Durante uma entrevista de suas melhores entrevistas, Ozzy Osbourne, o lendário vocalista do Black Sabbath, discutiu sobre sua carreira solo, acusações incentivo ao suicídio através das letras de suas músicas e se há mensagens subliminares escondidas nelas. Relembraremos a seguir, trechos da entrevista de Ozzy Osbourne ao Spin, em 1986.
Você acha que alguém já colocou alguma mensagem secreta em seus registros?
“Tenho certeza de que eles fizeram isso depois que as pessoas começaram a alegar que havia mensagens secretas ali. Eu honestamente acredito que as pessoas não entendem que assim que elas têm uma ideia — elas, não nós — sempre há um sujeito pequeno em uma banda de rua pensando, ‘Foda-se, eu quero estar onde Ozzy está — eu farei isso!
“Você pode fazer o que quiser do que quiser. Estão tentando me processar na Califórnia sobre esse garoto que atirou em si mesmo. Diz em uma linha, ‘Breaking laws, Knocking doors, But there’s no one at home, Make your bed, Rest your head, But you lie there and moan, Where to hide, Suicide is the only way out’, ou algo assim. Mas esse é um parágrafo da música, e a música é sobre alcoolismo. O perigo do álcool. Uma certa porcentagem de alcoólatras não aguenta mais, e eles pulam de um prédio. Eles não conseguem mais viver com isso. Mas a imprensa pega uma linha em uma música e continua enfiando goela abaixo das pessoas. Eles estão dizendo que essa porra de música forçou esse garoto a atirar em si mesmo. O garoto estava muito doente da cabeça muito antes de ouvir um disco do Ozzy Osbourne. Por que eles estão tentando nos colocar isso? Para ser Ozzy Osbourne, você tem que ser alguém especial. Porque eles te acertam com tanta merda… se você fosse mole em algum lugar, se você fosse suscetível, um ímã para emoção, você estaria morto. E eu não posso de jeito nenhum assumir a responsabilidade por um cara que coloca uma arma na cabeça dele. Um cara em Nova York alguns meses atrás recebeu uma grande demanda de imposto, e ele não conseguiu pagar, e pulou da janela de um apartamento de 50 andares. O que a esposa dele faz? Processa o governo!”
“Você vê um garoto perfeitamente normal ali que não mostra nenhum sinal de depressão – feliz. Então, seis horas depois, ele está morto. Ninguém consegue explicar. A única coisa que sabemos é que ele estava ouvindo essa música.” – Sr. McCullum
“Eles sabiam que esse disco iria encorajar ou promover o suicídio… Acho que temos, nesse caso, forças opostas: Satanás e Deus.” – o advogado dos McCullums
“A foto da polícia mostra que os fones de ouvido ainda estavam quando ele morreu.” – Sr. McCullum
“Está ficando louco. É como assistir à ascensão e queda do Império Romano. Sendo um estranho… Quer dizer, passo muito tempo na América, mas sou uma pessoa estrangeira… e realmente amo este país… mas observando as diferentes mudanças políticas e modas, vejo que vai de rostos felizes para raiva. Não sei por que eles estão com raiva. Se estão ficando chapados com alguma coisa estranha ou o que, não sei. É meio radical.”
Há músicas que você não faz mais porque é uma mensagem que você não quer mais projetar?
“Não. De repente, percebi que quando eu era viciado em drogas, eu costumava escrever coisas como ‘Flying High Again’, ‘Snowblind’, toda essa merda. E na outra noite, pensei: ‘Porra, eu canto uma música para isso e logo depois canto uma música contra isso.’ Mas a questão é que está tudo bem. Porque era onde eu estava quando escrevi isso, então por que não deveria fazer isso? É parte da minha vida. É parte do que eu sou e do que serei. Posso começar a cantar músicas religiosas. Acho que não, mas se eu escolher, por que não? Pensar que você não pode cantar coisas do seu último álbum porque agora você é um homem diferente é besteira. Se eles são bons o suficiente para escrever e bons o suficiente para ouvir e comprar, então eles são bons o suficiente para cantar no palco, sabe? Não tenho vergonha de nada que fiz no passado.
“Todos nós temos um pequeno esqueleto em nosso armário que pensamos, porra, não quero falar sobre isso de novo. Mas isso realmente não me incomoda, se eu puder evitar. É como dizer, ‘Eu queria não ter comprado um carro vermelho.’ Você o comprou, então dirija.
“Sou cristão. Fui batizado como cristão. Costumava ir à escola dominical. Nunca me interessei muito porque… não me interessava. Minha ideia de céu é se sentir bem. Um lugar onde as pessoas são legais umas com as outras. Este mundo me assusta pra caramba. Estamos todos vivendo no barril de pólvora. É como se houvesse algum maníaco em algum lugar tentando inventar um novo meio de destruição. Sempre me espanta que a humanidade sempre vá atrás dos maiores e mais poderosos meios de destruição antes de encontrar algo bom. São sempre as coisas negativas que eles encontram primeiro. Desde que tive filhos, pensei: ‘O que estamos deixando para essas pessoas? Nada.’ Que futuro temos para a humanidade.”
Andreas Vollenweider disse: “Eu não tocaria no mesmo palco que o Black Sabbath ou qualquer outro grupo com uma abordagem negativa inconsciente tão óbvia.” Você acha que tem uma abordagem negativa inconsciente?
“Essas pessoas são tão ignorantes. Elas nunca ouviram a banda. Elas olham para a capa do álbum e acham que é uma merda. Elas deveriam parar e ouvir as letras. Eu escrevo tantas coisas positivas! Alimento para o pensamento. Como ‘Killer of Giants’, ‘Revelation Mother Earth’, ‘War Pigs’ – eu poderia continuar por anos. Se alguém pensa por um minuto que eu sou uma pessoa negativa, então eles estão ferrados. Porque eu não sou uma pessoa negativa. Eu sou uma pessoa muito verdadeira, fiel ao que eu acredito. Eu só posso fazer o que eu acredito. Se eu fosse uma farsa no que eu estava fazendo, eu não conseguiria fazer isso.”
O que seu público tira da sua música?
“Energia. OK, eu menciono a palavra ‘morte’. Eu menciono a palavra ‘mal’, mas no contexto da história, é como Mary Had a Little Lamb. Todos eles acham que eu estou cantando, ‘Satanás, Satã, Satã, Satã… morte, assassinato, assassinato.’ Eles acham que é tudo o que sai da minha boca. Eles nunca param para ouvir. Eles já me pré-julgaram e me julgaram, e eu não vou ficar sentado lá tentando me defender. Qualquer um que conheça Ozzy Osbourne e saiba do que eu estou falando me conhece de qualquer maneira. E se fazer o que estou fazendo é errado, me desculpe.”
Existem grupos negativos?
“Eu realmente não sei. Eu nunca julgo nada. Eu sempre acho que se as pessoas gostam, tem que ter algo bom nisso. Eu não gosto de certas coisas – thrash metal é muito intenso para mim, e punk é ainda pior. Mas é disso que eu não gosto.
“Eles estão me dizendo que estou colocando ideias de pessoas atirando em si mesmas em suas cabeças. Eu estava assistindo MTV outro dia, e havia uma banda chamada Pet Shop Boys, e você quer ouvir a letra de abertura dessa música? ‘‘There’s a madman in town/ Put a gun to your head/ Pull the trigger.’ Algo assim. Eu pensei, meu Deus, isso provavelmente está passando por cima das cabeças deles, mas se fosse Ozzy Osbourne cantando essa música, eu teria peregrinos no hotel em um minuto.
“Não estou sóbrio. Ainda bebo. Não tanto. Quando eu estava drogado, sempre tentava nunca subir no palco chapado. Eu costumava ficar chapado depois do show. A razão pela qual parei de usar drogas foi porque estava entediado. Estava entediado de ficar entediado, doente e cansado de estar doente e cansado. Eu deveria tentar parar com a bebida, mas preciso me soltar um pouco. Não bebo tanto álcool forte quanto costumava. Bebo um pouco de vinho e algumas cervejas. Não é tão ruim quanto era. Eu não deveria estar fazendo isso. Eu deveria estar totalmente sóbrio. Não consigo lidar com isso. É uma coisa difícil de fazer.
“Se o inferno é pior do que este lugar, então aqueles de nós que vão para o inferno estão em uma jornada difícil, baby. O inferno, para mim, é um holocausto nuclear. É o maior medo que tenho como homem. Preocupa-me profundamente que todos nós vamos explodir em merda. E isso vai acontecer, eu acredito. Eu posso ver que vai acontecer. Perguntei ao meu antigo baterista Tommy, ‘Você acha que eles vão usar a bomba atômica?’ E ele disse, ‘Ozzy, eles nunca fizeram uma arma que não tenha sido disparada com raiva. ‘Eu pensei, ‘Merda, isso mesmo, cara.’
“Eu prefiro que as pessoas se livrem de sua agressividade em um show do Ozzy do que bater na cabeça de uma senhora idosa e fugir com sua bolsa. É uma liberação de agressividade. É uma agressividade embutida. Por que eles fazem os jovens se juntarem ao exército? Porque um cara mais velho pensa, ‘Foda-se! Eu não vou passar por essa colina. Você acha que eu sou louco?’ E um cara jovem vai, ‘É! Vamos pegá-los.’
