Bandas grandes com discografias longas e muito tempo de estrada, sem dúvida, possuem algum(s) patinho(s) feio(s) em sua discografia. O Megadeth não é uma exceção e, até hoje, quando olhamos para “Risk”, álbum gravado em 1999, não conseguimos entender muito bem o que diabos Dave Mustaine, Marty Friedman, David Ellefson e Jimmy DeGrasso quiseram fazer.
Nem podemos dizer que “Risk” foi um trabalho que vendeu mal, isso não seria verdade. Mas a musicalidade contida não era aquela que o fã do Megadeth queria ou esperava. Sendo assim, até hoje, o disco é considerado a ovelha negra da discografia e nem o fator tempo foi capaz de inocentá-lo.

Como um fã do grupo, em uma avaliação pessoal e com muita boa vontade, consigo extrair alguns momentos interessantes como “Prince Of Darkness”, que até hoje é utilizada como abertura nos shows, “The Doctor Is Calling” e o final com “Time: The End”. O problema mais sério fica por conta do exagero de baladas e músicas sem punch como “Breadline”, “I’ll Be There”, “Wanderlust” assim como “Time: The Beginning”. O single “Crush ‘Em” poderia estar em um álbum do Bon Jovi e a faixa de abertura, “Insomnia”, é uma canção absolutamente confusa, além de, certamente, soar pretenciosa. As demais não mencionadas, nem merecem menção mesmo.
O que pensa Marty Friedman
Bem, voltando aos fatos, o ex-guitarrista do Megadeth, Marty Friedman, falou com o jornalista Gustavo Maiato, representante do site brasileiro do chicotinho (leia-se, Whiplash). Ele foi convidado a opinar sobre “Risk”, 25 anos após seu lançamento. Veja a resposta de Friedman:
“Eu não ouvia desde então. Não acho que tenha sido um grande risco, na verdade. E eu só lembro que fizemos o melhor que podíamos. E era exatamente onde estávamos como banda naquela época. E isso é tudo que qualquer álbum é, na verdade. Um álbum é como um anuário na escola ou no ensino médio ou faculdade ou o que quer que seja. Um álbum é um anuário daquele período de tempo. Então você não pode realmente voltar e dizer, ‘oh, isso é uma droga’ ou ‘nós não queríamos fazer isso’ ou ‘não foi uma boa ideia’ ou o que quer que seja, você não pode voltar e dizer isso, porque é o que é e foi o que foi. Na época, nós acreditávamos nisso e fizemos o melhor que podíamos e isso é tudo que posso dizer sobre qualquer álbum, na verdade. É a mesma resposta para qualquer álbum.”
Como podemos perceber, Marty se esquiva um pouco da pergunta sempre que é pressionado a falar sobre “Risk”. Ele disse o seguinte em uma pergunta semelhante feita no programa “Trunk Nation With Eddie Trunk”, da SiriusXM, em 2018:
“Bem, acho que tudo o que precisava ser dito por mim sobre isso provavelmente foi dito na época. Eu nem pensei sobre isso desde então, então não poderia lhe dar uma resposta inteligente. Mal estou pensando no que fiz ontem, muito menos naquela época.
Tenho certeza de que, seja o que for na época em que aconteceu, todos os envolvidos estavam fazendo o melhor que podiam, tenho certeza disso, porque isso é algo que aconteceu em todos os discos anteriores e em todos os discos depois desse e em todos os discos que estou fazendo agora.
Quando você faz isso, você está fazendo o melhor que pode. E basicamente se você olhar para qualquer prensagem de qualquer disco, logo que ele chega às lojas, e ficar ouvindo o que as pessoas estão dizendo naquele momento… é isso que é. E então, dependendo dos resultados disso, as histórias das pessoas mudam, mas na hora, você está fazendo o melhor que pode. Você realmente acredita nisso, todo mundo acredita nisso, e então é isso. Então, eu definitivamente nem começaria a pensar em quaisquer detalhes que estivessem acontecendo naquela época, é a coisa mais distante da minha mente, mas posso garantir que tudo foi feito com as melhores intenções e o trabalho mais duro. E todo mundo estava apenas tentando fazer o seu melhor.”

Já Dave Mustaine, sem papas na língua, disse algo diferente ao programa “Trunk Nation LA Invasion: Live From The Rainbow Bar & Grill”, SiriusXM. Veja o que pensa Dave sobre “Risk” e sobre as contribuições de Marty Friedman para o álbum:
“Continuamos desacelerando e desacelerando e desacelerando. Se esse disco tivesse se chamado The Dave Mustaine Project e não Megadeth, acho que teria sido um sucesso. As pessoas queriam um disco do Megadeth. Elas não queriam ver Dave se dobrando a exigências para manter Marty Friedman feliz, porque Marty queria que soássemos como o maldito Dishwalla.”