É fato que alguns países tornaram-se referências quando o assunto é Heavy Metal.
Em alguns casos, algumas bandas conseguem chamar a atenção não apenas por sua música de qualidade, mas principalmente por seu país de origem, cuja tradição é a de revelar grandes nomes dos mais variados gêneros. Alemanha, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Finlândia, Noruega fazem parte da lista de países denominados “berços”, quando estes revelam novos nomes.
Porém, na maioria das vezes, os grupos que despontam e ganham notoriedade usam o inglês (idioma) como linguagem principal, caso queiram explorar outras fronteiras e atingir o maior número possível de ouvintes e admiradores de sua arte.
Isso é regra? Não, definitivamente não é! No entanto, está claro que são poucos os grupos que conseguiram um lugar mais alto no pódio cantando em sua língua mãe, principalmente se o estilo escolhido for o Heavy Metal. Por inúmeros motivos, as bandas se abstêm de seu idioma e passam a usar o inglês como conexão direta com seus fãs e claro, visando o sucesso.
Como exceção é algo que se aplica a tudo e a todos, na música não poderia ser diferente e “regras” foram quebradas. Nadando contra a maré e conseguindo se firmar em sua proposta e principalmente, sendo fiéis à sua sonoridade e aos seus fãs, alguns desses grupos foram, ou ainda são, grandes nomes dentro de seu país de origem. Em alguns casos, a banda consegue ser grande também em outros países.
Algumas delas carregam consigo status de mainstream, lotando arenas, vendendo milhares de discos e principalmente, sendo muito bem reconhecidos por seus fãs devotos.
Para falar um pouco sobre estas bandas e suas trajetórias, mergulhamos no mundo do RUIDOS & SONIDOS. De lá, trouxemos discos (ainda) desconhecidos por muitos, mas que a partir de agora podem ser conferidos através de nossas dicas e recomendações.
Em nosso 6º capítulo, falemos de DÉBLER, quinteto madrilenho formado em 2006, praticantes do chamado Melodic Power Metal e que contam com três excelentes trabalhos, sendo “Adictium” seu mais recente full lenght lançado em novembro de 2019, figurando na lista dos 12 disco mais vendidos da Espanha.

Formado em 2006, o grupo deu os primeiros passos com “Alcanzando Mi Destino”, demo tape lançada em 2008, contendo quatro faixas, baseadas no romance de Oscar Wilde, “The Portrait Of Dorian Gray”.
O segundo trabalho, “Último Deseo”, foi lançado em junho de 2011, um EP contendo sete músicas.
Bem recepcionados, os trabalhos obtiveram bons resultados, recebendo elogios da mídia especializada, bem como resenhas positivas que enalteceram o estilo musical da banda, apontando principalmente a ideia dos discos conceituais baseados em torno de filmes ou romances, característica que definiria o grupo em seus trabalhos seguintes.
Em abril de 2015, o quinteto lança enfim seu álbum oficial de estreia, o excelente “Noctem Diaboli”.
Contendo dez canções, o disco traz referências ao filme “The Crow” (O Corvo), estrelado por Brandon Lee.
As referências ao longa estão latentes na capa, na parte gráfica e em “Renacer Del Alma”, primeiro videoclipe da banda, cujo enredo é baseado na história mostrada no filme.
Para este trabalho, o grupo preparou um encarte contendo 24 ilustrações originais a partir do filme. Mais uma vez, o disco obtém o reconhecimento da mídia especializada que derrama elogios para o trabalho do quinteto, rendendo ao grupo prêmios de Grupo Revelação, Melhor Cantor Masculino e Melhor Videoclipe.
A banda embarca numa turnê onde realiza shows em algumas cidades importantes da Espanha ao lado dos compatriotas do Celta Cortos e Mägo de Oz.
*Dois outros videoclipes foram retirados do disco. São eles: “El Ritual de La Llamas” e “Duelo Hasta Morrir”.
Em setembro de 2016, o grupo dá início às gravações de “Somnia”, segundo disco, lançado em 31 de março de 2017. Baseado na história do diabólico barbeiro Sweeney Todd (O Barbeiro de Sevilha), inspirado no filme de Tim Burton.
Contando com a produção de Txus Di Felaltio (Mägo de Oz) e Alberto Seara (Sôber, Mägo de Oz) como engenheiro de som, o disco traz alguns convidados de peso participando em algumas faixas. São eles: Zeta, Patricia Tapia, Javi Díez e Diego Palacio (Mägo de Oz), além da vocalista Ailyn (ex Sirenia) e Alberto Rionda (Avalanch).
Bem recebido, o álbum foi precedido pelo single “Sentecia Final”, faixa que ganhou videoclipe e assim como o disco, tem seu enredo inspirado no filme de Tim Burton.
A qualidade sonora e visual de “Sentencial Final” garantiu números expressivos de visualizações ao ultrapassar a marca dos 10 mil acessos em menos de 24 horas. Ainda em 2017, o disco atinge o top 8 em vendagens, o top 2 na lista de Hard Rock e a 49a posição da lista geral de discos mais vendidos na Espanha.
Sobre o videoclipe: De fato um trabalho excepcional, trazendo um roteiro excelente além de uma edição de imagem impressionante.
Após o lançamento do novo full lenght, eles embarcaram numa turnê que durou dois longos anos com apresentações em países como Venezuela, Portugal, México, Espanha, etc. A banda também participou de diversos festivais, dentre eles: Leyendas Del Rock, Asgard Fest, Barcia Metal Fest, Rock Fest, The Last Chance, etc, dividindo o palco ap lado de nomes como: Wolfheart, Kataklysm, Brainstorm, Elvenking, Tarantula, Almanac, Epica, Sonata Arctica, Rhapsody Of Fire, Mägo de Oz, Tygers Of Pan Tang e outros.
Em março deste ano, o grupo integrou o cast do Zamora Live Rock Fest, ao lado de nomes como Grave Digger, Legion Of The Damned, Moonspell, Beast In Black, Leo Jiménez, Avalach, Amorphis, Tarja, e outros.
Ainda em 2017 (janeiro), foi assinado contrato com a Calle Underground, gravadora que entre outros artistas, traz em seu cast nomes como Warcry, Leo Jiménez, Saratoga, Celta Cortos, Mägo de Oz, entre outros.
Após o merecido sucesso de “Somnia”, era hora de pensar em um novo trabalho e ele viria em novembro de 2019, porém antes de seu lançamento o grupo optou por lançar singles que o precederam.
O primeiro single, “El poema de La Lluvia Triste” , foi lançado em bril de 2018 e traz o quinteto executando sua versão para a canção que originalmente gravada pelo Mägo de Oz, seguido de “Polvo de Estrellas” (junho de 2019), “Recto Hasta el Amanecer” e “Adictium”, estes editados em 02 e 16 de setembro respectivamente.
Com exceção de “El Poema de La Lluvia Triste”, os demais singles ganharam videoclipes.
Agora sim, novembro de 2019 e o quinteto edita “Adictium”, terceiro álbum da carreira.
O disco traz uma adaptação da banda para o clássico Peter Pan, conto e obra do escritor inglês J. M. Barrie, publicado pela primeira vez em 1904 como peça de teatro e em 1911 como romance.
A recepção ao novo trabalho rendeu ao Débler a 12a posição dos álbuns mais vendidos no referido ano, elevando seu nome e firmando-os em definitivo como um grupo de sucesso relevante da Espanha.
Em março deste ano, o grupo teve uma baixa importante em seu line up. O tecladista e violinista Daniel Fuentes deixa a banda após longos anos. Rapidamente o grupo emitiu um comunicado esclarecendo que tudo estava bem entre eles e que a saída do músico aconteceu de forma pacífica. No comunicado, os músicos enaltecem todo o trabalho ao lado de Daniel, deixando claro que a amizade entre banda e o agora ex-integrante permanece intacta. Daniel, ainda contribuiria nos shows marcados e também com algumas composições.

Uma nova integrante foi adicionada. A escolhida foi Sara Ember, violinista com larga experiência na carreira e dona de um currículo invejável que retrata sua passagem pela Real Orquestra Filarmónica da Galiza e integrou o grupo Last Days of Eden, com quem gravou três álbuns. Sara, também gravou violinos para inúmeros artistas, músicas para rádios e atuou na TV. Em 2021, ganhou o prêmio AMAS por sua trajetória profissional como violinista e atualmente combina performances musicais com ensino.
Recentemente, Sara Ember participou como convidada no novo trabalho do Rage, “Resurrection Day”, lançado em setembro deste ano. Sua participação acontece na música “Memento Vitae (Overture)”, faixa instrumental que abre o novo CD dos alemães.

Infelizmente, os problemas causados por conta da pandemia da Covid-19 obrigaram as bandas a cancelarem e/ou adiarem seus shows, fato ocorrido também com o Débler, já que a banda foi obrigada a cancelar seus shows nos anos de 2020 e também em 2021. No entanto, o grupo planeja seu retorno aos palcos e se tudo der certo isto acontecerá em 2022, prometendo realizar grandes shows para seus fãs.
A banda promete que o sucessor de “Adictium” será gravado ainda este ano e que um novo videoclipe será lançado logo mais. Em seu grito de guerra, eles dizem: “Nada pode nos parar”.
*Apesar de caracterizados como uma banda de Power Metal ou Melodic Power Metal, o quinteto apresenta em sua sonoridade elementos que trazem conotações com o Symphonic Metal e também com o Folk Metal.
Seus álbuns giram em torno de obras literárias, o que os torna trabalhos relevantes já que alguns de seus clipes enaltecem outra arte importante e aparentemente uma paixão da banda. O cinema.
*Se não curte os estilos supracitados, então passe longe do Débler.
Em sua melodias, são claras e evidentes as influências e referências de grupos do chamado Celtic Rock/Celtic Metal, trazendo também referências a nomes como Skyclad, Elvenking, Finntroll, Haggard, Stravaganza, Celtian, Saratoga, Dark Moor (fase atual),Tridanna, Tuatha de Danann, Mägo de Oz, entre outros.
N do R: Há quem diga que o Heavy Metal precisa ser cantado em inglês e que em outro idioma, o mesmo não faz sentido ou perde sua força. Particularmente discordo!
O que deve ser levado em conta em uma música é sua melodia. Se ela te conquista, então não importa se o idioma é inglês, português, japonês, chinês, grego, sumeriano, basco, ainu, mandarim, etc. Definir ou pré-definir um idioma especifico para a música é de uma ignorância tamanha, visto artistas que lançam obras absurdamente lindas, muitas vezes instrumentais e totalmente ausente de idiomas e/ou vocais.
A boa música se desprende de idiomas uma vez que trata-se de uma obra, e quando está é bem executada, então o que de fato importa é o resultado final.