Luigi Ansaldi, baterista e compositor do Cathalepsy, banda chilena de Power Metal, cedeu entrevista ao redator do Mundo Metal, Cristiano Ruiz, falando sobre o lançamento de seu segundo full lenght, “Blood & Steel”, o qual foi lançado no dia 14/7/2023, pelo selo ROAR e, além disso, respondendo questões sobre sua história dentro de seu específico subgênero. A fim de saber mais, confira o nosso bate-papo abaixo.
Atualmente, Cathalepsy conta com o seguinte line-up:
Luigi Ansaldi (bateria, composição) e Fabián Valdés (guitarra, baixo). Inicialmente, além de Ansaldi, Andre Marcello (guitarra), Eric Galdyanz (vocal) e Miguel Angel (baixo) compunham a formação do Cathalepsy.
Questões:
Mundo Metal: sabemos que 18 anos separaram o primeiro do segundo full lenght do Cathalepsy, sendo assim, o que você fez musicalmente nesse hiato?
Ansaldi:
“Não fiz muita coisa nesse período, houve uma tentativa de voltar aos trilhos com a banda há alguns anos, na verdade tocamos ao vivo, mas não deu certo, então resolvi colocar Cathalepsy em um hiato, ainda mais porque tive que me afastar da música, pois foram tempos bastante complexos para mim, tive que me dedicar a outra profissão que tenho relacionada ao marketing, no meu país é muito difícil se dedicar à música, salvo que você faça aquela música que não tenha qualidade, daquela música que não exija talento para compor, escrever e muito menos tocar, senão a opção de dar certo aqui é quase nula, mas um dia eu decidi, mandei tudo para o inferno e fui em busca do sonho.”
Mundo Metal: na atualidade, só você e Fabián Valdés compõe Cathalepsy, no entanto, há algum plano para excursionar com uma banda completa?
Ansaldi:
“Sim, está nos planos tocar ao vivo e espero que isso possa acontecer em breve, mas será com um incentivo especial, dado o formato do Cathalepsy, o plano é formar uma banda estável de cerca de 4 músicos, e para os shows convidar músicos locais reconhecidos ou de bandas reconhecidas dos lugares que visitamos, uma dupla de vocalistas, alguns guitarristas, fazem do show uma ótima experiência, algo atrativo para quem assiste, uma “festa de mMtal”, por exemplo se fôssemos ao Brasil, seria ótimo convidar o Thiago (que ótimo vocalista) que participou do álbum e alguns outros músicos locais, seria uma ótima experiência para nós e para o público. Seria ótimo tocar no Brasil.”
Mundo Metal: “Blood & Steel” conta com diversos músicos convidados renomados na cena Metal mundial, dessa forma, como ocorreu o processo de fazer todos esses convites?
Ansaldi:
“Tentei primeiro com músicos chilenos e não deu certo, literalmente de um dia para outro resolvi fazer com músicos reconhecidos internacionalmente, foi uma loucura, um sonho, algo impossível deste lado do mundo pela magnitude do projeto, mas eu tinha tanta confiança que nunca duvidei do material, simplesmente entrei em contato com eles, enviei o material e pronto, convenci-os com a música e então interagindo constantemente com esses grandes músicos foi mais fácil recrutar e aconteceu tudo, na verdade o primeiro que gravei foi um dos meus vocalistas preferidos de todos os tempos, entre amigos brincamos: ‘você imagina esse cantor nessa música’ bom eu fui atrás daquele cantor e ele aceitou tudo e aí eu não parei por ai, eu fui atrás de todos que eu queria. No álbum está wurm tem que estar lá, não tem ninguém listado pelo nome, todos foram escolhidos porque eram os certos para a música que participaram e é por isso tudo parece fluido, nada é forçado em ‘Blood And Steel'”
Mundo Metal: Aliás, houve dificuldades de gravar todas essas participações especiais?
Ansaldi:
“Não houve dificuldades, mas demorou muito para gravar todo mundo devido ao número de músicos participantes, alguns takes foram de primeira, outros tiveram que pedir alteração, outros pedi para gravar uma ideia nova do que foi composto para melhorar, etc., todos muito profissionais, com muita boa vontade e vontade de estar neste projeto, houve alguns inconvenientes, mas são coisas normais em projetos tão grandes, mas no geral correu tudo muito bem.”
Mundo Metal: conte-nos sobre as oito composições do “Blood & Steel”. Elas tinham sido trabalhadas enquanto o Cathalepsy estava inativo entre 2010 e 2019? Ou começaram a ser produzidas logo após o retorno em 2019?
Ansaldi:
“Tem duas músicas do álbum que compus na antiga fase do Cathalepsy, melhorei elas e reescrevi a letra completamente, o resto compus quando resolvi fazer um novo álbum na época da reunião fracassada da banda, juntei um home studio bem pequeno na minha casa (lugar sagrado onde a magia acontece) e entrei no mundo da composição e fiz isso bem rápido, demorei cerca de um mês para terminar as demos, escrevi todas as letras ao mesmo tempo. Compus as músicas, algumas letras dão continuidade à história contada no álbum anterior, inventei o personagem principal que é Hammer Heart, que é um sobrevivente da guerra contada no primeiro álbum e que estará presente no próximo álbum também. Um bom amigo.”
Mundo Metal: como a impresa musical, de modo geral, recebeu “Blood & Steel”, foi de acordo com as expactativas pré-lançamento?
Ansaldi:
“A recepção da crítica foi verdadeiramente notável. Quando o primeiro single foi lançado, criaram-se enormes expectativas por todo o lado e quando o álbum saiu, muitas notícias começaram a sair e a falar de ‘Blood and Steel’ em todas as partes do mundo, em países que tinham nunca imaginei, as críticas foram incríveis e sim, superou as nossas expectativas, a verdade é que quando a notícia foi anunciada pensei que iria causar um impacto maior pela quantidade de músicos renomados e isso não aconteceu, mas não foi nada mais que o álbum saiu e tudo explodiu, Cathalepsy começou a aparecer em todos os lugares, literalmente em todo o mundo, nas revistas mais importantes como a Metal Hammer e três vezes em versões diferentes, inclusive uma na tradicional revista de papel e por mérito próprio, sem pagar um peso sequer, pois o que é bom conquista através da música.”
Mundo Metal: de que forma Fabián Valdés (guitara, baixo) ingressou no Cathalepsy?
Ansaldi:
“Quando terminei as demos e estava com a demo pronta, fui para o estúdio gravar a bateria, assim que terminei, comecei a procurar músicos, liguei para um amigo, mostrei as músicas para ele e disse que precisava de um guitarrista com essas músicas específicas características. Ele me respondeu que conhecia dois, mas depois de um tempo ele me diz: ‘mas você sabe, é esse que você está procurando’ e esse era o Fabián, conversei com ele e o chamei para minha casa, eu mostrei as músicas para ele e ele se juntou a nós, imediatamente, nessa aventura, mas no começo só como guitarrista, um dia X precisávamos gravar o baixo de duas músicas e ele me perguntou, ‘devo gravá-las?’ Eu pensei, bem, vamos ver o que acontece e o que ele me mandou era exatamente o que eu precisava, então liguei para ele ou escrevi para ele, não me lembro e disse a ele, você vai gravar todos os baixos desse álbum e bem agora Fabian é um membro estável do Cathalepsy.”
Mundo Metal: agora que o segundo álbum, finalmente, saiu, quais os planos para o futuro do Cathalepsy? Há algum material pronto para outro futuro lançamento?
Ansaldi:
“O plano é começar a tocar ao vivo e lançar mais um álbum, já estou escrevendo a história que continuará alguns anos depois do que foi contado em algumas músicas do ‘Blood And Steel’, serão cinco capítulos divididos em cinco músicas, haverá mais músicas no álbum além dessas cinco, mas essas terão um tema livre, não terão relação com a história, com certeza alguma música bem Metal, com aquele tema que os metalheads gostam tanto como ‘Heavy Metal Faith’. Tenho a ideia de como será o álbum novo, em breve começarei a compô-lo, já tenho algumas ideias e o rumo que irei tomar com esse novo álbum é menos claro, haverá músicas diretas e outras nem tanto muito, com estruturas mais complexas. Será Cathalepsy.”
Mundo Metal: esse espaço é para que você avalie a entrevista e diga o que sente vontado sobre a banda, assim como sobre a cena Metal de modo geral?
Ansaldi:
“Só para agradecer a divulgação que vocês têm dado ao álbum, é uma honra para nós que no país com as bandas de Metal mais emblemáticas da região, vocês tenham tanta consideração por um álbum que não foi feito na sua terra. Estou muito satisfeito com o que conseguimos com a banda, mas é o começo, vamos buscar mais, daremos mais Metal num futuro próximo a todos aqueles que gostam de Cathalepsy e espero em breve apresentar o material ao vivo, na primeira oportunidade voaremos para o Brasil para tocar.”
“Em relação à cena Metal, posso dizer que atravessa um bom momento, principalmente o internacional (fora da América Latina), que atualmente está com muito boa saúde, a nível de bandas que são muitas, muito boas e para todos gostos e ao nível dos eventos está no seu melhor, talvez para nós latino-americanos a tarefa pendente sejam os eventos organizados com bandas locais, nesta parte do mundo há muito Metal, excelentes bandas, grandes músicos, mas você tem comprar um ingresso e ir ver essas bandas também galera!, não só aquelas que vêm da Europa, EUA, etc. Bom, só falta continuar curtindo isso que tanto gostamos, seja qual for o gênero, tem Metal para todos e por muito tempo.”
Mundo Metal:
Ficamos extremamente contentes quando fizemos a audição do “Blood & Steel” do Cathalepsy, ainda que tenhamos uma prolífica escola de Power Metal aqui, é sempre bom ver cada sub gênero do Heavy Metal crescendo e produzindo excelência em cada parte mundo. Assim sendo, é nós que agradecemos pelo alto nível de seu trabalho e sua dedicação.
Entrevistado: Luigi Ansaldi, baterista e compositor do Cathalepsy
Entrevistador: Cristiano “Big Head” Ruiz
Suporte: Fábio Reis