É um consenso no mundo da música pesada que o marco zero do Heavy Metal é o disco autointitulado do Black Sabbath, lançado em 1970. Porém, em anos anteriores, algumas bandas já produziam músicas que podemos considerar grandes preparações do que estaria por vir.
E isso não desmerece o disco de estreia do Sabbath, já que ele é inteiro composto por músicas pesadas enquanto os demais possuíam uma música ou outra em específico que poderia ser rotulada como um proto–Metal.

Se a questão quanto ao marco zero do Heavy Metal está praticamente liquidada, há uma outra discussão que está longe de termos um entendimento: qual foi a banda que deu início ao ocultismo no Rock?
Sabemos que o Black Sabbath sequer era uma banda satanista como muitos pensavam na época. Eles simplesmente se utilizavam de uma estética mais sombria, letras assustadoras e as músicas possuíam climas e atmosferas diferentes.
Mikael Åkerfeldt, vocalista, guitarrista, compositor e líder do Opeth, em uma nova entrevista à revista Metal Hammer, menciona uma banda anterior ao Sabbath. Eles não foram tão famosos, é verdade, mas seu fascínio pelo ocultismo era genuíno.
Åkerfeldt considera que “Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls”, do Coven, lançado em 1969, é o marco zero do Occult Rock. O Sabbath pode levar os louros quanto ao Heavy Metal, mas a temática obscura do Coven veio primeiro.

Para o líder do Opeth:
“Este foi o primeiro álbum desse tipo. Não consigo pensar em nenhuma outra banda como eles daquela época. Claro, em toda a coisa satânica eles foram pioneiros.
O Black Sabbath só tinha uma música sobre o tema do ocultismo. O Coven tinha uma missa negra de 13 minutos ao estilo palavras faladas no lado B do álbum. Há algumas ótimas músicas lá, como ‘White Witch Of Rose Hall’. E as letras são intrigantes. Elas são como breves romances de terror.
Musicalmente, tinha mais afinidade com as bandas da Costa Oeste, como Jefferson Airplane, do que com Sabbath. Tinha uma forte vibração hippie com algumas letras bem desagradáveis, mas não era uma vibração tão hippie assim.
A entrega vocal de Jinx Dawson é inigualável, e há algumas harmonias vocais super legais lá.”

O músico ainda menciona que o debut do Coven não é um álbum de fácil assimilação e necessita de mais tempo investido nas audições:
“É um disco estranho no geral. A maioria dos discos estranhos precisa de algum tempo para amadurecer até que as pessoas percebam que é um marco em potencial. Eles provavelmente causaram um certo impacto no meio da cena de canções de protesto do Vietnã e das coisas hippies genéricas sobre ficar chapado e fazer amor. E ainda é revigorante até hoje.
Por que é um marco tão grande? A resposta curta provavelmente seria: Satanás e Jinx Dawson.”