Gravadora: Crime Records
Dentro do Metal não podem faltar histórias épicas, mitologia e muita fantasia. Dentre esses nichos que estão ligados a esses temas, um estilo mais característico ganha a cena, apesar de muitas vez mal compreendido, é amado por muitos, mas também odiado por outros, o Power Metal é comumente ligado a histórias fantasiosas. Nós sabemos que apesar de não ter nascido com esse intuito, ele se moldou e acabou abraçando ternamente os mundos fantásticos que habitam a imaginação humana.
Quando falamos sobre o princípio do Power Metal, ou qualquer outro estilo de Metal, o assunto se torna muito extenso. Então, vamos direto ao ponto, que é o novo disco de um cara um tanto quanto peculiar, Marius Danielsen, um norueguês de 33 anos que surgiu quase que do nada e lançou discos maravilhosos em carreira solo. Marius era praticamente um desconhecido por todos que gostam de Power, foi então que em 2015, ele lança seu debut, já alcançando destaque mundial. Vale ressaltar que quando eu falo mundial, não quer dizer que esse cara se tornou conhecido a todas as pessoas, mas sim, se tornou uma figura mais familiar no meio musical que ele compõe. A sua banda nasceu em 2005, mas só em 2015 lançou “Marius Danielsen’s Legend of Valley Doom pt1”. O interessante é a quantidade de nomes conhecidíssimos que participaram dessa empreitada, só para citar alguns: Mark Boals, Tim Ripper, Edu Falaschi, Chris Caferry, Mike LePond, Ross The Boss, Piet Sielck, Timmo Tolkki e a lista continua. O primeiro foi muito bom e rendeu uma generosa base de fãs a essa ideia ambiciosa e conceitual de Marius. Em 2018 é lançada a parte 2, e novamente conta com uma cacetada de nomes conhecidos, incluindo Michael Kiske, Blaze Bayley e Vinny Appice! Por fim, este ano chegou a vez da terceira parte da história ser contada. Dessa vez, Marius reforçou o time ainda mais com Arjen Anthony Lucassen , Derek Sherinian, Ralf Scheepers, Tommy Johansson e representando o Brasil, o grande Raphael Mendes do Icons of Sin. Pode parecer muita gente, e é (junto dos integrantes eu vou deixar todos os nomes dos convidados para vocês). Mas Marius não se perdeu na hora de organizar tudo perfeitamente, junto de seu irmão Peter Danielsen, o time simplesmente fez um disco muito bom. Dividido em 12 faixas e com mais de 1 hora e 10 de duração.
O compacto abre com “Seven Ancient Artefacts”, uma composição que tem a narração feita por John Rys-Davies, o Gimli de Senhor dos Anéis, e logo após a narração, um instrumental digno de campos de batalha aparece, com baterias rápidas e vocais trabalhados de forma magistral, principalmente, por Alessandro Conti (Trick Or Treat) e Alessio Garavelo (A New Tomorrow, ex-Powerquest) que tem vozes que se destacam em qualquer canção que participam. Ainda aqui, ouvimos as vozes de Elisa Martín (ex-Dark Moor), Jonas Heidgert (Dragonland), Arnaud Menárd (Alkemyst). A guitarra de Daniel Carpenter (Celestivl, Eons Enthroned) é rápida e direta, como deve ser. Na segunda composição, “Journey of The North” o coro composto por Jonas Heidgert (Dragonland), Elisa Martín (ex-Dark Moor), Arnaud Menárd (Alkemyst) e Raphael (Icons of Sin) é excelente, e combina perfeitamente com o estilo cavalgado da faixa. Quando as vozes soam separadamente, o timbre já conhecido de Raphael rouba a cena e encanta demais! Outro destaque aqui vai para a participação do veterano Ronny Le Tekrø do TNT nas guitarras. “The Ballad of Arnoth The Wild” possui um dueto inesperado nas cordas, com Richard Fortus (Guns N’ Roses) e Tim Hansen (Induction e sim, esse é o filho de Kai Hansen) que acompanha de forma excelente o dueto das vozes doces e marcantes de Alessandro Conti (Trick Or Treat) e Mathias Blad (Falconer). A melancolia transmitida pela faixa é excepcional e conseguirá tocar o coração até do mais bruto que aqui ouve esse compacto.
“Mines Of Eloroth” conta com um solo excepcional de Derek Sherinian e seus teclados assombrosos. Repentinamente, Bill Hudson (Doro, NorthLane) e Christian Muenzner (Eternity’s End, Obscura, Alkaloid, Paradox) assumem as cordas aceleradas e frenéticas dessa composição extremamente animal. Os vocais ficam a cargo de 3 grandes nomes, Alessio, Daniel Heiman (ex-Lost Horizon) e Marco Pastorino (Temperance, ex-Secret Sphere) e eles combinam suas vozes de uma forma magistral. Mais magistral ainda é o solo extremamente complexo que Christian apresenta, dando ainda mais qualidade e profundidade ao som épico que é apresentado. Em “Battle for Eloroth”, temos 5 vocalistas excepcionais trabalhando ao lado de dois guitarristas assombrosos. Nos vocais temos Alessandro Conti, Marco Pastorino e Raphael Mendes que já haviam participado, mas agora quem aparece é Brandon Boardman (The Grand Myth) e Melissa Bonny (Rage of Light, Ad Infinitum), o contraste do vocal gutural de Brandon com os demais vocalistas é excepcional e combina de forma excelente com o andamento da música que é ditado por Arjen e Marius! Os vocais de Bert Fjellestad (Guardians of Time) ecoam por toda a extensão de “March Into The Storm” e combinam de forma única com os vocais de Elisa, causando assim um efeito excelente, afinal a extensão vocal de ambos é impressionante. Timo Somers (Delain) assume as cordas e apresenta um solo digno de uma faixa de Power Metal clássico. Em “Bane of Lord Cremotius”, eu ouvi algo que jamais sonhei imaginar, o encontro de Tommy Johansson (Majestica, Sabaton, ex-Reinxeed) e Raphael Mendes. São dois timbres diferentes, mas que combinaram sem se degladiar para ver quem se sobressai. A cargo das guitarras, é claro que Tommy iria aparecer também, mas ao seu lado temos Samuel Lundström (Veonity), uma ótima faixa bem localizada. “The Sarlian Bow” conta com um exército de vocalistas composto por John Rys-Davies, Melissa Bonny, Anniken Rasmussen (Darkest Sin) e Olaf Hayer (Luca Turilli, Symphonity), mas aqui, os vocais femininos tomam conta e deixam a composição se tornar inesquecível. As guitarras são comandadas por Jennifer Batten (Michael Jackson, Jeff Beck) e Robin Malm (Vanquisher), e novamente são um show a parte. Vocês devem achar estranho que ainda não elogiei a bateria e nem o baixo das composições. Tenham calma, já irei falar deles.
Em “Deep in The Mountain”, quem aparece pela primeira vez é o vocal de Herbie Langhans (Firewind, Avantasia, ex-Seventh Avenue), e o faz perfeitamente, sendo auxiliado por Alessandro Conti, que parece fazer dupla perfeita com Herbie. Nas guitarras, Jimmy Hedlund (Falconer) faz um outro show nesta composição épica. Os refrãos dessa faixa são de outro mundo e adentram em seus ouvidos, ficando grudados como cola. “Tomb of The Fallen Kings” conta com um vocalista que eu particularmente acho excepcional. Ralf Scheepers (Primal Fear) é uma voz que distingue facilmente em qualquer ambiente que aparece. Nesta faixa onde ele faz dueto com Marius, é ainda mais visível o quanto sua voz consegue ser única e marcante. Sigurd Kårstad (Darkest Sin) assume as guitarras rápidas e contínuas, mostrando que sabe muito bem o que faz. Depois de 1 hora de audição, e na penúltima canção, é que vem minha primeira crítica ao disco (mas ela é puramente pessoal): a música que mais combinaria com o vocal de Tommy Johansson foi a que ele não cantou. Tudo bem, nem tudo é como nós queremos, certo? Mas mesmo assim, a faixa “Stars Will Light The Way” possui uma dupla excelente de vocalistas, Daniel e Arnaud, que executa notas medianas de forma excepcional e notas agudas absurdamente geniais. O que traz ainda mais qualidade para a composição aqui mencionada, foi a escolha perfeita de guitarrista para esse solo, Jimmy Hedlund novamente aparece e mostra o porque seu nome sempre é lembrado quando se fala de Power Metal.
Para finalizar, Marius apresenta a faixa “For Our King For Our Land”, que conta com no mínimo 10 vocalistas (isso foi o que consegui distinguir) diferentes, os nomes vão de Alessio, Melissa, Jonas, Elisa, Olaf, Peter Danielsen, George Tsalikis (Zandelle), Mikael Holst (Timeless Miracle), John Yelland (Judicator) e Tim Ripper (KK Priest, Spirits of Fire, Charred Walls Of Damned). Os agudos ficam praticamente todos a cargo de Ripper, afinal, sua técnica e força é inegável. Quem aparece para finalizar a parte dos guitarristas convidados, além de Sigurd Kårstad, é Durshan Petrossi (Iron Mask, Magic Kingdom), que com maestria mostra a qualidade de sua técnica e o porque seu nome foi escalado para fazer parte desse time de peso na faixa que fecha o disco. Além dele, Fréderik Enochson (Palantír) também deixa sua marca nesse épico que dá fim a uma trilogia espetacular.
Agora posso fazer milhares de elogios a Bjørn Helge Lervåg (Horizon Project), que conduziu com maestria o baixo durante toda a duração do compacto, as cordas graves foram primordiais para muitas pontes, principalmente, naquelas onde a guitarra mantém bases diretas, sem variações. O peso metálico das cordas graves de Helge foram dosadas e sustentaram perfeitamente não somente as guitarras, mas também a bateria brutal de Ludvig Pedersen (Darkest Sin). Alguns momentos, a velocidade absurda alcançada pelo baterista é de dar inveja no mais rápido baterista de Metal extremo. O trabalho simples, mas bem encaixado, nos pratos é outro ponto alto para Ludvig. Simplesmente, essa dupla trabalhou de forma dura, mas excelente! Além deles, também precisamos mencionar Peter Danielsen que cuidou de quase todos os teclados e orquestrações utilizadas pela banda, ou seja, ele contribuiu mais ainda para que esse full lenght ficasse de alto nível! Ainda é preciso mencionar outro integrante desse disco, Ty Christian (Lords of Trident), que participou dos coros juntamente de Marco Pastorino, Marius e Peter. Para aqueles que querem saber mais da trilogia e das letras das músicas, e saber quem canta o quê no disco, basta acessar aqui .
Realmente, esse álbum veio para encerrar uma trilogia de alto nível, e por isso, ele apresenta um nível excepcional de qualidade.
Nota: 8,8
Integrantes:
- Marius Danielsen (guitarras, vocais)
- Peter Danielsen (teclados, orquestrações)
Convidados e quem fez o que:
Vocais:
- John Rhys-Davies – Lord of the Rings, Indiana Jones
- Ralf Scheepers – Primal Fear, ex-Gamma Ray
- Olaf Hayer – Luca Turilli, Symphonity
- Herbie Langhans – Avantasia, ex-Seventh Avenue, Firewind
- Daniel Heiman – ex-Lost Horizon
- Alessandro Conti – LT’s Rhapsody, Trick or Treat
- Tommy Johansson – Sabaton, Majestica
- Alessio Garavello – ex-Power Quest, A New Tomorrow
- Tim “Ripper” Owens – ex-Judas Priest
- Jonas Heidgert – Dragonland
- Mathias Blad – Falconer
- Elisa Martin – ex-Dark Moor, ex-Fairyland
- Bernt Fjellestad – Guardians of Time
- Marco Pastorino – Temperance, ex-Secret Sphere
- Melissa Bonny – Ad Infinitum, Rage of Light
- Raphael Mendes
- Arnaud Ménard – Alkemyst
- Mikael Holst – Timeless Miracle
- John Yelland – Judicator
- Brandon Bordman – The Grand Myth
- George Tsalikis
- Peter Danielsen – Darkest Sins, Eunomia
- Anniken Rasmussen – Darkest Sins
- Marius Danielsen – Darkest Sins
Guitarras:
- Richard Fortus – Guns N’ Roses
- Jennifer Batten – Michael Jackson, Jeff Beck
- Arjen Lucassen – Ayreon
- Ronni Le Tekrø – TNT
- Tommy Johansson – Sabaton, Majestica
- Bill Hudson – Doro, NorthTale
- Jimmy Hedlund – Falconer
- Timo Somers – Delain
- Dushan Petrossi – Magic Kingdom, Iron Mask
- Samuel Lundström – Veonity
- Christian Münzer – Eternity’s End
- Tim Hansen – Induction
- Fredrik E. Enochson – Palantír
- Robin Malm – Vanquisher
- Daniel Carpenter – Celestivl
- Sigurd Kårstad – Darkest Sins
- Ketil Strand
- Marius Danielsen – Darkest Sins
Baixo:
- Bjørn Helge Lervåg – Horizon Project
Teclado:
- Derek Sherinian – ex-Dream Theater, Kiss, Alice Cooper
- Peter Danielsen – Darkest Sins, Eunomia
Narration:
- John Rhys-Davies – Lord of the Rings, Indiana Jones
- Roger Watson
Bateria:
- Ludvig Pedersen – Darkest Sins
Coros:
- Marco Pastorino – Temperance, ex-Secret Sphere
- Ty Christian – Lords of the Trident
- Marius Danielsen – Darkest Sins
- Peter Danielsen – Darkest Sins, Eunomia
Redigido por Yurian ‘Dollynho’ Paiva