Se existe uma falácia que vem sendo propagada desde o início do Mundo Metal é a afirmação presunçosa que os estilos tradicionais estão fadados ao fim. Mesmo com a ebulição da NWOTHM e o surgimento da nova safra do Thrash, mesmo com o Speed Metal se fortalecendo e o Death Metal apresentando uma variedade infindável de álbuns excelentes ano após ano, ainda assim, este tipo de discurso sem sentido segue sendo propagado.
E sempre que nos deparamos com novas bandas lançando álbuns realmente ótimos e dignos da velha escola, sentimos quase uma obrigação em apresentá-las ao caro amigo leitor.
Speedemon contra a ditadura das máquinas
O Speedemon é uma banda de Portugal que foi formada em 2011 e lançou “Hellcome”, seu disco de estreia, em 2019. Sendo assim, neste 31 de janeiro, o grupo apresentou oficialmente “Fall Of Man”, segundo trabalho de inéditas e responsável por dar sequência a explosão Speed/Thrash do registro anterior. O novo material já está disponível para audição nas principais plataformas de streaming e foi produzido por Fernando Matias, no The Pentagon Audio Manufacturers.

“Fall Of Man” é composto de 9 composições e possui pouco mais de 33 minutos de duração. E este tempo é o suficiente para que o quarteto de Lisboa passe seu recado de maneira muito direta e competente. E por falar em recado, para quem ouviu o registro de 2019, sabe que a banda investe em um conceito lírico interessantíssimo e, aqui, podemos conferir mais uma etapa desta história distópica arrepiante.
Em “Hellcome”, acompanhamos uma onda de terror e devastação que anunciava o fim apocalíptico da humanidade. Contudo, entre cinzas e ruínas, as máquinas sobreviveram e instituíram uma nova ordem mundial. Em “Fall Of Man” somos trazidos para dentro de um universo sob domínio completo das máquinas. Trata-se de um conceito sombrio, mas que explora o atual momento do mundo, onde os interesses seletos de poucos afortunados ditam os rumos de toda a população. Tecnologias completamente novas são exploradas sem responsabilidade e, ao mesmo tempo, são expostas ao uso de pessoas sem o menor escrúpulo. Assustador, não?
Speedemon e a arte de se fazer Speed Metal
Apesar do tema ser totalmente estimulante, não valeria de nada caso a música do Speedemon não fosse realmente boa. E ela é. Com verdadeiras pedradas do porte de “Metal Rage”, “Speed On Fire”, “Fall Of Man”, “Nailed To The Gun” e “Midnight Ripper”, apenas para mencionar algumas das minhas favoritas, os portugueses comprovam sua aptidão em criar riffs memoráveis, linhas empolgantes e, principalmente, construções repletas de energia. Tudo isso chega até o ouvinte através de muita velocidade e fúria descontrolada.
Luis Meco espanca seu kit de bateria de forma impiedosa, além de usar e abusar dos bumbos duplos. Completando a sessão rítmica, o baixista Diogo “Diley” Pereira faz bem seu papel proporcionando aquele som encorpado tão necessário para músicas como estas. O guitarrista Jorge Bicho exibe ótima performance durante todo o trabalho e ainda forma uma grande dupla com Bruno Brutus. Este último, ainda é o responsável pelos vocais diretos, bastante característicos e sem firulas do Speedemon.
Apesar de relativamente nova, a banda já conseguiu façanhas consideráveis em sua carreira. Uma delas foi vencer o “Wacken Metal Battle” de Portugal, ocorrido em 2022 no Barroselas Metal Fest. Na sequência, se apresentaram no evento principal na Alemanha no mesmo ano e arrancaram muitos elogios dos presentes.

Nome promissor
O grupo já tocou ao lado de nomes respeitadíssimos da cena Metal mundial como Crystal Viper, Angra, Riot, Artillery e o saudoso Manilla Road, assim como outros. Trata-se de uma banda em franca expansão e, caso consiga manter a qualidade de seus lançamentos neste nível alto, muito em breve deveremos vê-los alcançando resultados ainda mais significativos. Dá para afirmar que o Speedemon é um nome pronto para alçar voos mais altos e devemos ficar atentos aos seus próximos passos.
Para finalizar, “Fall Of Man” é o típico disco que entrega aos ouvintes exatamente o que se espera. Metal veloz, cortante, visceral e agressivo, mas com boa técnica, boa produção e letras inteligentes. Audição obrigatória neste início de ano.
Nota: 8,6
Integrantes:
- Diley (baixo)
- Brutus (vocal e guitarra)
- Bicho (guitarra)
- Meco (bateria)
Faixas:
1 – March Of The Triumphants
2 – Metal Rage
3 – Speed On Fire
4 – Cursed By Gods
5 – Fall Of Man
6 – The Betrayed
7 – Nailed To The Gun
8 – Words On Fire
9 – Midnight Ripper