O Megadeth é uma das bandas pioneiras do Thrash Metal mundial. Todos sabem que, diferente de outros nomes, o grupo é liderado com mãos de ferro pelo vocalista e guitarrista Dave Mustaine. O homem é conhecido no cenário Metal por ser difícil de lidar e, segundo muitas pessoas, Dave possui um ego tão grande quanto seu talento criativo.
Sendo assim, podemos entender os motivos que fizeram o Megadeth ter tantas formações diferentes ao longo das décadas. Pouquíssimas foram as vezes em que um mesmo line-up conseguiu chegar ao próximo álbum sem que houvesse qualquer mudança.
Al Pitrelli e Megadeth: como aconteceu?
No início dos anos 2000, quando Marty Fiedman resolveu deixar a banda por questões pessoais e musicais, o Megadeth precisou substituí-lo rapidamente. E foi Jimmy DeGrasso, baterista na época, que indicou o guitarrista Al Pitrelli (Savatage e Trans-Siberan Orchestra) para a vaga, mesmo que temporariamente.
Em uma nova entrevista concedida ao programa de rádio Meltdown, da WRIF, de Detroit, o guitarrista explicou como foi a sua entrada na banda e como ele conheceu Dave Mustaine:
“Eu o conheci e o vi algumas vezes ao longo dos anos. O Savatage estava em alguns festivais junto com o Megadeth. Lembro-me de quando eu estava com Alice Cooper, Dave tinha feito uma trilha sonora, ele tocou um cover para ‘No More Mr. Nice Guy’ em um dos filmes de Wes Craven, não lembro o nome do filme de cabeça, mas lembro-me de conhecê-lo naquela época. E, obviamente, ouvindo sua música nos primeiros discos do Megadeth.
Na época, o baterista do Megadeth, Jimmy DeGrasso, que, ele e eu tocávamos em clubes juntos eu acho que no final dos anos 70 ou início dos anos 80, foi quem me recomendou para pelo menos substituir Marty Friedman até que encontrassem um substituto permanente. Então, isso foi uma indicação e tanto.”
Pitrelli explicou que não sabia que ficaria na banda por cerca de dois anos. Sendo assim, quando foi abordado por Dave Mustaine, a ideia era apenas substituir Marty Friedman por algumas semanas. Ele contou:
“Sim, essa era a coisa original. Marty queria sair. Eles estavam no meio de uma turnê bem longa. E eles basicamente precisavam de alguém para preencher a vaga até encontrarem um guitarrista permanente. E eu deveria ficar lá por três, quatro, cinco semanas. E então Dave disse, ‘bem, você viria conosco?’. Acho que eles tinham datas marcadas na Coreia. E ele disse, ‘você viria conosco?’. Eu disse, ‘sim, escute, estou aqui até não estar mais. Me avise’. E então, de repente, ele disse, ‘bem, você está na banda’. Eu falei, ‘ok’. E acho que fiquei com ele por uma boa parte de dois anos, até o 11 de setembro acontecer, e então o mundo inteiro desmoronou por um tempo.”
Depois da turnê de divulgação do álbum “The World Needs A Hero”, que inclusive rendeu o primeiro disco ao vivo do Megadeth, “Rude Awakening”, Dave Mustaine sofreu uma grave lesão no braço esquerdo em meados de 2002. Dessa forma, segundo o laudo médico, ele dificilmente poderia tocar guitarra novamente.
O Megadeth chegou a ser oficialmente encerrado, mas contrariando os laudos médicos, Mustaine conseguiu se recuperar e, em 2004, ressuscitou o grupo. Al Pitrelli foi questionado se nessa época, ele foi contado para retornar ao Megadeth:
“Não, ele não me contatou novamente. Ele sabia que meu primeiro amor era essa coisa chamada Trans-Siberian Orchestra. Porque gravamos a primeira música em 95, lançamos um disco em 96, acho que em 97 ou 98 lançamos o segundo disco. Vendemos milhões e milhões de discos. E fizemos a primeira turnê em 99. E foi quando Dave me pediu para substituir Marty por um tempo. E então foi como se meu lar estivesse sendo estabelecido com Paul O’Neill, o mentor da TSO, e eu mencionei isso a Paul, eu disse, ‘escute, eles me ofereceram essa oportunidade’.
Eu estava passando pelo meu primeiro divórcio. Financeiramente, eu precisava de ajuda. Ele disse: ‘vá fazer o que você tem que fazer. Vá ganhar dinheiro. Você volta para casa assim que estiver pronto para voltar para casa’. Que é o coração que Paul O’Neill tinha. Ele era como meu irmão mais velho. E Dave foi gentil o suficiente para me levar, e ele sabia que meu coração estava em outro lugar.
Mas eu tentei fazer um trabalho muito bom para Dave. E então, depois do 11 de setembro, eu sei que ele passou por alguns problemas pessoais com os quais teve que lidar. E quando ele veio e reuniu a banda, eu não fui chamado, mas eu já estava comprometido. Eu estava de volta em casa, no lugar onde eu realmente pertencia.”
Em uma outra entrevista anterior ao New York Hard Rock Examiner, Al Pitrelli foi um pouco mais específico e, desse modo, contou um pouco mais sobre sua relação pessoal com Dave Mustaine. Ele disse o seguinte:
“Eu achava que Dave Mustaine e eu nos dávamos muito bem, desde que eu sempre tivesse em mente que seu trabalho era uma tradição, era a sua banda, sua visão e ele é o chefe. Sabe, é como qualquer outra coisa, você vai trabalhar e ou gosta do seu chefe ou não gosta dele, não importa muito, o que importa é se seu chefe gosta de você. Eu fui lá, ele me tirou de uma vida pessoal bem problemática e me ajudou a passar por muitas coisas das quais eu realmente apreciei, e ele era bem duro, ele é um cara difícil de se trabalhar.
Se você não traz sua melhor performance todo dia, você vai conhecer a ira dele, e isso é algo que você provavelmente não quer fazer mais de uma vez. Eu não tive problema com isso. Quando ele estava sendo rigoroso e me disciplinava, bem, cara, é sua praia, sabe? Quer dizer, ele foi expulso do Metallica e criou a segunda maior banda de Metal do mundo neste estilo. Então, você sabe, o que quer que ele esteja fazendo parece estar funcionando. Sou todo ouvidos com um cara assim, deixe-me aprender com ele, porque ele se saiu muito bem.
Houve noites em que nos dávamos bem como dois irmãos, e houve noites em que ele queria me jogar pra fora do ônibus, então é o que é.”