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Resenha: Arch Enemy – “Blood Dynasty” (2025)

É impressionante como determinadas bandas conseguem nos conquistar e outras não. O Arch Enemy chegou ao seu décimo terceiro álbum de estúdio com “Blood Dynasty” e jamais fez parte da lista de bandas as quais admiro, acompanho ou aguardo ansiosamente por um novo registro. E isso não tem a ver com a qualidade técnica ou musical do grupo, já que estas são questões inegáveis sobre o trabalho de Michael Amott e seus comparsas.

O lance é que os discos, por mais competentes que fossem, nunca conseguiram me prender por completo, bem, pelo menos até a chegada de “Deceivers”, disco entregue em 2022. Este foi o álbum que realmente me conquistou e me surpreendeu. Sendo assim, quando “Blood Dynasty” foi anunciado, percebi que tinha uma certa expectativa em cima do disco. Será que o raio cairia duas vezes no mesmo lugar? Vamos descobrir isso agora!

Reprodução/Divulgação

Amadurecimento aliado à evolução musical

Existem coisas que somente a maturidade é capaz de trazer em nossas vidas. Por exemplo, hoje em dia consigo ouvir álbuns de bandas que eu não sou fã, mas analisando a obra em si, despido de julgamentos e preconceitos. Dessa forma, preciso ser justo ao analisar este novo álbum do Arch Enemy. E sim, estamos diante de um excelente disco.

Parece que o amadurecimento da banda chegou ao ponto do grupo não se prender a fórmulas preconcebidas. Eles estão conseguindo criar músicas que, apesar de possuírem direcionamentos distintos, convergem para a construção de uma obra realmente diferenciada. Durante muito tempo, convivi com a sensação de que a banda gravava discos formulaicos e no piloto automático, mas nestes dois últimos é nítida a evolução musical tanto dos integrantes em suas performances individuais como também na parte criativa.

Photo: @jensthepanda

“Blood Dynasty” chegou às lojas e plataformas de streaming no último dia 28 de março através do selo Century Media Records. E a banda hoje é muito mais do que uma mera representante do Melodic Death Metal. O Arch Enemy atualmente trilha o seu próprio caminho, compondo músicas cheias de identidade e se distanciando inegavelmente daquele esquema de faixas feitas para agradar a gravadora e soarem comerciais em demasia. É claro, ainda temos canções extremamente comerciais no disco, mas felizmente elas não soam mais robóticas e sem alma.

Do Death ao Heavy…

O álbum abre com “Dream Stealer”, um dos singles disponibilizados previamente e uma verdadeira pedrada. Aliás, estas músicas viscerais e velozes fizeram muita falta em alguns discos mais antigos do catálogo. “Illuminate The Path” é a próxima e aqui somos obrigados a enaltecer o trabalho de vozes feito por Alissa White-Gluz. A moça tem conseguido alternar vocais limpos com o tradicional gutural de uma forma jamais vista e, inegavelmente, o resultado tem sido bastante satisfatório.

Photo: @jensthepanda

“March Of The Miscreants” inicia com um ritmo quebrado, mas através de seu peso e um refrão muito bom, permite que a audição continue agradável. A faixa depois acelera, ganha novas paisagens musicais e culmina num solo realmente ótimo. “A Million Suns” é uma daquelas que se parecem com a fase formulaica, mas acaba agradando principalmente por conta do refrão marcante. A primeira parte do álbum termina com “Don’t Look Down”, uma das minhas favoritas. Com ótimas linhas de guitarra e um trabalho espetacular da sessão rítmica formada por Daniel Erlandsson (bateria) e Sharlee D’Angelo (baixo).

…e com uma balada no meio

A segunda metade do trabalho inicia com introdução “Pressage”, seguida da faixa título “Blood Dynasty”. E que baita música! Melódica, cadenciada, com um riff que gruda e um refrão contagiante, posso dizer que esta é uma das minhas canções favoritas do ano. “Paper Tiger” chega em seguida com uma veia Heavy Metal aflorada e, justo nas partes do disco em que tinhamos tudo para que as primeiras críticas surgissem, é onde o trabalho mais cresce em termos de criatividade.

Isto se estende a “Vivre Livre”, cover do Blasphème e cantada em francês com uma interpretação brilhante de Alissa. Confesso que quando ouvi esta música pela primeira vez, decretei que era o trecho descartável do álbum, mas depois de diversas audições não sou mais capaz de afirmar tal bobagem. Para encerrar, “The Pendulum” traz ritmos cavalgados e não decepciona, mas a derradeira é “Liars & Thieves”, outra porradaria das boas. Propícia para fechar um álbum que cumpre todas as expectativas.

Photo: @jensthepanda

Que continuem nessa mesma linha

O trabalho de produção de Jens Bogren é reconhecidamente digno de elogios e aqui não foi exceção. O tracklist é muito bem montado e não possui aqueles trechos com músicas dispensáveis colocadas ali somente para embarrigar o disco. O novo guitarrista Joey Concepción tem uma atuação discreta, porém assertiva, traduzindo, não nos fez morrer de saudades de Jeff Loomis.

“Blood Dynasty” mantém o Arch Enemy em uma estrada de evolução que tem agradado bastante. Pode-se dizer que é praticamente uma sequência do que ouvimos em “Deceivers”. Boa pedida inclusive para quem não é fã da banda, assim como eu. Se bem que… se continuarem apresentando registros desta grandeza, tudo pode mudar.

Nota: 8,7

Integrantes:

Faixas:

  1. Dream Stealer
  2. Illuminate The Path
  3. March Of The Miscreants
  4. A Million Suns
  5. Don’t Look Down
  6. Presage (instrumental)
  7. Blood Dynasty
  8. Paper Tiger
  9. Vivre libre (Blasphème cover)
  10. The Pendulum
  11. Liars & Thieves
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