A banda norte-americana de Brutal/Technical Death Metal, Suffocation, lançou o álbum “Hymns from the Apocrypha”. Tecnicamente falando, trata-se de uma das bandas mais intensas e competentes ao que a mesma se propõe a entregar. Desde 1988 até 1998, e de 2002 em diante, a banda liderada pelo guitarrista Terrance Hobbs, sabe como satisfazer a quem é adepto da ala extrema da música com técnica e brutalidade sonora.
Você pode facilmente despejar todas as suas fichas no super debut “Effigy of the Forgotten”, de 1991, e também no álbum seguinte, “Breeding the Spawn”, de 1993. Mas, jamais deixaria de lado trabalhos recentes como “Pinnacle of Bedlam”, de 2013, e “…of the Dark Light”, penúltimo trabalho lançado em 2017.
“Hymns From The Apocrypha”, nono álbum do Suffocation, foi lançado via Nuclear Blast no dia 3 de novembro. O álbum marca a sequência recente de discos bem barulhentos da banda. Isso sem contar com as diversas trocas de membros. Terrance Hobbs é o único membro remanescente da formação antiga e guia o Suffocation para o horizonte, com a parceria de seus compatriotas. São eles:
- Ricky Myers (Cinerary, Sarcolytic, Disgorge, Serpents Whisper, ex-Martyred) nos vocais desde 2019;
- Charlie Errigo (The Merciless Concept, ex-Pyrexia, ex-Internal Bleeding [ao vivo]) na guitarra desde 2016;
- Derek Boyer (ex-Criminal Element, ex-Decrepit Birth, ex-Dying Fetus, ex-Deeds of Flesh [ao vivo], ex-Vital Remains [ao vivo], ex-Disgorge, ex-Deprecated) no baixo desde 2004;
- Eric Morotti (Castrofate, PoonTickler, ex-Epocholypse, ex-Blind Witness, ex-Killitorous) na bateria desde 2016.
Os encarregados da obra
“Hymns from the Apocrypha” teve a coprodução assinada pelo próprio Suffocation, enquanto Christian Donaldson cuidou da tríade: produção, mixagem e masterização. Terrance Hobbs e Derek Boyer cuidaram das gravações, assim como Giannis Nakos, que foi o responsável pela arte de capa e layout. Dom Grimard foi o assistente de mixagem e Alina Andriescu-Boyer contribuiu com as fotografias. Por fim, Doug Cerrito assina sua contribuição para o logo da banda.
A participação especial ficou por conta do ex-vocalista do próprio Suffocation, Frank Mullen, que saiu em 2018, assim sendo substituído por Myers. Entretanto, quando o assunto é sobre vocalistas, muitos fãs possuem a preferência por Mullen. Porém, não daria nem para comparar, pois afinal, faz apenas cinco anos desde que o lendário vocalista deixou seu sagrado e sangrento posto.
Frank Mullen aparece na última faixa do disco com seu vozeirão infernal e nada polido, “Ignorant Deprivation”, uma regravação do álbum “Breeding the Spawn”, citado no início desta trama escrita. Além disso, o novo full length foi gravado no InLine Studio em Long Island, Nova York, EUA.
Mudanças que renovam as energias sombrias
Certamente, quando o assunto é referente às mudanças no line up de uma banda, é inevitável o debate sobre ser ou não bom para a mesma. Todavia, por muitas vezes é necessária tal mudança para o barco continuar navegando, mesmo que possa encontrar outros mares a explorar. Afinal de contas, se uma banda ficar refém de um integrante, ela pode chegar ao seu fim sem ao menos se dar uma chance de poder seguir em frente. Decerto, existem casos e casos aonde não se deve apontar o dedo diretamente para nenhum sem saber realmente os motivos para determinado desfecho.
Em “…of the Dark Light”, primeiro álbum a contar com o atual vocalista, a banda se mostrou madura e sabedora de seus planos para com esse trabalho. Então, não foi tão complicada a adaptação a mais uma mudança, até por conta da banda possuir experiência nesse aspecto.
“Pinnacle of Bedlam”, último álbum a contar com Frank Mullen nos vocais, manteve o bom nível recente da sonoridade da banda. Enquanto o álbum seguinte, já com a presença de Ricky Myers, acabou trazendo mais energia e vitalidade para algo que parecia ganhar uma fórmula automática. Além disso, o ponto alto dessa história mais recente dos norte-americanos, está presente no álbum anterior ao “Pinnacle of Bedlam”. Certamente, você está atento ao lembrar de “Blood Oath”, lançado em 2010 e contendo uma caixa acrílica vermelha, oferecendo um sombreado incrível de vermelho e preto em favor da arte da capa desse disco.
O novo apócrifo do Suffocation
Antes de tudo, vale mencionar que o Suffocation é uma das principais bandas do subgênero da música extrema e que segue lançando álbuns de qualidade, sem precisar ficar olhando tanto para a concorrência. Afinal, o Suffocation possui identidade própria e um currículo exemplar, não devendo nada a ninguém e nem aos seus compatriotas.
A nova joia do apocalipse apresenta nove canções, sendo que uma delas já foi dissecada por ser conhecida de outros carnavais. As outras oito músicas acompanham a ordem do espetáculo funerário e se estendem através de suas ramificações multiversais. Ou seja, as canções carregam em seu âmago momentos voltados para a própria discografia da banda. De fato, isso foi observado com bons olhos pelos integrantes, já que muitas bandas de renome vêm promovendo esse tipo de conjectura e construção musical.
Se ouvir com a devida atenção, perceberá as nuances voltadas para praticamente todos os outros discos, sem deixar a sua linha atual de lado. Linha “modernosa”? Eu não diria isso, mas uma junção entre o passado e a vivência atual da banda, sem se deixar levar por escapismos baratos ou falsas condutas radiofônicas. Apesar disso, quem dera se tocasse algum som dos caras no rádio em horário nobre…
A poesia mortífera e maquiavélica
O conceito do álbum vai de encontro ao seu próprio nome, ao qual enumera fatos e ocasiões em que a mentira domina por completo. A doutrina sendo feita de forma bastante severa, sem abrir espaço para qualquer tipo de dúvida ou indagação. Os apócrifos são textos encontrados na antiguidade, dos quais foram banidos da biblioteca atemporal. A biblioteca em questão é mais conhecida por todos nós como Bíblia, que supostamente é originária dessa palavra, até mesmo por conta do formato em conjunto de livros. Cada livro possui um nome e boa parte deles não estão ligados cronologicamente. Entretanto, as versões ortodoxas possuem mais livros e mais capítulos, além das versões ocidentais mais antigas abrangerem mais informações que as versões mais atuais e populares.
A palavra é contada de um jeito e esse jeito não pode ser questionado, mesmo sem haver uma linha do tempo concreta e mesmo sem ligar toda a vida do personagem principal (do novo testamento) em cada trama. Assim sendo, muitos manuscritos encontrados bem antes de vários dos personagens do novo testamento pisarem nesta terra, foram banidos e proibidos de serem citados, embora muitos desses possuírem fortes ligações com o que foi aceito outrora.
Em suma, é como se você apenas precisasse se contentar com os dez mandamentos, o evangelho dividido em quatro livros dos apóstolos Mateus, Marcos, Lucas e João, dentre outras partes mais comuns e recitadas em vários salões e igrejas mundo afora. Porém, o mais indicado aqui é acompanhar os apóstolos do Brutal Technical Death Metal e seguir a saga do Suffocation com mais um incrível livro musical.
A utilidade dos videoclipes para bandas de metal extremo
Primeiramente, devemos destacar o bravo e excelente empenho das bandas de Metal com relação aos videoclipes e suas produções. Aquele lance de vídeo de 3 reais foi por água abaixo para muita gente, faz tempo. Até mesmo bandas iniciantes estão passando longe disso e trabalhando sério naquilo que desejam oferecer ao público. Você pode dizer que a tecnologia atual facilita tudo isso e estará certo, porém não é qualquer um que consegue ligar a câmera do celular e produzir um videoclipe de qualidade. Uma por conta da limitação do aparelho e outra devido ao fato da pessoa não ser tão hábil quanto um profissional qualificado. Então, as bandas optam por contratar equipes de filmagem para a elaboração e realização dos videoclipes.
O Suffocation não economizou esforços para as novas produções e contratou Tom Flynn para a direção do vídeo para o single “Seraphim Enslavenment”, com design de personagens elaborado por Kyle Monroe.
“Desilusions of Mortality” recebeu um lyric video, incluindo um aviso sobre o formato visual para aqueles que forem fotossensíveis. Em resumo, a banda se porta de maneira profissional em todos os aspectos. O vídeo foi creditado para Aimed & Framed. Além disso, você pode encontrar as datas dos próximos shows e a letra da música, dentre outras informações.
O cântico dos apócrifos caídos e negados
O cântico, ou até mesmo o hino dos apócrifos é originário da faixa-título. “Hymns from the Apocrypha” inicia a jornada por entre os livros da falsa biblioteca milenar e sem nenhum tipo de parte introdutória. Há uma sensação de aproximação bem pequena para que, logo em seguida, tudo inicie sem qualquer tipo de pompa ou estrutura teatral. A artimanha revestida de putrefação e muita técnica, invade o condado das escrituras abruptas e oferece uma parcela de seu arsenal. Quebras rítmicas e movimentações experimentais surgem como enigmas em papiros gastos pelo tempo.
As tensões melódicas se apresentam de forma coesa e abrem caminho para os solos característicos, com bastante distorção e invocação da ala maléfica do hino extremo. Sobretudo, as linhagens se entrelaçam, formando elementos que constroem uma apoteose celestial sonora da maneira tradicional que o Suffocation sabe bem executar.
A decepção perpétua de um destino predestinado
A decepção perpétua é orquestrada pelas raízes sonoras de “Perpetual Deception”. Um emaranhado de notas emite o som da morte e conclama seus dizeres contra os pergaminhos mal escritos. O exército em forma de bateria conduz os carros de guerra para o terreno batido e manchado de sangue. Assim, podemos dizer que este é o local ideal para um mosh completamente macabro.
As pausas trazem a vibração necessária para elencar a traição embelezada e ilusória, que por sua vez é vomitado por esta infidelidade, acompanhada por harmônicos e breakdowns. Estes são encaixados de maneira correta na trama, além dos riffs protestantes contra a teoria consagrada por mártires. Entretanto, o maior destaque fica por conta da frenagem das cordas no fraseado final, costumeiro no Death Metal da ala mais antiga.
“As Escrituras são falsificadas
Levando a delírios
A humanidade não será abençoada como um dos divinos”
O véu escuro da obscuridade ocultando origens ancestrais
O rito dá as primeiras cartas através de uma virada curta de bateria, até que as guitarras entram na guerra e explodem as catapultas com seus riffs em chamas. Uma presença feita pelo homem que nunca foi vista, é encaminhada pelos acordes e efeitos causados por abalos sísmicos escriturais, enquanto as melodias contrastam com o peso colossal de uma criatura em busca de revelar a verdade.
Os solos são viscerais a ponto de mostrar a condução da humanidade à hipocrisia conceitual. Eles (o povo) são escravos, condenados por hereges tortuosos e guiados por um caminho iluminado pelas guitarras e sustentado pelo contrabaixo. O urro estendido é a chave final para a faixa seguinte.
A execração imortal da carne que criamos
Os nossos dias são preenchidos com as visões de pensamentos suicidas, de reprovação da própria carne, de não haver ambição nessa vida concebida. O comboio percussivo, acompanhado pela trilha insana de cordas, escala a mais alta montanha para revelar que o que foi supostamente criado em épocas passadas, está dotado de ódio e sabedoria, tristeza e angústia, além de ser semeado com imperfeições das mais cruéis vistas.
Os vocais demoníacos atravessam fronteiras e tempestades de areia para vociferar sobre os sacrifícios em nome de alguém que não deveria ser louvado. A cadência contrapõe os atos demoníacos sonoros versículo após versículo, assim reforçando a imagem negativa dos versos em preces.
A escravidão dos Serafins e a mentira do seu deus
Os primeiros espíritos celestes da primeira hierarquia dos anjos surgem com suas asas brilhantes e reúnem suas vítimas, tendo a constante intenção de escravizar a todos. A saída para isso é aceitar que a morte não é algo a temer nesta vida. “Há uma maneira (existe um caminho específico) / Para você ser livre (para se libertar da escravidão destes seres voadores mentirosos) / Acabando com essa dor / E miséria (se livrando do mal trajado de benevolente) / Apenas corte sua garganta e sangre (se livre desse sofrimento o mais breve possível) / Sangre por mim (o anticristo clama pela libertação da sua alma e o avisa que ninguém mais está ouvindo você orar).
Os tons e bumbos duplos se fazem presente e necessários para incendiar a alma do ser em perdição. Todavia, o aviso está sendo dado e é melhor se apressar. Assim dizem os fraseados de guitarra. As frenagens e notas abafadas em zero, ampliam o poder do encanto e promovem uma chuva de sangue diante das preces não ouvidas. Então, os solos distorcidos, metódicos e com muita alavanca chegam para simular a lâmina ao atravessar a garganta. São perceptíveis as nuances dos álbuns anteriores recentes, o que retrata bem o alinhamento da banda entre passado e presente.
O vínculo dos descendentes
A vida não pode ser alterada do começo ao fim. Assim foi determinado antes mesmo de você ser concebido. O recado é carimbado pelas ondas sonoras massacrantes, devastando os vilarejos daqueles que creem nesse vínculo amaldiçoado pelo ser místico e manipulador. A trilha putrefata engata as virtudes das emendas musicais, partes groovadas e um misto de velocidade com quebras e a cadência assertiva na tônica. Tudo isso para a partir de então, aparecer um solo de baixo nas profundezas das ondas sonoras nefastas.
Os solos trazem a importância de não intervir nessa evolução sem bênçãos. As alternâncias por entre os diferenciais musicais e detalhes que complementam e preenchem os espaços, concedem habilidades da divindade sagrada. O ritual sonoro exalta a percepção embelezada e o conhecimento que alcançamos.
“Decisões foram decretadas, inventando a heresia divina
Composto com mentiras e imprecações
Isolando-os da verdade
Que eles se tornaram escravos ancestrais, agora para a eternidadeDescendentes”
Abraçando o sofrimento dos próximos e últimos momentos
O antepenúltimo capítulo revela sussurros incorpóreos, que por sua vez, convocam pensamentos oprimidos. Os dedilhados começam a esmagar os escravos das escrituras e seres celestiais, enquanto a mente do ser libertado, carrega consigo o desligamento do que havia se tornado. Os blast beats delatam a falta completa de remorso quando os inocentes são atingidos por golpes cruéis e covardes, sendo pelas costas.
As bases são intensificadas em favor dos solos e das linhas frenéticas de bateria, manipulando a consciência de que as ouve, concedendo vozes que habitam dentro e perseguindo vítimas de longe. Portanto, pode se dizer que o poder da mensagem atravessa continentes. Principalmente se o envio for em formato abissal com a voz doce de um carniçal. Assim sendo, o elemento surpresa causa hemorragia no crânio fraturado pelos contratempos incendiários.
“Inconsciente, mal respirando
Amordaçado, amarrado e arrastado para o meu reino”
O arauto sofrendo e sendo manipulado em forma de vingança, como deve ser.
A transcendência divina negada pelos delírios da mortalidade
Seres angélicos, mas ímpios, descem de dimensões não mundanas, transmitindo escrituras arcanas de conhecimento omitido sobre a morte e criação. Os riffs racham as paredes em volta do púlpito, conflagrando uma rivalidade eterna entre o que é dito e o que é de fato real. Porém, está oculto e ligado às raízes dos acordes mortíferos, criados por quem nunca caminhou no horizonte desse folclore.
A saída é sempre pelo caminho mais extremo, sujo e violento, pois tudo o que foi ensinado e tudo o que sabíamos, foi uma mentira desde que saímos do útero. Os solos trazem a importância dos fatos e dos motivos para renegar a tudo isso que é jogado em nossas cabeças. Enquanto caminhamos para o abismo da falsa transcendência, recebemos dobras de conduções mais vagarosas. Contornadas por movimentos distintos e frequências elevadas de muito peso e melodias angustiantes.
“A morte é apenas uma porta
Para uma nova vida
Todos voltaremos novamente
Preso dentro desta
Carne
Essa ilusão de mortalidade negada”
A revigorada privação ignorante
Enfim, o convidado Frank Mullen empunha seu microfone para relembrar os tempos áureos com sua ex-banda. Qual versão é melhor? Afinal, você perguntou isso, eu sei. Bom, em primeiro lugar, a ideia principal não é superar o clássico. A nova roupagem não é para abrir concorrência. Todavia, a versão gravada nesse disco trará esse assunto nas mesas de bares de Rock e Metal. Entretanto, ela funciona em forma de homenagem. Tanto é que Mullen está presente para reinterpretar essa excelente “múzga” nos moldes mais atuais. Além disso, outra formação está presente para a execução do plano.
“Breeding the Spawn” é o segundo full length dos residentes de Long Island, em New York (para os amantes dos nomes originais). O baixo canta as bases para o desfecho inicial ser emplacado de maneira arrebatadora. Toda a estrutura sonora é emblemática.
Viradas de bateria, momentos de morbidez e o freio a qual sempre destaco. E o demônio nos vocais. O famoso “tu-pá, tu-pá” está presente. Tudo isso para alegria dos que não se recordam ou que não conheciam. “Ignorant Deprivation” é o principal elo entre o passado e o presente do Suffocation.
O elo que funciona
Os versos destacam a privação do ato de viver a vida. O massacre impiedoso de almas infelizes no nascimento provocados pelos rangidos da palheta ao entrar em contato com as cordas. Retirados do útero antes de serem nutridos, submetidos a tortura desconhecida sem saber qual o propósito disso tudo. Onde antes estavam os corpos, o solo agora é fértil para brotar a árvore da condenação. Em suma, esse um sinal de lembrança que faz brotar o ódio que assombra os enganadores da vida.
“Esta doença mortal que atravessa um homem, falar de alguém como inferior
Suas cabeças ficarão baixas porque com o tempo eles reconhecerão a raça humana como a superior”
O homem vencerá o seu senhor. E este ajoelhará de vergonha e pedirá clemência. Cabe ao sofrido homem, decidir sobre a vida desse pobre deus.
Resumo da ópera proibida do Suffocation
“Hymns from the Apocrypha” veio de forma mais atrativa, analisando as formas de divulgação. A nova trama veio para contemplar os tempos áureos e também os caminhos atuais. Sendo assim, temos a oportunidade de comemorar a extensão de uma discografia rica de uma das melhores e maiores bandas do metal extremo mundial. Entretanto, não podemos deixar de lado aquilo que pode ter faltado no álbum novo. Uma climatização maior e mais voltada para o tema ou até mesmo nuances que pudessem nos jogar lá no início dos tempos bíblicos. Contudo, não é passível de culpa por isso. Afinal, a proposta pareceu ser mais direta. E essa ideia acabou por ser cumprida à risca.
Ignorant Deprivation – original ou regravação
Tanto faz. Depende do clima. Depende do que se busca com a canção. A versão de época é visceral, crua, quase semitonada, com o som dos pedais parecendo um tambor de fanfarra. Mas, é assim que a coisa funciona. Tanto que a canção possui partes hipnóticas e isso remete às linhas sonoras dos compatriotas do Immolation. Surpreendentemente, os vocais foram muito bem gravados, quase idênticos aos da nova versão. Agora, embora o contrabaixo apareça bastante, este está bem magro na versão antiga. Porém, o contexto geral prevalece e a vontade de ouvir é constante.
Já a versão regravada possui a tecnologia atual e, portanto, é mais encorpada e mais limpa, sem perder o peso tradicional e característico. As linhas de baixo são mais consistentes. Portanto, acrescentam peso para a bateria, além da mesma prevalecer com seu som mais abrangente. Por fim, a timbragem enobrece as guitarras, além dos vocais que soam próximos da gravação antiga.
Em resumo, “Ignorant Deprivation” é completa por si só. Possui todos os elementos de um subgênero brutal, técnico e devastador. Em contrapartida, pode ser dito que houve uma evolução. E ao mesmo tempo, pode haver preferência pelo material da época. Material oficial, para os mais radicais.
Creio que ambas as formas estão de acordo com os respectivos álbuns e devem ser ouvidas no volume máximo! Além dos discos por completo, obviamente!
“Unless they remove the veil
Shrouding the consciousness placed upon all men
When conceived, diminishing what can be perceivedSo they could appease their selfish needs
To become gods and be worshipped
I bow to no one
No one”
nota: 9,0
Integrantes:
- Ricky Myers (vocal)
- Terrance Hobbs (guitarra)
- Charlie Errigo
- Derek Boyer (baixo)
- Eric Morotti (bateria)
Faixas:
1. Hymns from the Apocrypha
2. Perpetual Deception
3. Dim Veil of Obscurity
4. Immortal Execration
5. Seraphim Enslavement
6. Descendants
7. Embrace the Suffering
8. Delusions of Mortality
9. Ignorant Deprivation
Redigido por Stephan Giuliano