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Resenha: Visions Of Atlantis – “Pirates” (2022)

Na estrada desde 2000, os austríacos do Visions Of Atlantis lançaram, em maio deste ano, “Pirates”, oitavo álbum de inéditas e certamente mais um disco que tem grandes chances de figurar na lista de melhores do ano na categoria Symphonic Power Metal, já que trata-se de um trabalho interessante, diga-se de passagem, com uma temática que caiu feito luva na sonoridade do quinteto.

   

Muito dessa fase áurea da banda deve-se ao line up firmado principalmente com os vocais femininos, quando a cantora francesa Clémentine Delauney (ex-Whyzdom, ex-Serenity, Exit Eden) assumiu as vozes principais em 2013, após a saída de Maxi Nil (Jaded Star, She, Her & Darkness).

Clementine estreou em 2016 quando a banda lançou o EP “Old Routes, New Waters”, em abril do referido ano, e, oficialmente, no álbum “The Deep and The Dark”, lançado em fevereiro de 2018.

Seguindo o exemplo de nomes como Xandria, Edenbridge, Serenity, Within Temptation, Sirenia, etc, o grupo moldou sua música e apesar de carregar o rótulo de “Symphonic” e referências ao que fazem os finlandeses do Nightwish, referências estas que devem ser feitas apenas ao instrumental, já que os vocais de Clementine em nada se assemelham aos de Tarja Turunen e Floor Jansen, o quinteto austríaco conseguiu formar sua identidade musical e não é nenhum exagero dizer que, atualmente, figuram na lista das poucas bandas do estilo que ainda conseguem chamar a atenção.

Um fator importante na musicalidade dos austríacos é que a banda não se preocupa em copiar aqueles vocais líricos a la Tarja Turunen e que virou referência para nove entre dez vocalistas do estilo.

   

A grande sacada está justamente ai, já que alguns grupos fazem questão de manter o lírico em sua sonoridade, no entanto há casos que somos torturados por vocalistas tão ruins que ao ouví-las não conseguimos definir se tais harmonias vêm de um pernilongo com dor nas amígdalas, ou de um violino quebrado e desafinado ao mesmo tempo.

Tal exemplo serve pra própria banda já que em “Eternal Endless Infinity”, disco de estreia lançado em 2001, os vocais de Nicole Bogner não ofereciam um bom timbre, carecendo de uma boa dose amadurecimento, que veio posteriormente em “Cast Away” lançado em 2004. Aqui é possível notar uma transição na voz de Nicole, que infelizmente deixava o posto de vocalista após dois discos de estúdio. Nicole viria a falecer em janeiro de 2012.

Os trabalhos seguintes trouxeram, além do amadurecimento musical, trocas constantes de integrantes, principalmente nos vocais. Acredito que em seus vinte e dois anos de existência, a banda tenha trocado mais de integrantes do que eu troquei de roupas.

Este talvez tenha sido um dos motivos para que o grupo não decolasse e não atingisse outros patamares, já que, apesar das constantes trocas seus discos, sempre apresentaram bons conteúdos líricos. Da formação original sobrou apenas o baterista Thomas Caser.

Finalmente, as coisas começaram a dar certo e tudo indica que Clementine caiu não apenas como como luva na sonoridade do Visions Of Atlantis, bem como os músicos parecem ter colocado um ponto final nesta lacuna.

   

Acelerando o tempo e de volta a “Pirates”: Contendo 12 faixas inéditas calcadas no Symphonic/Melodic Power Metal, o disco é uma boa pedida aos apreciadores do estilo supra citado, bem como aqueles que acompanham a carreira do quinteto, atualmente, formado por Clémentine Delauney (vocais), Michele Guaitoli (vocais masculinos), Christian Douscha (guitarras), Herbet Glos (baixo) e Thomas Caser (bateria).

VISIONS OF ATLANTIS / Divulgação / Facebook

Transitando entre o Symphonic Power e o Power Metal propriamente dito, “Pirates” apresenta excelentes momentos no decorrer de seus 58 minutos e duração, destilando melodias que agradam aos ouvidos, além das orquestrações peculiares na sonoridade do quinteto.

Dito isto, é hora de mergulhar nas harmonias de “Pirates”, disco que pode sim agradar aqueles menos familiarizados com o estilo ou, simplesmente, não enxergam no gênero bandas que lhe apetecem.

A abertura fca por conta de “Pirates Will Return”, faixa que transita entre o Heavy e o Power Metal bem como o Symphonic já que as linhas de vozes de Clémentine soam líricas, remetendo o ouvinte ao ótimo “Cast Away”.

Mudando os ares e apresentando belas linhas de pianos, “Melancholy Angel” segue a linha grudenta e pegajosa, seguida da longa “Master The Hurricane” com seus coros épicos e cheia de orquestrações distribuídas em pouco mais de sete minutos de duração.

   

*Temos aqui dois singles que ganharam dois excelentes videoclipes.

Voltando ao Symphonic Metal, “Clocks” é mais uma faixa simples e direta que executa muito bem seu papel que é manter o disco em seu curso normal (consegue), seguida da bela “Freedom”, canção que traz um clima mais ameno em melodias que flertam claramente com o Folk, destacando os vocais principais de Michele Guaitoli que encontra a voz doce e suave de Clementine, resultando em um belo momento do disco.

Clémentine Delauney / Reprodução / Facebook

As orquestrações de “Legions Of The Sea”, auxiliadas por seus belos coros iniciais cantados em latim, nos remetem aos suecos do Therion nos excelentes “Lemuria” e “Serius B”, ao mesmo tempo em que a ótima “The Deep and The Dark”, faixa do álbum homônimo nos vem à mente. Dona de belas orquestrações e vocalizações, tais melodias nos lembram grupos como Sirenia (fase Ailyn), Xandria (fase Lisa Middelhauve) e Serenity, destacando ainda um belo solo de guitarras conduzido com maestria por Christian Douscha.

Aqui, mais uma faixa contemplada com um belo videoclipe

O encontro entre o Symphonic e o Power Metal aparece em “Wild Elysium”, bela faixa que traz a sonoridade de nomes como Hollow Haze, Eternal Idol, Dark Moor e Dark Element, seguida de “Darkness Inside”, uma das faixas mais belas do disco, bem como a sua aposta no lado Heavy/Power, lembrando o que faz Guaitoli no Temperance.

Com seu inicio mezzo medieval, mezzo folk e trazendo similaridades com “Eversleeping”(Xandria) e “Elán” (Nightwish), “In My World” apresenta em seu início harmonias que nos faz acreditar tratar-se de uma canção nos moldes voz e piano. Estas impressões se desfazem imediatamente ao que Clementine entoa seus vocais, transformando-a em mais um momento Symphonic/Power.

   

Seguindo a linha Power Metal, “Mercy” é mais um bom momento do disco que continua em alta, seguida da suave “Heal The Scars”, esta sim aquela faixa onde as vozes casam perfeitamente com o piano, oferecendo ao ouvinte uma boa dose de doçura e delicadeza, extraída da bela voz de Clémentine Delauney.

O encerramento fica por conta de “I Will Be Gone”, canção que une a Power Ballad ao Heavy Metal, apresentando uma bela construção instrumental fechando com chave de ouro um dos melhores trabalhos do chamado Symphonic Power Metal, bem como um dos melhores discos do estilo lançados neste ano.

VISIONS OF ATLANTIS / Reprodução / Facebook

Trazendo claras influências de Epica, Nightwish, After Forever, Xandria, Serenity, Sirenia e Within Temptation, quando estes lançaram trabalhos excelentes como “Enter” e “Mother Earth”, o Visions Of Atlantis segue lançando discos coerentes e com um belo conteúdo musical.

Se permanecerem, enfim, com a formação estabilizada até o próximo disco, é provável que lancem um trabalho superior ao apresentado em “Pirates” e quem sabe assim consigam se estabelecer na lista de grandes nomes do Metal Sinfônico.

Qualidade e capacidade musical, os austríacos já mostraram (e provaram) que têm de sobra.

   

Recentemente, a banda foi a responsável por abrir os shows da turnê norte-americana dos ingleses do Dragonforce.

Sobre a temática apresentada em seu novo álbum, eles declararam o seguinte:

“Ser pirata para nós é estar plenamente consciente e ter a vida nas mãos, viver e pensar livremente, abraçar a vida como uma aventura com toda a sua luz e escuridão. Com o novo álbum, estamos abrindo uma nova era para o Visions of Atlantis, assumindo totalmente a identidade com a qual flertamos há vários anos – fazendo a música que realmente ressoa com nossas almas.”

“Continuamos nossa jornada nos levando por águas mais escuras e tempestades mais pesadas, onde tudo serve como pano de fundo para uma metáfora sobre crescimento pessoal e espiritual. Se ‘Wanderers’, o álbum anterior, era mais sobre o lado positivo do nosso caminho, ‘Pirates’, definitivamente, nos leva profundamente ao caminho das sombras, onde estamos enfrentando outros tipos de monstros.”

Nota: 9,0

Integrantes:

  • Clémentine Delauney (vocal feminino)
  • Michele Guaitoli (vocal masculino)
  • Christian Douscha (guitarra)
  •    
  • Herbet Glos (baixo)
  • Thomas Caser (bateria)

Faixas:

  1. Pirates Will Return
  2. Melancholy Angel
  3.    
  4. Master The Hurricane
  5. Clocks
  6. Freedom
  7. Legion Of The Seas
  8. Wild Elysium
  9.    
  10. Darkness Inside
  11. In My World
  12. Mercy
  13. Heal The Scars
  14. Will Be Gone
  15.    

Redigido por: Geovani “Bico-de-Papagaio” Vieira

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