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Sepultura: “eu acho que muitas músicas ganharam vida nessas regravações. No disco original, elas estavam enterradas com um som de merda”, diz Max

As regravações dos primeiros discos do Sepultura feitas pelos irmãos Max e Iggor Cavalera tem gerado muito debate. Os fãs parecem ter adorado, mas o atual guitarrista e líder da banda, Andreas Kisser, tem feito críticas sempre que é questionado sobre o assunto.

   

Em entrevistas recentes, Andreas se referiu as regravações de “Morbid Visions”, “Bestial Devastation” e, principalmente, “Schizophrenia”, como “desnecessárias”, “valor artístico zero” e até mesmo “desrespeitosas”.

Reprodução/Facebook

No entanto, não é este o pensamento de Max Cavalera. Para o fundador do Sepultura, estes três discos tem gravações inadequadas. Na época, a banda não tinha dinheiro, produtor e gravou em estúdios despreparados para uma produção desse porte.

Em uma nova entrevista concedida a Iain McCallum, Max não respondeu Andreas Kisser diretamente, mas respondeu sobre os motivos que fizeram ele e Iggor revisitar tais obras. A resposta é bastante interessante, confira:

“Esses são os discos que sentimos que precisavam disso, para mostrar o som adequadamente. Acho que são ótimas músicas e são ótimos discos, mas são muito mal gravados por causa da situação em que estávamos, nos estúdios brasileiros sem dinheiro e sem produtores. E o melhor que conseguimos fazer foi isso naquela época. Mas acho que nossa própria visão original para esses álbuns e músicas é diferente do que saiu. Então tivemos a chance, anos depois, de voltar ao estúdio e refazê-los com um ótimo som de guitarra, com um ótimo som de bateria, com um produtor profissional de verdade, mas mantendo toda a agressividade. E ainda é sujo, agressivo, irritado e bravo. E o cerne da coisa está intacto. Então acho que essa foi a coisa mais legal sobre essas regravações, foi realmente como voltar no tempo, pegar algo que foi feito há 40 anos, fazê-los soar relevantes agora, e ainda tem o mesmo espírito do original.

E acho que essa foi a principal missão desta gravação, era fazer isso. E eu acho que nós conseguimos. Eu acho que muitos fãs amam as regravações. Eu mesmo, como músico, eu amo porque eu acho que muitas músicas ganharam vida nessas regravações. No disco original, elas estavam enterradas com um som de merda. E quando você as ouve nas regravações, coisas como ‘Mayhem’ e praticamente todo o ‘Schizophrenia’, ‘From The Past Comes The Storms’ e ‘To The Wall’ e ‘Septic Schizo’, elas são músicas incríveis, cara. É difícil acreditar que eu as escrevi quando eu tinha 15, 16 anos. Isso é incrível por si só, porque elas são músicas loucas.

Reprodução/Facebook

Mas sim, nós tivemos a chance, eu e Igor, de fazer isso. E então nós conseguimos envolver uma nova geração de músicos, como meu filho Igor Amadeus no baixo e Travis na guitarra principal. Eles vêm com o sangue novo do Metal que tem sido feito agora no underground. Então isso é legal, o choque de gerações e a chance de refazer algo que você fez há muito tempo e com o qual não estava totalmente satisfeito. Poucos músicos têm a chance de fazer isso. Então eu tive a bênção de poder fazer isso e nós levamos isso muito a sério, no entanto.”

Max ainda disse que chegou a ter o ímpeto de mudar algumas músicas, mas conseguiu se segurar e, no final das contas, apresentou o resultado que realmente queria:

   

“A parte difícil foi… Acho que há uma coisa humana sobre mudar as coisas. Você quer mudar, certo? Então você tem os originais. Então há a tentação de mudar as músicas. E eu tive que resistir a essa tentação. Eu disse ao Igor, ‘Não precisamos mudar as músicas. Elas são ótimas pra caramba. Não há nada de errado. Elas só precisam ser tocadas melhor e soar melhor’. Então eu acho que resistimos à tentação de mexer e mudá-las, de modernizá-las. Elas não precisam ser modernizadas. Elas são boas como eram. Nós apenas as tocamos melhor, as executamos melhor, as gravamos melhor com a mesma atitude e energia agressiva. Então foi muito divertido.”

   

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