Seu lugar é no Mundo Metal
Mudanças na apresentação do ranking
O trabalho foi árduo, mas valeu a pena. Esperamos de verdade que vocês gostem!
Black Metal atingindo a maturidade
Finalizando nossas listas por estilo, chegou a a vez do subgênero mais contestador, sombrio, radical e, certamente, o mais polêmico de todos. Desde seu surgimento, o Black Metal foi se modificando, ganhando novos elementos e enriquecendo musicalmente. Apesar de alguns puristas e saudosistas expressarem sua insatisfação com bandas mais novas, é notória a evolução, maturidade e qualidade técnica que os álbuns passaram a exibir.
Discos feitos propositalmente com produção ruim ou descompromissada estão cada vez mais sendo relegados ao ostracismo e isso tem uma explicação. Com todos os avanços tecnológicos que temos atualmente fica impossível dar crédito a tais obras. Com o passar das décadas, os estilos vão passando por transmutações necessárias e podemos afirmar que o Black Metal foi o que mais mudou (no bom sentido).
É algo realmente assustador o que estamos consumindo em termos de obras realmente geniais. Em 2024, nosso ranking de Black Metal vem carregado de discos que, como sempre, passam mensagens que seguem amargas, desesperançosas, vingativas e repletas de dor. Estes temas são mais do que comuns e muitas vezes também estão associados ao desprezo pelas instituições religiosas e pela indústria da fé.
Chegou a hora de conhecer os nossos favoritos de Black Metal em 2024!
10º: Hellbutcher – “Hellbutcher”
Per Gustavsson usa toda sua experiência de anos à fio dentro da cena Black Metal para conceber um álbum que não deixa dúvidas sobre o potencial de sua nova empreitada. Faixas como “The Sword Of Wrath”, “Violent Destruction”, “Death’s Rider” e “Satan’s Power” são algumas das melhores do ano neste segmento.
9º: Rotting Christ – “Pro Xristoy”
8º: Tsatthoggua – “We Are God”
Músicas como “The Doom-Scrawl Of Taran-Ish”, “True Black Love”, “No Paradise For Human Sheep” e “We Are God”, são extremamente bem construídas e viciantes.
7º: Necrophobic – “In The Twilight Grey”
6º: Lamentari – “Ex Umbra In Lucem”
Excelente álbum deste novo nome da cena dinamarquesa. O Lamentari está estreando com o certeiro “Ex Umbra In Lucem” e, desde já, podemos afirmar que o sexteto é um dos mais criativos desta nova safra. Certamente, a originalidade da sua música vem da mescla bem sucedida entre Black Metal, Death Metal e Metal sinfônico, assim como pitadas de Prog e Folk.
A musicalidade é extremamente complexa, porém cheia de peso e agressividade. A técnica é um dos fatores preponderantes, a violência aparece o tempo todo e a ousadia é notória. Indo de um extremo a outro com facilidade, o Lamentari viaja por momentos que variam entre a calmaria e o caos. Tudo isso é feito através de transições envolventes e uma dinâmica um pouco diferente do habitual.
Para fãs que adoram discos que fogem do óbvio, aqui temos um dos mais surpreendentes trabalhos de todo o Metal extremo. Os destaques ficam por conta de “Tragoedia In Domo Dei”, “Intra Muros Mentis”, “Dolorum Memoria” e “Arcanum Ignis Animae”, mas a audição não possui pontos fracos.
5º: Seth – “La France Des Maudits”
O Seth já vem surpreendendo os fãs de Black Metal desde o lançamento de seu trabalho anterior, “La Morsure Du Christ”. Para muitos admiradores do gênero, trata-se de um dos melhores trabalhos lançados nos últimos anos e, sendo assim, a expectativa para a chegada de “La France Des Maudits” era enorme.
Pois os franceses não decepcionaram e lançaram “La France Des Maudits”, disco forte, temático, com instrumental afiadíssimo e performances individuais pra lá de convincentes. O Seth é uma banda já veterana do cenário do Black Metal, foi fundada em 1995 e encerrou atividades em 2005, retornando em 2011. O sexteto possui 7 álbuns de estúdio e cantam na sua língua pátria, o francês.
O Black Metal sempre foi aquele gênero inflexível que evidencia normas e padrões atuais da sociedade. Certamente, as bandas do estilo vão zombar, ridicularizar, fazer escárnio e, tudo isso para mostrar as tradições antigas apontando um caminho. Tudo se trata dos costumes e conhecimentos ancestrais que foram esquecidos.
O grupo traz esse tipo de perspectiva, mas não busca suas referências em rituais diabólicos ou deuses e entidades ancestrais, mas na revolução francesa. A história se passa nessa época, é como se o cenário percorrido fosse aquela insanidade de perseguições, derramamento de sangue e cabeças guilhotinadas.
Musicalmente, o disco soa como uma continuação exata do álbum anterior. O que ouvimos durante a audição é aquele Black Metal violento, cheio de blast beats e muita velocidade, mas que alterna para partes mais brandas, com piano, orquestração, partes faladas e trechos mais melódicos.
4º: Carnalis Amatoria – “Amplecti Dolorem – Carpe Mortem”
Bem, aqui temos um disco realmente sensacional e de um projeto que era promissor demais. E vocês podem até achar estranho eu dizer “era”, mas o Carnalis Amatoria era um projeto formado pelo vocalista Hellcommander Vargblod e pela Liliana Amatoria, uma musicista muito talentosa. Nesse álbum ela é a responsável por tocar todos os instrumentos.
A Liliana estava enfrentando um câncer gástrico enquanto compunha e gravava esse álbum e, um pouco depois do lançamento que foi no dia 10 de julho, em 14 de setembro, ela acabou falecendo.
Bem triste, mas o trabalho ficou e ele é ótimo. Talvez um dos mais criativos do ano, muito pesado, muito técnico, com construções belíssimas e uma atmosfera bem envolvente. Composições do porte de “Halls Of Deceit”, “Dweller In The Flesh”, “Her Love Infernal” e “Dance Of Death”, são alguns dos grandes legados que a Liliana Amatoria nos deixa.
Bronze: In Aphelion – “Reaperdawn”
E o Necrophobic aparece mais uma vez na lista!?
Pois é, o In Aphelion é a banda de nada menos do que três integrantes do Necrophobic. O baixista e vocalista Sebastian Ramstedt, o guitarrista Johan Bergebäck e o baixista Tobias Cristiansson, não contentes com o trabalho desempenhado em “In The Twilight Grey”, ainda nos presentearam com mais uma pérola.
“Reaperdawn” é um disco direto, muito diferente da pompa de seu “primo” já mencionado nessa lista. É apenas o segundo trabalho de estúdio da banda formada em 2020. Black Metal bem tradicional, com uma pegada old school, mas bem produzido.
Músicas como “A Winter Moon’s Gleam”, “When All Stellar Light Is Lost”, “They Fell Under Blackened Skies” e “Reaperdawn”, representam o puro creme do Metal extremo contemporâneo e, certamente, irão conquistar todo ouvinte que se permitir ser tragado para dentro desta dimensão sombria.
Prata: Kvaen – “The Formless Fires”
Em nossa lista de Doom Metal tivemos bandas iniciantes que hoje são one man bands e outras que nasceram dessa forma e depois se tornaram bandas de fato. Aqui no nosso pódio do Black Metal, temos o projeto do multi instrumentista Jacob Björnfot. O músico já lançou três álbuns com o Kvaen e este “The Formless Fires” é, certamente, o que mais nos chamou atenção.
Só pra não deixar passar em branco, este é o terceiro álbum da lista com a presença de Sebastian Ramstedt, do Necrophobic e In Aphelion. O músico participa na faixa “Traverse The Nether” e fica a pergunta, o músico com participação em três dos dez melhores álbuns do ano ganha quantos troféus?
Quanto ao Kvaen, torcemos muito para que Jacob Björnfot encontre parceiros ideias para que o projeto se transforme em uma banda de fato e comece a fazer shows. Em termos de musicalidade, temos todos os clichês do gênero sendo explorados de maneira perfeita e com muita inspiração. Impossível não se empolgar ouvindo “canções de ninar” do porte de “Tornets Sång”, “The Ancient Gods”, “De Dödas Sång” e “The Perpetual Darkness”.
Ouro: Kanonenfieber – “Die Urkatastrophe”
Grata surpresa! O Kanonenfieber foi fundado em 2020 na Alemanha e chega apenas ao seu segundo álbum de estúdio. “Die Urkatastrophe” traz absolutamente todos os elementos que fizeram o Black Metal ser o que é hoje, só que com uma produção excelente.
Trata-se de mais uma one man band, e podemos notar que esta é uma tendência, principalmente, nos estilos mais extremos. O músico que se autodenomina Noise é o responsável por tocar todos os instrumentos e o idioma utilizado no registro é o alemão, o que torna a audição ainda mais interessante.
O trabalho de guitarras é simplesmente sensacional, assim como os vocais. O gutural de Noise é muito ajustado e não soa nada enjoativo, as linhas de baixo e bateria são tão boa que é quase impossível acreditar que um único músico foi o responsável por tudo.
Álbum perfeito, criativo e de fácil assimilação. Para ouvir do começo ao fim e apertar o botão de repeat com força.
Audição mais do que obrigatória!
PLAYLIST BLACK METAL 2024
Não conseguiu acompanhar todos os principais lançamentos do gênero? Tudo bem, afinal, nós preparamos uma playlist para você ficar atualizado com o que de melhor rolou no Black Metal durante todo o ano de 2024.
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