tocar, tipo, ‘ah, eu sei tocar essas coisas’. Literalmente, eu tive que dissecar o Dave Lombardo tocando, porque para mim, eu sabia que quando recebi a ligação para a audição, se eu chegasse lá e não conseguisse tocar as músicas do jeito que elas deveriam soar, eu não conseguiria o emprego. Não importa o quão bom baterista você seja. Você tem que dar à banda o que eles querem, e eu sou totalmente a favor disso. Levou muito tempo e eu dediquei muito tempo a isso. Eu tinha dez dias e durante esses dez dias eu andava por aí com fones de ouvido e era tudo o que eu ouvia. Eu tinha um Sony Walkman com uma fita cassete e para cada música que eu tinha que aprender eu tinha a versão ao vivo gravada duas vezes e eu tinha a versão de estúdio gravada duas vezes e era tudo o que eu ouvia o dia todo e eu retrocedia e avançava e retrocedia e avançava rapidamente. Algumas delas eram mais fáceis porque a estrutura da música era mais fácil, mas não era brincadeira. Os preenchimentos de bateria do Dave não são besteira. Esse é o estilo dele e eu estava fazendo minhas próprias coisas e nunca tentei copiar… Eu toquei covers com as pessoas por diversão, mas nunca, tipo, ‘ok, você vai ter essa oportunidade de tocar com essa banda com um dos bateristas mais icônicos do Heavy Metal e, a propósito, você provavelmente deveria tocar os preenchimentos de bateria dele como ele faz…’ Eu os toco do jeito que eu os toco, o mais próximo possível do jeito que ele os toca, mas há apenas um Dave Lombardo no mundo. Há apenas um Dave Lombardo e há apenas um de mim e há apenas um de todos os outros, o que é uma coisa boa.
Cara, se eu tivesse que dizer qual foi a música mais difícil, nossa, cara, essa é uma pergunta muito boa, porque houve tantas delas que me deram um certo esforço para acertar. ‘Silent Scream’ não foi fácil. Essa foi ótima. Eu queria tocar essa, mas eles nem sequer mencionaram. Um dia eu disse, ‘podemos tocar ‘Silent Scream’?’ e eles disseram, ‘uau, não pensamos nessa’. Essa foi porque há um contrabaixo rápido. Fui influenciado por essa música para a música ‘Infinite’ do Forbidden. Ouvi Dave tocando contrabaixo e pensei, ‘quero fazer uma música assim’.”