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Resenha: Necrodeath – “Arimortis” (2025)

Nada como acompanhar mais um lançamento da banda italiana de Black/Death/Thrash, Necrodeath! Embora sejam mais reconhecidos pelos trabalhos mais voltados para o Black/Thrash. Mas a sua história se envereda por ambos os caminhos. E o novo artefato musical a ser decifrado atende por “Arimortis”.



O novo álbum sucede o ótimo “Singin’ In The Pain”, de 2023. Portanto, a sequência mostra uma banda bastante antiga e tentando equilibrar a sua trajetória desde o seu surgimento em meados de 1985. Antes disso, em 1984, a banda se chamava Ghostrider. Decerto, “Into the Macabre”, de 1987, é o debut dos italianos que merece ser sempre mencionado. Afinal, é o álbum mais cultuado dentro de uma boa discografia.

Voltando ao “Arimortis”, este teve o seu lançamento cravado em 17 de janeiro através do selo Time to Kill Records. O próprio guitarrista do Necrodeath, Pier Gonella, ficou a cargo da gravação, mixagem e masterização do novo álbum. Além disso, Max Bottino assina a arte “maravilhosa” da capa e Teresa Degrandi foi a responsável pelos cliques para as fotos.

Arimortis, o 14º e derradeiro álbum do Necrodeath

Certamente, quando falamos de música podre oriunda de alguma caverna amaldiçoada, estamos buscando realmente mergulhando em algo bastante insano. Para os ouvidos sensíveis regados a musicalidade adocicada padrão “Valdisnei”, pode soar como ofensa. Entretanto, aqui podemos encontrar mais rabiscos da pura verdade em se tratando de som de qualidade ofensiva aos “seres puros”.



‘Arimortis’ é um termo de origem latina que indica o fim de uma guerra, o momento em que os caídos são homenageados e altares são erguidos em seu nome (‘arae mortis’, os altares da morte). Todavia, ainda hoje, em algumas partes da Itália, o termo ‘arimo’ é usado para declarar o fim dos jogos.

A banda explicou sobre o conceito do termo relacionado à sua dissolução:

“Queríamos usar essa alegoria para selar um caminho que durou quarenta anos, cheio de satisfações, decepções e vinganças. As músicas que compõem o álbum contêm várias referências à nossa longa carreira”.



Em “Arimortis”, o mote segue sendo a violência repleta de variações e com uma curiosidade. Afinal, nesse disco não temos somente espaço para o subgênero híbrido mais sólido do Metal. Estou falando do Black/Thrash em sua principal versão unificada.

Todavia, a sonoridade do novo trabalho passeia pelos campos agressivos do Thrash e sangrentos do Death, tendo poucos elementos de Black Metal. Mas o disco é bom? É sim e constataremos isso a seguir.

Necrodeath/Bandcamp

Ensaio sobre a podreira

“Arimortis” inicia sua jornada com machado bastante afiado e pronto para decepar cabeças por aí. Porém, não é a faixa-título que abre o disco, mas sim a ótima e revoltada “Storytellers of Lies”.

De forma abrupta, metendo o pé na porta, assim como dever ser, a faixa de abertura retrata sobre os contadores de histórias de mentiras. Nesse mundo é o que mais se vê em cada esquina. Você abre a janela e recebe um balde cheio de água no formato de enganação. Porém, dentro da canção você toma como verdade absoluta o ímpeto e os efeitos agudos de guitarra em meio aos riffs voltados para o Thrash. A escalada ocorre até ir de encontro ao rio avermelhado do Death Metal. Você conjuga os verbos destruir, matar, faça-os sangrar, e mantém a sua insanidade acesa ao ouvir esse massacre inicial.



Contudo, vale mencionar o formato do videoclipe desse single inicial do Necrodeath. Logo no começo do vídeo é mostrado e dito sobre os bonecos feitos por um fã e que retratam os integrantes. O vídeo é dedicado a todos os fãs que acompanham e apoiam a banda durante os seus quase 40 anos de carreira.

Em seguida temos o calor massivo de “New God”, proclamando a independência sonora através de uma intro comportada… Que é logo cortada por uma serra elétrica em forma de guitarra. O poder do refrão exala o perfume do sabonete de enxofre usado no Cérbero da vizinha durante o banho. Você trafega com tranquilidade nos mares do Thrash e do Death sem se perder durante o percurso. E sabe por qual motivo? Pelo fato das escolhas serem bem feitas e inseridas com a técnica e sabedoria necessárias. Quem conhece o Necrodeath, sabe que, afinal de contas, é uma banda que não se leva tão a sério. Ou seja, a sua sonoridade mostra uma roupagem bastante arruaceira e condizente com a podridão exalada no melhor dos sentidos.

Cruzando o caminho de um necrosadista e encarando a queda final

Quando uma música começa com aquele “estalo” na bateria, é bom arregalar os olhos e ficar atento aos próximos segundos. Os riffs vão chamando para a ação amorosa aos poucos e você acaba sendo enfeitiçado pelo charme da condução dos pedais duplos. Riffs serrilhados se apresentam com o corte bem afiado, enquanto os vocais ampliam a agressividade e o lado macabro da obra. Se você está achando tudo magnífico manchado de sangue, aqui o sangue está borbulhando de tão fresco.

Você se depara com a famosa pausa no som Thrash e respira um pouco para aguentar mais uma carga triunfante de pancadaria e espíritos sendo atravessados por armas nada santificadas. As variações ocorrem em nome do “Necrosadist” e rasgam suas veias como se fossem roupa velha. Entretanto, a tortura aumenta com o advento dos solos cavalares e insanos de Pier Gonella. Decerto, um dos principais destaques do disco!



E quanto a morte se aproxima, a trilha sonora pedida é um verdadeiro dedilhado sinistro. É possível se lembrar de grandes momentos do esporte sonoro da década de 80 e também 80, em se tratando de Metal extremo. A criatura rasteja e acorda para atacar junto aos alto-falantes. Então, por incrível que pareça, o ritmo se mantém em velocidade média, se utilizando de peso e trazendo uma pitada de Motörhead e todos os artifícios do próprio Necrodeath.

“Arimortis” ceifa a vida de um por um através da ala percussiva e, apesar de um pouco estranha, acaba funcionando bem dentro do tracklist do álbum homônimo. Além disso, a mesma também recebeu um vídeo oficial.

Experiência de quase morte em contato com seres de outras dimensões

“Near-Death Experience” e “Alien” conversam bastante entre si só de bater os olhos em seus nomes. Mas a sonoridade também é encaixada uma com a outra?

Primeiramente, a faixa de número 5 inicia seus passos nos moldes do Slayer. O andamento das partes em cordas e da bateria de Peso se assemelham bastante, porém sofrem variações que as diferenciam de seu possível mentor. A música acende em meio ao seu arsenal cadenciado palhetadas concentradas, integrando-se à base estrutural inicial. Cada variação sonora é como se o cara de jaleco branco estivesse cometendo as mais diversas experiências com o paciente incapacitado de fugir da maca.



Em uma segunda parte, por assim dizer, a canção ganha força e une forças com os solos abismais para servirem de rota para a parte final breve. Contudo, experiência não para e já estamos na canção seguinte a qual já foi citada. Guitarra isolada e rouca trabalhando a serviço do mal. Isso é que queremos ver e ela atrai os outros instrumentos, mantendo a cadência. Entretanto, o seu formato não é tão idêntico ao de sua antecessora. Mas mantém boa parte dos princípios e ideais intactos. E se você pedia por Black/Thrash, o riff híbrido está aqui. Embora tudo pareça mais vagaroso (de forma proposital), a observação ao alien é bastante minuciosa.

A canção toma fôlego e parte para o ataque, pedais e riffs incandescentes entram em cena. E não para por aí, pois a velocidade aumenta bastante. Essa forma retorna ao primeiro plano para depois cair em tentação novamente em apoio aos solos curtos, distorcidos e alavancados de Pier Gonella. Seu final é repleto de alegria submundana.

Sem mais arrependimentos

Deixar de ouvir Metal é um dos maiores arrependimentos da universo, porém existem outros arrependimentos menores dos quais podem fazer sofrer bastante. Mais um dedilhado sinistro e atraente para complementar o álbum, somado a uma voz sussurrante e medonha, transformando quase tudo em súplica ou até mesmo um desabafo. Não se arrependa de ter ouvido esse som jamais!

A forma como é conduzida a bateria em dados momentos traz um charme diferenciado para o álbum. Todavia, o roncar da guitarra sempre desperta a ira e traz para fora dos portões todas as criaturas que se possa imaginar, ou não. A valsa começa e você está no meio de um chão de areia e pedra, aquilo sobe aos céus conforme os monstros se movimentam e se digladiam no mosh.



Aqui temos uma junção do Black Metal com o Thrash de maneira separada, e depois partindo mais para o Thrash. A ideia principal retorna e sensação de estar envolto de trevas é imediata, graças aos comandos de “No More Regrets”.

Revivendo em outra morada

Se estar envolto de trevas é normal nesse caminho pantanoso do Necrodeath, em “Metempsychosis (Part Two)” temos uma tratativa sobre um mesmo espírito que ganha uma nova chance em plano terreno. Imagine que você havia acabado de morrer… Ao menos tente… Agora, projete isso com uma banda tocando e surgindo o som cada vez mais alto ao fundo. O Thrash/Death do Necrodeath te acorda para uma nova jornada em um novo corpo putrefato para você chamar de seu.

Em dado momento, você se depara com uma morbidez cada vez mais densa e lamuriante. Isso abre caminho para os diferenciais e quebras da bateria de Peso entrarem em cena e forjarem a cena do crime musical. Por se tratar de uma faixa quase inteiramente instrumental, ela traz consigo muitas variações e junções antecedentes aos solos vibrantes, gélidos e até melódicos em alguns trechos de Pier.

As criaturas saem dos esconderijos e vociferam antes do dedilhado misterioso chegar. O apoio percussivo é forte e os vocais de Flegias funcionam como um chamado intenso de convocação do mal.



A marcação do baixo de GL projeta mais uma parte excelente desse encanto musical de vozes distorcidas e prisioneiras da masmorra.

Ressaca apoteótica

“Hangover” é a derradeira faixa de “Arimortis” e chega para encerrar de modo convincente e convidativo a aplausos. O bom e velho Black/Thrash retoma a cena e apoia a parte seguinte regada ao Black Metal de notas sustentadas e pedais incessantes. Mais mistério sonoro no ar e tudo vai para o lado negro da força. Peso deposita toda a sua técnica e ousadia nesse que vem a ser um dos maiores destaques do novo álbum.

O final é digno de nota… Só não sei qual… Mas me lembrou os tempos atuais do cantor Edu Falaschi.

Por fim, essa é a ressaca que cura ressaca.



NECRODEATH promo pic

Outras informações em detrimento ao “fim dos jogos”

A metempsicose é, em suma, um movimento cíclico por meio do qual um mesmo espírito, após a morte do antigo corpo em que habitava, retorna à existência material, animando sucessivamente a estrutura física de vegetais, animais ou seres humanos; reencarnação.

O Necrodeath está com sua sonoridade cada vez mais diversificada. Se antes figurava mais pelos lados do Black/Thrash, hoje está mais inserida ao Black Metal, com boas doses de Black/Thrash, Thrash simplesmente e Death Metal em menor escala.

O álbum será o último testemunho gravado antes da dissolução definitiva da banda. O lançamento será seguido por uma turnê de despedida, que durará ao longo de 2025. Depois disso, a cortina cairá.

“You fell into the trap
Now you can’t escape
My net has trapped you
Welcome to my team
Let me guide you
In this circus of horrors
Blood and sweet
But you’ll see
It will be great”



nota: 9,0

Integrantes:

  • Flegias (vocal)
  • Pier Gonella (guitarra)
  • GL (baixo)
  • Peso (bateria)

Faixas:

  • 1. Storytellers of Lies
  • 2. New God
  • 3. Necrosadist
  • 4. Arimortis
  • 5. Near-Death Experience
  • 6. Alien
  • 7. No More Regrets
  • 8. Metempsychosis (Part Two)
  • 9. Hangover
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