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Opinião: quem deve sustentar o artista?

Quem deve sustentar o artista?

Lembro que em 2006, assisti ao Uriah Heep no extinto Via Funchal e o público presente não passava de 300 pessoas. Detalhe, o ingresso estava a um preço bem acessível para a época. Oito anos mais tarde, os assisti novamente na Virada Cultural de São Paulo/SP, evento pago com dinheiro de impostos.

O público estava bem mais numeroso dessa vez, creio que umas 2000 pessoas estavam presentes no momento do show. Foi possível constatar que eram conhecedores da banda, pois entoavam os refrãos em uníssono.Entratanto, naquele instante, mesmo com a emoção de fã com aquele repertório clássico sendo executado, me veio a pergunta, por que não fizeram o mesmo, nove anos antes, no Via Funchal?

URIAH HEEP / Mick Box / Bernie Shaw / Divulgação

Reflexão importante

Eis que essa questão me levou a várias reflexões posteriores sobre o tema. O primeiro questionamento foi, é cultural do público brasileiro assistir a eventos “gratuitos” (na verdade, pagos com dinheiro roubado dos impostos)?

A resposta concreta ainda não encontrei, pois, toda generalização é burra, porém notei que essa tendência daqui não vem só do público, mas também dos próprios artistas. Muitos deles, não sei precisar uma porcentagem, ao invés de buscar o aperfeiçoamento do seu trabalho para atingir o seu target e construir uma base de fãs que compareça as suas apresentações e os sustente, preferem tentar encaixe em algum projeto público de “apoio à cultura”, receber um cachê que não seria recebido através do mérito de seu trabalho e tocar para bastante gente que se recusa pagar para vê-lo, mesmo que estejam pagando por isso, inconscientemente.

Quem deve sustentar o artista?

O pensamento do público casa com o pensamento do artista. Já que ambos querem que alguma entidade faça por eles o que eles deveriam fazer por si mesmos. Nesse caso, a preocupação com qualidade da música fica em segundo plano, já que sempre haverá alguém para garantir que os eventos aconteçam e para assistir “de graça”, qualquer coisa serve, não é necessário agradar e tampouco há preocupação com a evolução da arte como produto a ser consumido.

VIRADA CULTURAL SP/SP 2014 / Divulgação

E essa mentalidade brasileira não se resume a música. Basta analisarmos o que acontece no cinema nacional. As produções sempre requerem financiamento estatal, pois não se sustentam com a bilheteria, já que não pensam na criação de um produto que agrade os telespectadores, mas sim em transmitir alguma mensagem ideológica ou de vanguarda. Tanto que precisaram de uma lei protecionista para garantir o seu espaço obrigatório nas salas de cinema e canais fechados.

Se uma obra precisa ser subsidiada ao invés de sustentada por seu público alvo, ela sequer merece existir.

Em suma, para bons entendedores, meias palavras bastam!

Redigido por: Cristiano “Big Head” Ruiz

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