O universo da música é algo fascinante e de fato um labirinto infinito de informações. Com o advento da internet, ficou muito mais fácil explorar, conhecer um pouco da música regional de um país ou continente e isso acontece em poucos minutos de pesquisas.
Se no passado, lidamos com a ausência de informações rápidas, hoje, em um piscar de olhos, é possível saber se em Marte, Netuno e Saturno, há bandas de Heavy Metal, que tipo de músicas fazem, em qual idioma cantam e numa pesquisa mais detalhada, somos capazes de saber “O Que Elas Fizeram No Verão Passado”.
Senhoras e senhores, sejam bem vindos ao… Metal Sem Fronteiras.
Nossa viagem prossegue e chega até Metn/ Líbano, distrito localizado na província de Monte Líbano, região ao leste da capital do país, Beirute. A capital do distrito é a cidade de Jdeideh, também conhecida como Jdaideh. Foi lá que nasceu em 2013 o Turbulence, quinteto que conta com dois álbuns de estúdios, sendo “Frontal”, seu novo registro editado oficialmente em em 12 de março deste ano e indiscutivelmente um dos melhores álbuns de Progressive Metal lançados até o momento.
Porém como toda banda, o Turbulence traz em sua pequena história um início onde a ideia era tão somente ser uma banda fazendo cover. Formado em 2013, o grupo nasceu através das mentes brilhantes do guitarrista Alain Ibrahim e do tecladista Mood Yassin.
Oficialmente, eles começaram fazendo 4 shows ao vivo intitulados “Dream Theater Night”, e como deixa claro o título, foram shows onde a banda apresentou músicas dos “Titãs do Metal Progressivo” (palavras dos músicos).O nível técnico e musical das apresentações trouxeram fama imediata à banda em sua cidade natal. Para isso, a dupla conseguiu reunir alguns dos melhores talentos musicais disponíveis em Metn.
Com o sucesso e fama local, Abrahim e Yassin se juntaram ao cantor Omar El Hage para escrever e produzir “Desiquilibrium”, álbum de estreia que chegava às lojas em 03 de julho de 2015.
Lançado de forma independente, o disco ganhou atenção imediata de fãs e críticos elevando o nome do Turbulence, recebendo críticas altamente positivas e ganhando reputação ao ser considerado um dos grupos Progressivos mais proficientes e promissores do Oriente Médio.
Embora o país não seja um berço de bandas de Heavy Metal, tampouco bandas de Progressive Metal. Contudo, mesmo assim a banda deixava sua marca em sua pequena cidade.
Contendo seis faixas divididas em aproximadamente 48 minutos de duração, “Disequilibrium” apresenta um excelente Progressive Metal e sonoridade de bandas como Evergrey (fase inicial), Pain Of Salvation (fase inicial), Haken, Conception e evidentemente Dream Theater. Embora as influências estejam ligadas ao Dream Theater, a banda não “copiou” a sonoridade dos americanos e as comparações aqui servem tão somente para identificar melhor e tornar mais claro o estilo do Turbulence.
Apesar da excelente qualidade do debut e de todo o prestígio o qual obtiveram, a banda entraria no “modo silêncio” por cinco longos anos. Neste longo intervalo nada foi lançado. Nem mesmo um simples single que desse esperanças aos fãs ou indícios de que a banda continuaria na ativa.
Felizmente, este silêncio foi quebrado em março deste ano quando, finalmente, o grupo chegou à conclusão de que um novo trabalho era necessário e alguns elementos seriam adicionados a sua música.
Agora, como um quinteto, já que dois novos membros foram adicionados, Sayed Gereige (bateria) e Anthony Atwe (baixo) no baixo, eles lançaram o excelente “Frontal” segundo álbum de estúdio e indiscutivelmente um dos melhores discos de 2021.
Conceitual e contando com oito faixas inéditas, o disco é baseado na história real do trabalhador da construção civil Phineas Gage, que milagrosamente sobreviveu a uma haste de metal espetada em sua cabeça. Apesar de sobreviver após seu lobo frontal ser parcialmente destruído, a personalidade de Phineas mudaria para sempre.
“Frontal” apresenta uma banda amadurecida, traz uma produção impecável e mostra principalmente que apesar do quinteto trazer em suas raízes sonoras influências dos já citados Dream Theater, ainda assim conseguem um resultado excelente (musicalmente falando).
A genialidade musical do Turbulence contemplou a banda com um contrato com a Frontiers Records, responsável por distribuir o novo trabalho dos libaneses.
Em aproximadamente 65 minutos, o disco traz uma combinação perfeita de “Prog”, Rock, Fusion, Jazz e todas as características técnicas além das doses de virtuosismo o qual o estilo exige. O bacana é que tudo isso é muito bem feito, extremamente bem executado por músicos excepcionais e perfeitos em suas devidas funções.
Importante e primordial em “Frontal” são as linhas de vozes de Omar El Hajj, dono de um timbre belíssimo lembrando nomes como Mark Basile (DGM), Roy Khan (Conception), Daniel Gildenlöw (Pain Of Salvation), Tom S. Englund (Evergrey) e Russell Allen (Symphony X).
Apesar da duração de suas faixas (acima dos seis minutos), exceção apenas para “Dreamless”, temos em “Frontal” um disco incrível, muito bem composto e genialmente faz com que o ouvinte não se canse de suas melodias longas.
Segundo seus músicos, o objetivo do Turbulence é trazer seu estilo único de música Progressiva do Oriente Médio para o mundo. Ainda segundo os músicos, o disco é uma “montanha-russa emocional” de uma jornada cheia de surpresas e detalhes a cada esquina”. Numa lista de bandas que gravam discos excelentes, porém sem grandes atrativos, o Turbulence consegue figurar na lista de nova promessa e se tiverem o devido reconhecimento, certamente darão bons frutos num futuro não tão distante.
Que o sucessor de “Frontal” não demore cinco longos anos para ser lançado e que o quinteto tão logo passe a integrar o hall dos grandes nomes do Prog Metal Mundial.
N do R: Temos aqui um dos melhores e extraordinários discos de Progressive Metal lançados neste ano. Mais que um disco, “Frontal” merece figurar no hall de discos primordiais de 2021 e o Turbulence desponta como uma das grandes promessas do estilo. Indiscutivelmente, um dos álbuns grandiosos lançados até o momento.
- Line up:
- Omar El Hajj (vocais)
- Alain Ibrahim (guitarras)
- Mood Yassin (teclados)
- Sebastien Melki (baixo)
- Sayed Gereige (bateria).
- Faixas:
- 1.Inside The Gage
- 2.Madness Unforeseen
- 3.Dreamless
- 4.Ignite
- 5.A Place I Go To Hide
- 6.Crowbar Case
- 7.Faceless Man
- 8.Perpetuity
Redigido por Geovani Vieira