Poucas bandas conseguem se manter unidas com uma mesma formação durante muito tempo. O Rush é um ponto fora da curva e conseguiu manter seu alicerce por cerca de 40 anos.
Se o baterista Neil Peart ainda estivesse vivo, é bem provável que ainda veríamos o power trio canadense fazendo aparições esporádicas. Não estamos falando de turnês ou novos álbuns de estúdio, mas se apresentar em algum grande evento por uma boa causa. Tivemos o Fire Aid recentemente, imagine…
Infelizmente, nem sempre as coisas saem do jeito que queremos ou planejamos, mas gostamos de fortalecer a ideia que o legado de uma banda como o Rush é imortal.
Sendo assim, é muito bom que o baixista/vocalista Geddy Lee ou o guitarrista Alex Lifeson falem sobre este legado. Em uma nova entrevista concedida ao canal AXS TV, foi Geddy Lee que conversou sobre diversos aspectos da carreira do Rush.
Reprodução/Facebook
Um momento bastante comovente foi quando o músico falou sobre a amizade sempre existente entre os músicos. Ao ser questionado sobre o segredo de ter permanecido 40 anos juntos e ter a fama de possuir a base de fãs mais fiel do Rock, Geddy Lee disse o seguinte segundo transcrição feita pelo site Mundo Metal:
“Eu acho que fui abençoado por conhecer duas pessoas que no fundo eram pessoas atenciosas, e desde que me lembro, não consigo pensar em uma única crise relacionada a ego que qualquer um dos meus parceiros tenha provocado. Nós somos abençoados com personalidades legais, você sabe que a maldição de ser canadense é ser legal. Nós sempre pedimos desculpas, então eu acho que isso ajudou muito, francamente. Porque somos três, e dois contra um não é justo, então nós nunca nos unimos um contra o outro. Quando dois de nós se unem contra o outro, mesmo que seja em algo relacionado a humor, sempre nos sentimos um pouco culpados depois.
No fundo disso, nós compartilhamos uma amizade sólida desde o início. Nós tivemos algumas discussões, por exemplo, quando alguém tinha escrito uma música, digamos que eu e Alex, dois dos três membros tinham escrito uma música e nós tínhamos que dividir a música para créditos de publicação e coisas assim. E nós tínhamos que ter essas conversas sobre, ‘bem, você escreveu aquela parte, eu escrevi essa parte’, e parecia idiota, então, tomamos uma decisão bem cedo. Foi algo como, ‘olha, nós três estamos trabalhando nessas músicas igualmente, se o início da ideia veio para um ou dois, quem se importa? Elas são um produto de nós três, então vamos concordar agora que vamos dividir tudo, um terço para cada, e nunca mais teremos que falar sobre isso’. E nós dissemos, ‘concordamos’, e então nunca mais tivemos que ter essa discussão. E eu acho que isso foi um grande peso tirado de nossos ombros. Nos permitiu focar somente na música e não nos preocupar com essas outras coisas.
Photo: Fin Costello/Getty Images
Agora, ao logo do caminho houve momentos difíceis, eu não vou dizer que sempre foi ensolarado e alegre. Antes de fazermos nosso álbum ‘2112’, nosso álbum ‘Caress Of Steel’ não estava indo bem e o apoio que recebíamos para as turnês estava secando. A gravadora chegou a pensar que talvez estivesse fazendo um mau investimento, eles pensaram, ‘esses caras estão ficando muito estranhos’, e nós estávamos meio que enfrentando isso. Você sabe, nós talvez teremos mais um disco com eles e veremos o que acontece depois disso.
Foi difícil, mas não perdemos nosso senso de humor mesmo com tudo isso, e voltamos fazendo o álbum ‘2112’, que acabou sendo um disco inovador para nós. Então, meio que nos ajudou a nos fortalecer de certa forma e nos ajudou a nos mantermos juntos. Acho que a coisa da amizade não é uma parte pequena disso.”