2025 começou com diversos lançamentos de Metal que realmente valem menção. Um deles “In The Vanishing Echoes Of Goodbye”, da banda Labyrinth. O quinteto italiano de Progressive Power Metal está na ativa desde os anos 90 e é figura conhecida na cena, tendo uma discografia composta por trabalhos importantes que sempre apresentam muita qualidade.
O novo disco é sucessor de “Welcome To The Absurd Circus”, lançado em 2021. Nesta análise vamos nos aprofundar na sonoridade intrincada que o Labyrinth traz consigo em “In The Vanishing Echoes Of Goodbye”.
Temas reflexivos para musicalidades complexas
O disco abre com “Welcome Twilight”, que se mostra uma música rebuscada desde a intro. A canção possui algumas passagens complexas mas não se perde em virtuosismo, tendo partes direcionadas ao Speed/Power para contrapor. A letra fala sobre guerra e manipulação de massas, assim como incorpora na letra o antigo provérbio “Si vis pacem, para bellum”, que significa “se quer paz, prepare-se para a guerra”.
“Accept The Changes” capricha no peso, colocando a cozinha da banda em destaque. Dessa forma, as linhas de baixo tocadas por Nik Mazzucconi soam bastante versáteis durante os andamentos, hora sendo velozes e complexas, hora sendo bastante cadenciadas e precisas. Matt Peruzzi brilha nas baquetas, certamente, fornecendo uma base sólida para a composição funcionar. A parte lírica nos conta a importância de termos diferentes ciclos e mudanças na vida. Além disso, ainda menciona a necessidade de continuar seguindo em frente sempre.
A terceira canção é “Out Of Place” e também trata sobre mudanças que acontecem durante nossa existência, assim como a sensação de estar deslocado em alguns momentos. A música tem um andamento mais cadenciado que as anteriores e aqui temos um refrão que realmente pega de jeito o ouvinte:
“Stranger in a world that was once my home
I barely recognize myself
I feel out of place, out of this time
I don’t know whether to stay or run away”
Alternando ritmos, o Labyrinth segura sua atenção
“At The Rainbow’s End” volta com o ritmo acelerado e ajuda a manter o tracklist em alta. O vocalista do Labyrinth, Roberto Tiranti se mostra versátil nessa canção, mandando muito bem tanto nas partes aceleradas quanto nos momentos de maior cadencia da. Ele dá um show de interpretação e consegue transmitir muito sentimento e emoção. A letra é bonita e trata de não se deixar ser enganado e nem se prender a erros do passado.
A quinta faixa é “The Right Side Of This World” e ela rapidamente se tornou uma das minhas favoritas. A canção possui uma guitarra bastante melódica na introdução, se repetindo algumas vezes durante a canção e, desse modo, fazendo-a se tornar memorável. A dupla de guitarristas Cantarelli e Thörsen se esmerou bastante aqui, com riffs muito bem colocados e um solo que joga os fãs fora de suas órbitas.
“It was so long ago
But everything went sour
Showdown, it’s the hour
Don’t look back, use your head
What remains is the last
Chance to break your chains and breathe again”
“The Healing” é mais cadenciada e se beneficia das linhas de baixo e bateria evidentemente marcados e ritmados. A letra é intimista e combina bastante com a melodia, ambas muito bonitas.
Em “Heading For Nowhere”, temos uma composição que puxa para o lado progressivo do Labyrinth. Sendo assim, podemos notar muitas mudanças de andamento e uma grande diversidade de técnicas. O instrumental complexo contrapõe a letra mais simples, que apresenta poucos versos, mas tem muito refrão.

Letras caprichadas que conversam com o ouvinte
Chegamos a “Mass Distraction”, que funciona mais ou menos como a faixa título do disco, já que o refrão da canção contém uma variação do longo título “In The Vanishing Echoes Of Goodbye”. A canção é mais direta, não tendo firulas em demasia durante o andamento. Possui um dos solos de guitarra mais legais do álbum e possui uma letra instigante sobre manipulação e a dificuldade em se livrar do controle.
“Vanishing, as the echo of a goodbye
Standing on the brink ready to fly
Or falling into this mass distraction”
“To The Son I Never Had” é uma balada realmente tocante. A letra trata de um pai aconselhando seu filho, e é fácil de se identificar com ela em diferentes fases da vida. Da para se colocar no papel do filho ou no lugar do pai dependendo da vivência do ouvinte.
O álbum se encerra com “Inhuman Race”, uma baita saideira e uma das canções mais legais do disco, com uma linha de teclado na introdução que é notoriamente digna de destaque. Esta é outra canção que puxa novamente para o lado mais Prog, sendo uma música com diversas partes assim como diferentes direcionamentos. E temos mais uma letra excelente, trazendo reflexões sobre as guerras e sua relação com a humanidade.

Novo álbum não é perfeito, mas surpreende
“In The Vanishing Echoes Of Goodbye” é um álbum com uma boa consistência nas canções. A banda seguiu atingir uma linha mais Power Metal no quadro geral, deixando o Prog focado em algumas canções específicas, o que se reflete em um número alto de momentos épicos e, certamente, refrões poderosos. As músicas contam com bastante peso e pegada, com o baixo e bateria sendo os maiores destaques do material.
Todas as músicas possuem boa base e condução e não deixam de lado a versatilidade quando necessário. O tracklist é eficiente em balancear músicas mais cadenciadas e mais aceleradas, porém em algum momento pode surgir um pouco de fadiga durante a audição, com algumas músicas sendo mais memoráveis que outras.
Os italianos do Labyrinth marcaram 2025 com um disco consistente, com instrumental assertivo e letras atuais com boa margem para reflexões e aprofundamentos mais filosóficos. Com altos e baixos, o disco conta com canções marcantes e algumas tocantes, sendo uma audição indispensável para os fãs de Power Metal, mesmo que não seja um registro perfeito.
Nota: 7,5
Integrantes:
- Roberto Tiranti (vocal)
- Andrea Cantarelli (guitarra)
- Olaf Thörsen (guitarra)
- Nik Mazzucconi (baixo)
- Matt Peruzzi (bateria)
- Oleg Smirnoff (Teclados)
Faixas:
1 – Welcome Twilight
2 – Accept the Changes
3 – Out of Place
4 – At the Rainbow’s End
5 – The Right Side of This World
6 – The Healing
7 – Heading for Nowhere
8 – Mass Distraction
9 – To the Son I Never Had
10 – Inhuman Race