Vivemos em um mundo onde existe uma disputa quase irracional pela atenção. E alguns artistas parecem não se importar em desagradar sua própria base de fãs quando o assunto é trazer os holofotes para si.
Nós do Mundo Metal, acreditamos que uma banda ou artista deve aparecer e ser comentado por conta de seu trabalho musical, mas é um fato que se meter em confusões, polêmicas e se colocar em situações pitorescas, gera muitos cliques.
E não podemos ser inocentes, os cliques engajam e colocam as pessoas em evidência. Sabe aquele velho ditado que diz, “falem mal, mas falem de mim”? Ele é verdadeiro. E sabemos que o marketing positivo funciona tão bem quanto o marketing negativo. Obviamente que os músicos também sabem disso e a corrida pela atenção é acirrada.
Por diversas vezes ao longo da história, vimos astros do Rock e do Metal internacional ganharem as manchetes por comportamentos detestáveis, declarações infelizes ou ações inconsequentes. E como nada se cria, tudo se copia, os artistas do nosso Metal nacional parecem estar aprendendo muito bem a complexa arte de se transformar em caricaturas.
São muitos momentos engraçados, descabidos e, claro, que te fazem sentir uma enorme vergonha alheia. Mas tudo isso tem o respaldo de muitos fãs que se comportam como receptores entusiasmados de qualquer coisa entregue por seus ídolos.
Logo que um integrante de banda resolve se aventurar por estradas tortuosas e começa a ser criticado por algum ato ou fala, lá estão os fãs, aqueles do tipo “advogados de defesa”, para passar aquele pano e tentar justificar as ações do músico. É engraçado e acontece muito.
Separamos aqui alguns momentos de pura vergonha alheia envolvendo músicos ou pessoas envolvidas com o Metal nacional. Aperte os cintos, pois esta viagem trará muita turbulência!
Andreas Kisser e Ivete Sangalo
No último dia 20 de dezembro de 2023, o guitarrista do Sepultura, Andres Kisser, participou de um show da cantora de Axé, Ivete Sangalo. Kisser sempre foi visto pelo público do Metal como um tremendo “arroz de festa”, aquele cara do tipo “topa tudo”. E dessa vez ele realmente se superou.
Apesar de muita gente ter passado um pano dizendo que se tratava de um trabalho como outro qualquer e que, provavelmente, ele recebeu um cachê para estar ali, o público que realmente consome a música de Kisser não viu com bons olhos e achou a participação vexatória. Um tremendo mico para ele e, de tabela, para os fãs do Sepultura.
É claro que o músico não concorda com isso, afinal, ele disse o seguinte em uma entrevista ao Canal da Ludy:
“Foi lindo demais. Um privilégio, uma honra subir naquele palco com a Ivete, num show daquele no Maracanã. Ainda estou impactado com essa experiência, em trabalhar mais de perto com ela, que é um fenômeno, ver de perto toda a energia, todo o controle de tudo que ela tem ali, e do jeito que sai, do jeito dela, único. Para mim foi uma das melhores experiências que eu tive em toda a minha carreira. E sou muito agradecido a ela”
Reveja se for capaz:
Edu Falaschi e Calcinha Preta
As bandas de Forró, há algum tempo, tem investido em versões de músicas reconhecidas do Rock. Verdade seja dita, já assassinaram canções do Scorpions, Guns ‘N’ Roses, Europe, Bon Jovi e muitos outros. Foi então que o Calcinha Preta teve a brilhante idéia, “por que não assassinar uma música do Angra?”. E assim foi feito com “Agora Estou Sofrendo”, versão medonha para a baladinha “Bleeding Heart”.
O problema é que o ex-vocalista do Angra, Edu Falaschi, entrou em contato com o vocalista do Calcinha Preta, Daniel Diau, em 2020, e convidou os forrozeiros para cantar a música junto com ele. Sim, partiu do Edu. Veja o que disse Daniel Diau em um podcast:
“Eu estava em um restaurante, quando recebi uma mensagem no meu celular. Olhei, vi que era do Edu Falaschi, da banda Angra. Na hora eu pensei que era um trote.”
Bem, a versão oficial lançada pelo Calcinha Preta com a presença de Falaschi veio apenas em 2024 e está disponível no link abaixo. Se eu fosse você, não clicaria!
Fernanda Lira no show da Beyoncé
Você pode até defender, pode inclusive vir aqui e argumentar sobre como os headbangers são chatos e que não tem nada demais gostar de outros estilos musicais. E provavelmente nós vamos até concordar com você, mas… este meme será eterno e nada vai mudar isso!
Chupa rola de gringo (by Edu Falaschi)
Bem, muito antes de gravar com o Calcinha Preta, em 2008, Dudu Falaschi decretava a morte do Metal nacional por conta de um evento mal sucedido envolvendo artistas e bandas que, segundo ele, mereciam mais respeito e apoio do público brasileiro.
Em meio a falas precisas, o músico exagerou e muito na dose e disse um monte de groselhas. A mais notória foi a “célebre” afirmação de que “brasileiro é chupa pau e chupa rola de gringo”.
O assunto é polêmico, muita gente concorda com Edu, nós achamos que ele foi extremamente infeliz em boa parte das suas falas. Mas como o assunto aqui é vergonha alheia, o que nós queremos saber é: você já chupou a rola de um gringo hoje?
Pix da Fernanda Lira
Depois de se emocionar no show da Beyoncé, Fernanda Lira, vocalista e baixista da banda Crypta, decidiu tomar uma decisão muito importante em sua vida. Aos 35 anos, a moça decidiu que era hora de, finalmente, morar sozinha. E ela teve a “brilhante’ ideia (só que não) de pedir ajuda aos fãs para efetivar tal intento e criou uma chave pix para que as pessoas pudessem doar valores que ela usaria para mobiliar sua nova casa.
Obviamente, a atitude pegou muito mal e a internet não perdoou. O post virou uma verdadeira guerra entre os críticos e os “advogados de defesa” de Lira. A própria chegou a dar respostas um tanto truculentas há alguns fãs e este foi o assunto do momento durante alguns dias. O resultado é que Fernanda apagou o post polêmico, fez um outro se justificando, depois gravou um vídeo bem constrangedor pedindo desculpas. Por fim, o dinheiro arrecadado (pouco mais de 6 mil reais) acabou sendo doado para uma ONG.
A discussão à respeito da moça estar certa ou errada será eterna, assim como os impagáveis memes que surgiram. Vamos relembrar os posts e os memes?
Gordo, traidor do movimento
Esta é um verdadeiro clássico! João Gordo, vocalista da banda Ratos de Porão, no final dos anos 90 e início dos 2000, teve alguns programas veiculados a saudosa MTV Brasil. Um deles foi o “Gordo a Go-Go”, e em 2003, o convidado foi o ator Dado Dolabella. A entrevista acabou não indo ao ar na época por motivos óbvios, mas tempos depois a MTV resolveu deixar que o episódio fosse assistido pelos internautas.
A entrevista começou tensa e culminou numa troca de insultos entre João e Dado, que quase foram as vias de fato. O ator chamou Gordo de “traidor do movimento punk”, que por sua vez retrucou chamando o ator de “playboyzinho de merda”. Mas não precisamos descrever quando podemos assistir, não é mesmo? Bora de clássico!
Andreas Kisser relativizando tudo no Amplifica
Os guitarristas Andreas Kisser (Sepultura) e Silas Fernandes, recentemente, estiveram no podcast Amplifica, apresentado pelo também guitarrista, Rafael Bittencourt (Angra).
Os temas do debate variaram entre o uso da tecnologia, uso das redes sociais, geração Z e outros. Acontece que os músicos pareciam não se entender e, curiosamente, Andreas Kisser, que sempre pareceu ser um cara coerente, começou a questionar coisas absurdas e relativizar absolutamente tudo.
Acreditem, ele fez isso até mesmo quando os assuntos eram científicos e factuais, relativizando inclusive coisas como “terra plana”. O resultado foi uma discussão sem nexo, com Kisser tentando impor sua argumentação, Rafael passando um pano e Silas com cara de “o que eu estou fazendo aqui?”.
Abaixo está um pequeno trecho do programa pra vocês sentirem o nível:
MOA, o Wacken brasileiro
Pra finalizar os momentos vergonha alheia, não podemos esquecer do festival brasileiro que tinha tudo pra dar errado e… deu errado mesmo.
Desde o começo, foi feita uma força enorme para tentar vincular o MOA (Metal Open Air) ao Wacken Open Air. O negócio foi explorado de uma forma tão grotesca que o próprio Wacken resolveu emitir uma nota oficial para se desvincular por completo do evento. Abaixo, um trecho do comunicado:
Devido aos recentes rumores circulando pela internet sobre Wacken Rocks Brazil e Wacken Rocks Chile fomos forçados a nos pronunciar sobre o fato. Parece que existe um festival de metal que irá acontecer na América do Sul e está utilizando a marca W:O:A para sua divulgação.
Vimos através desta, informar que não temos nenhuma associação ou conexão com este possível evento. Este evento não foi organizado ou autorizado pelo Wacken Open Air. Os organizadores foram advertidos e lhes foi enviado estritas adversões sobre a não utilização de nossa marca em qualquer tipo de mídia.
Bem, o MOA aconteceria no Maranhão, no ano de 2012 e, à princípio, seriam três dias de festival. Os organizadores anunciaram um cast recheado de bandas internacionais de grande porte. Nomes como Destruction, Exodus, Megadeth, Symphony X, Grave Digger, Anthrax, Blind Guardian, UDO, Exciter, Obituary, Saxon, Fear Factory, Venon e muitos outros, foram confirmados.
Mas no final das contas, o evento não cumpriu com praticamente nada do que foi prometido. A estrutura no local se mostrou completamente precária, a maioria das bandas não foram pagas e, obviamente, cancelaram as apresentações. Rolou tensão, discussões, cobranças, quebra quebra, revolta e, depois de um primeiro dia de evento sofrido, o festival foi cancelado.
Os dois principais organizadores do MOA foram Felipe Negri e Natanael Jr. A maioria das pessoas que compraram os ingressos para o evento, até hoje, mais de dez anos depois, ainda não receberam reembolso.
MOA parte II – A missão!
Natanael Jr ainda teve a coragem (e a cara de pau) de organizar mais dois eventos depois disso, o Maranhão Open Air. O pior de tudo é que as pessoas caíram no papo do cara de novo… E sério, não estamos aqui para passar pano, mas ele fez isso com o apoio de boa parte da mídia dita especializada. O cara esteve em uma boa quantidade de canais e o festival foi divulgado em muitos sites (principalmente, os grandes). O resultado vocês já devem imaginar.
O primeiro evento ocorreu com problemas, mas ocorreu. Já o segundo, que era pra ter rolado em 2023, foi cancelado novamente. Abaixo, está a nota emitida pela “organização” do evento:
A organização do festival Maranhão Open Air 2023 (MOA) vem por meio desta nota lamentavelmente informar que o festival está cancelado.
Ressaltamos que a produção fez o possível para manter o festival mesmo após a baixa venda de ingressos antecipados. Medidas como reduzir o número de bandas e reformular tudo para um dia, não foram suficientes para dar continuidade a esta edição.
Vale a pena esclarecer que todo o dinheiro de ingresso será devolvido. Pedimos um prazo de 30 dias para o início da devolução dos ingressos, pois em virtude do alto investimento feito até agora, não será possível realizar a devolução de forma imediata.
Agradecemos a todos que acreditaram e confiaram no MOA 2023.
Por todo o respeito que temos pelo nosso público pedimos nossas sinceras desculpas.
A produção
Bem, já se passou quase um ano e gostaríamos de saber se alguém recebeu o reembolso. Nós já sabemos a resposta, mas mesmo assim, deixe seu relato no espaço destinado aos comentários.
Vi uma entrevista do Massacration para uma repórter de Brasília-DF e não ficou legal…a repórter tentando fazer o seu trabalho e ao mesmo tempo sendo zoada, ela não sabia se continuava a entrevista ou saía dali naquela hora do Capital Moto Week!!!! As vezes vc vê coisas que ¨queima¨tanto a banda em si como a mídia também acaba se queimando!!!! Na época da Pandemia teve algumas bandas pedindo ¨vaquinha¨ para gravar album, outras dizendo que está passando necessidade sendo que tá viajando o mundo e assim vai…muita coisa estranha aconteceu naquela época pandeMõnica!!!! Valeu!!!!
Daria pra fazer mais umas duas ou três matérias dessa. Metal nacional é forrado de pérolas, Helinux!
Valeu!!!!