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Metal sem fronteiras: conheça a incrível história da banda Arsames!

O universo da música é algo fascinante e de fato um labirinto infinito de informações. Com o advento da internet, ficou muito mais fácil explorar, conhecer um pouco da música regional de um país ou continente e isso acontece em poucos minutos de pesquisas.

   

Se no passado lidamos com a ausência dessas informações rápidas, hoje, em um piscar de olhos é possível saber se em Marte, Netuno ou Saturno, existe bandas de Heavy Metal, que tipo de músicas fazem, em qual idioma cantam e numa pesquisa mais detalhada, somos capazes de saber “O Que Elas Fizeram No Verão Passado”.

Senhoras e senhores, sejam bem vindos ao…“Metal Sem Fronteiras”.

Nossa viagem começa no Irã, mais especificamente na cidade de Mashhad, província de Razavi Khorasan, situada no nordeste do pais, próximo da fronteira com o Afeganistão e Turcomenistão. Aqui, nasceu em 2002 o quinteto ARSAMES.

Formado inicialmente por Ali Madarshahi (vocais), Morteza Shahrami (guitarras), Ahmad Tokallou (guitarras), Rouzbeh Zourchang (baixo) e Saeed Shariat (bateria), estrearam em 2006 com “Cyclopia”, EP contendo duas faixas de um Death Metal de excelente qualidade, flertando também com o Thrash.

   

Em 2007 , lançam “Homo Sapiens”, EP que traz as duas faixas presentes em Cyclopia e mais duas faixas inéditas, seguido de “Immortal Identity”, single de 2008 que daria nome ao álbum oficial de estreia lançado dois anos depois. Finalmente em novembro de 2010, o quinteto lança “Immortal Indentity”, álbum oficial de estreia, contendo 08 faixas, divididas em exatos 35 minutos.

Mostrando que beberam na fonte das bandas oitentistas de Death Metal e também de Thrash, o disco traça uma sonoridade que remete o ouvinte a nomes como Carcass, Cannibal Corpse, Deicide, Benediction, Slayer, Monstrosity, Entombed, Malevolent Creation, Sepultura, etc, além de destacar faixas como “Cyrus The Great”, “Homo Sapiens”, “Immortal Identity” , “Xerxes” e “Persepolis (History of Iran). Faixas grandiosas, pesadas, extremas, riffs cortantes tal qual lâmina na pele e os vocais de Ali Madarshahi, uma preciosidade à parte dando uma aula de gutural. E como nao mencionar a arte brilhante do disco? Que capa sensacional.

O próximo passo foi dado no ano seguinte ao gravarem “Persian Death Metal Tribute to Warriors”, EP contendo cinco faixas. Como entrega o título, trata-se de um disco de covers e versões do quinteto para, Phobia (Kreator), Roots Bloody Roots (Sepultura), Polarized (Carcass) e The Pursuit Of Vikings (Amon Amarth). O disco ainda traz uma nova versão para “Testament Of Kings”, faixa extraída do trabalho anterior.

Em dezembro de 2014 o grupo lança mais um single. Na verdade, um cover e desta vez a música escolhida foi “Raining Blood”, clássico absoluto do Slayer e até então, o último registro da banda, que continua em atividade.

Recentemente os integrantes do Arsames, tiveram que lidar com uma situação complicada e totalmente ignorante. A banda teve que fugir de seu país após ser condenada a 15 anos de prisão. O crime? Tocar Heavy Metal!

   

Segundo o governo local e suas leis esdrúxulas, a banda está ligada ao satanismo e sob tal acusação foram impedidos de tocar, vender qualquer produto relacionado a merchandising contendo o nome do grupo, conceder entrevista e/ou qualquer declaração feita por algum dos integrantes. Não contente, o mesmo governo mandou que todas os contatos via redes sociais envolvendo o Arsames, fossem retirados do ar. Após pagamento de fiança, os integrantes se viram livres das acusações, porém, ao criarem novas páginas e reativarem seus contatos, o governo manteve a condenação, sentenciando-os a 15 longos anos de prisão.

Em entrevista, os integrantes contaram o que de fato aconteceu: “Eles nos levaram para a prisão naquele dia e não contaram à nossa família onde estávamos por uma semana. Finalmente, quase um mês depois, pagamos fiança para sair da prisão”.

Distantes de seu país e tomando todo o cuidado para não serem localizados e presos, a banda postou um vídeo no seu canal de Youtube, em que os membros levantam alguns questionamentos sobre a terrível situação vivida por eles.

Trechos do depoimento: “É um crime que estejamos tocando metal? É crime falarmos da história persa? É um crime pensar que somos satanistas quando temos canções sobre Ciro, o Grande, e o monoteísmo? É um crime amarmos a música e o nosso país?”.

Opinião Mundo Metal

   

Lamentável que em pleno século XXI, a liberdade de expressão que é nosso bem maior, seja vista de forma equivocada ou mal interpretada por governos hipócritas, pseudos defensores da ética e dos bons costumes. Em nome de Deus, ou mesmo usando a miséria de seu povo como trunfo, governos matam, saqueiam, sequestram e roubam, sob argumentos pífios e tiranos. Nenhum tipo de repressão ou terrorismo disfarçado de “Lei”, deveria ser aceito de forma pacífica.

Que os músicos acordem deste pesadelo, voltem a ser livres e possam mostrar sua arte aos fãs e ao mundo. Que suas vozes não sejam caladas e que o direito de ir e vir, seja de fato respeitado.

PS: Em 2016, a banda encontrou os integrantes do Sepultura, em um show realizado na Armênia.

Ficha técnica

Banda: Arsames

   

Integrantes:

Ali Madarshahi (vocais)

Morteza Shahrami (guitarras)

Ahmad Tokallou (guitarras)

Rouzbeh Zourchang (baixo)

   

Saeed Shariat (bateria)

Àlbuns:

Ciyclopia (EP) – 2006

Homo Sapiens (EP) – 2007

Immortal Indentity (Debut) – 2008

   

Persian Death Metal Tribute to Warriors (EP) – 2011

Raining Blood (Single) – 2014

Ouça o Arsames:

Assista o Arsames:

Redigido por Geovani Vieira

   
   

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