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Resenha: Morta Skuld – “Creation Undone” (2024)

É tão prazeroso ouvir um som feito por músicos jovens e que seja de qualidade. Existem tantas bandas que nasceram recentemente e que se aplicam a isso, como Frozen Soul, Skeletal Remains, Creeping Death, entre outras. Ouvir que o clássico do Metal não foi esquecido enche de orgulho o coração daqueles que amam as raízes do Metal. Mas melhor que isso, é ouvir os bons e velhos medalhões ainda com a corda toda.

   

Tudo bem, não estamos falando de um Possessed, Bolt Thrower, Morbid Angel ou Decide que representam a escola mais famosa do Death. Dentro das linhas da cronologia do Metal extremo, existem bandas que infelizmente não fizeram tanto sucesso como essas, mas que não deixam de ser excelentes. Existem obras seminais dentro do estilo que pertencem a bandas como Messiah, Assassin, Cancer e Morta Skuld. Esse último, se trata de um grupo nascido em meados de 1990 em Winsconsin. O quarteto lançou “Dying Remains” em 93 e mostrou como se faz Death Metal de qualidade. A obra é um exemplo de como o Metal não se perdeu na década de 90. Por mais que digam que o Pantera salvou o Metal, dentro do underground, muitas bandas continuaram a trabalhar com excelência e sem se vender ao mainstream (por mais que eu ache esse tipo de afirmação, uma balela).

Morta Skuld em 1990 – Dave Gregor, Jason Hellman, Jef Jaeger e Jason O’Connell

Quem é Morta Skuld?

O primeiro LP do grupo conta com 11 hinos do Metal da Morte, muito peso e pontuando alto na história do Metal extremo. Comandados por Dave Gregor (vocal), a banda ainda lançou discos quase irretocáveis, como “As Humanity Fades” e “For All Eternity”, de 94 e 95. Já em 97, “Surface” é lançado, mas o disco não soa tão brutal como os anteriores. Talvez provavelmente, a mudança de gravadora (Peaceville e sua sub-editora Deaf Records) tenha afetado a sonoridade

Não me levem a mal, o disco não é ruim, porém, ele não tem o mesmo peso dos anteriores. Para minha audição, senti um pouco de falta das guitarras brutais e os riffs simples mais cortantes. Ainda é possível ouvir composições muito bem feitas e inspiradas, mas nada garante que isso sejam só sobras dos três discos anteriores. Mas o problema mesmo acontece em 98 , quando a banda decide encerrar suas atividades. Nenhum motivo plausível pode ser dado, talvez o fato de que a banda estava cansada. Afinal, quatro discos em menos de um ano parece ser um pouco pesado (alô Metallica, Iron Maiden e Megadeth).

Morta Skuld Reformulado! – Facebook Oficial

Nova era – O ressurgimento do Morta Skuld!

Mas o fato mais importante é que em 2012 a banda voltou a ativa abaixo do selo Dread Records. E não demorou muito para a Peaceville reatar seu relacionamento com eles. Em 2017, sai “Wounds Deeps Than Time”, contando apenas com Dave de membro original. Esse disco marca o recomeço de uma era. É um lançamento que segue as mesmas linhas dos primeiros discos, como se o tempo não tivesse passado. Cheio de ódio mas ainda com pontos soltos, o recomeço prometia muito!

   
Morta Skuld 2024 – Facebook Oficial

Em 2020, “Suffer from Nothing” explode em peso e brutalidade. Com personalidade, o disco de 10 faixas não possui detalhes negativos. Os atuais membros da banda dessa vez pareciam certos do que iriam fazer aqui. Além de Dave Gregor, cuidando das guitarras e vocais, temos Eric House tomando conta da bateria. Esse músico bem experiente já tocou no Jungle Rot, outro nome de peso na cena do Death Metal underground. Seguindo para a segunda guitarra, temos Scott Willeck, que tocou na banda Profane de Thrash/Crossover. E por fim, o baixo tem como seu mestre John Hill, das bandas Murmur e Forever Sleep. Mas apesar da insanidade, o disco nos deixa curiosos para o que mais podemos ouvir do grupo. E a resposta veio 4 anos depois.

Morta Skuld – “Creation Undone” – Um disco que separa rapazes de homens
Ato 1!

“Creation Undone” foi lançado dia 23 de Fevereiro via Peaceville e é simplesmente um dos lançamentos mais concisos que ouvi este ano. Repetindo a fórmula do disco anterior, mas inserindo mais velocidade, o disco consegue se tornar um petardo único. Para aqueles que tem sensibilidade a sons muito pesados e brutais, sugiro que passe adiante e ouçam um Vanden Plas ou Magnum, porque aqui apenas a morte e destruição. Primeiramente, precisamos falar da lindíssima capa assinada por Mark Wyatt, que possui inúmeros crânios espalhados pelo chão. Além do corpo dilacerado em meio a arte, que para mim, fez uma alusão direta ao primeiro lançamento do grupo, o espetacular “Dying Remains“.

Assim sendo, a falta de decoro que começa na artwork do disco, continua em uma audição impecável. Abrindo o disco, ouvimos “We Rise We Fall”. Finalmente, o quarteto consuma todos seus anos de estrada em apenas uma composição. Riffs abusivos, bateria insana e muita grosseria vocal. Os refrãos simples e diretos relembram a velha escola que tanto amamos. Berrar de todos os pulmões sem se preocupar com o tempo correto da composição cheia de nuances é um oásis em meio um mundo de técnica e firulas.

Tal qual uma prensa hidráulica esmaga tudo com facilidade, “The End Of Reason” remete ao reto e fraseado Metal maligno. As bases cadenciadas acompanhadas de uma bateria reta ensinam que a simplicidade pode ser o que precisamos. Ouvir essa música no máximo possui o mesmo efeito da prensa, seus tímpanos serão espremidos até não sobrar nada. Uma música excelente, relembrando os bons tempos de “For All Eternity”. “Painfull Conflict” é insana, rápida, mas pesada. As pontes que ligam os vocais foram construídas tão bem, que parece que não existe nenhuma ligação na faixa. Insanidade define está composição.

Ato 2

“Unforeseen Obstacles” continua como se deve ser um belo clássico do Metal da Morte. Riffs extremamente densos juntos a uma cozinha assustadoramente clássica se mesclam com um vocal grave mas bem audível, algo que realmente dá uma sensação a mais na composição. A velocidade dos riffs são só mais um ingrediente para essa faixa primorosa. A partir daqui, ouvimos quase que um revival do primeiro lançamento da banda, ou seja, apenas qualidade. “Perfect Prey” se transforma em um ode a brutalidade. Rápida, densa e com passagens mais cadenciadas, em suma, esse trabalho remete excelentemente aos discos do início da década de 80, e ao clássico da banda “Dying Remains”. Portanto, o fator replay dela é altíssimo, e a cada audição ela só melhora.

   

Mantendo a qualidade, temos “Soul Piercing Sorrow”. Com distorções pesadas e cortantes, cada batida das cordas se assemelham a um soco bem dado na boca do estômago. Os graves encorpados, arrepiam por completo a espinha do ouvinte e te fazem implorar por mais dessa devassidão sonora. Em “Into Temptatiom” o conjunto de pratos da cozinha é extremamente bem usado e dosa perfeitamente cada passagem do som, dando as cordas a liberdade necessária de flutuarem mais entre riffs contínuos ou cavalgados. Um destaque especial para o solo dessa faixa, portanto, aqui temos o famoso menos é mais. Simples, bem feito e no ponto certo. Em suma, digno de ser exaltado!

Ato final!

Em conclusão, na tríade final, ouvimos aquela que talvez seja minha faixa favorita do disco, “Self Destructive Emotions”. Cadenciada, direta, pesada, e com um refrão marcante, essa apresenta o conjunto completo daquilo que amo no Death Metal. Grosseria e ódio, com uma dose, pequena, de revolta. Em contrapartida, “Oblivion” já volta para a velocidade que a banda gosta de mostrar. Rápido, mas não tanto. Focando mais no peso, a faixa remete bem ao estilo de Death Metal mais recente. Claro, sem perder a essência suja da banda. Uma boa música, que facilmente agrada os fãs da velha e da nova escola.

Foto por Hillarie Jason

Para finalizar de vez, porque não muito peso, graves e insanidade? “By Design” é aquela faixa que se constrói conforme você a ouve. Aos poucos a música cresce e toma proporções agressivas. Mantendo as nuances entre a cadência e a rapidez, a faixa de encerramento irrompe em riffs que parecem chegar diretamente dos anos 80. Por fim, o baixo gravíssimo é presente do começo ao fim da composição, e só aumenta mais ainda a força da composição. Uma faixa bem escolhida para finalizar o disco, já que te deixa com uma sensação de quero mais.

Jóias e mais jóias

Realmente o Death Metal tem tido ótimos representantes das novas eras. A metamorfose que o Metal tem sofrido, é no mínimo interessante. Mas é impossível fechar os olhos para aqueles “vovôs” que sempre foram importantes no cenário. Morta Skuld é só mais um exemplo desses de que o que é antigo, ainda prevalece com excelência!

Eu, particularmente, estou ansioso para novos lançamentos!

   

Se você, assim como eu, gosta de estar por dentro de novos discos e se sente um pouco perdido sobre isso, convido a ler essa matéria e entender um pouco mais sobre o porque coisas tão boas como essa não são divulgadas.

Nota: 8,9

Integrantes:

  • Dave Gregor (vocais e guitarra)
  • Eric House (bateria)
  • Scott Willecke (guitarra)
  •    
  • John Hill (baixo)

Faixas:

  1. We Rise We Fall
  2. The End of Reason
  3. Painful Conflict
  4.    
  5. Unforeseen Obstacles
  6. Perfect Prey
  7. Soul Piercing Sorrow
  8. Into Temptation
  9. Self Destructive Emotions
  10.    
  11. Oblivion
  12. By Design
   

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