Megadeth: “é um dos maiores discos do Megadeth que fizemos, porque parece um trabalho de time, parece uma equipe”, diz Ellefson sobre clássico da banda

Muitos fãs tem curiosidade de saber o que acontece nos bastidores de uma banda famosa como o Megadeth. Como funciona o processo criativo, quem traz as ideias de composições, como são as conversas internas, como são resolvidos os problemas, como as resoluções são apresentadas… são muitas perguntas onde as respostas nem sempre são inspiradoras.

Um foco de discórdia em diversas bandas é a divisão de dinheiro, principalmente, no que diz respeito a direitos autorais. Quem vai receber mais e qual o motivo disso?

Em uma recente entrevista ao The Metal Voice, o ex-baixista da banda, David Ellefson, comentou sobre alguns bastidores do Megadeth. O músico relembrou como funcionavam determinados aspectos internos na época da formação clássica, com ele, Dave Mustaine, Marty Friedman e Nick Menza.

Ellefson mencionou uma decisão interessante que funcionou no período que abrangeu a composição e o lançamento do álbum “Youthanasia”, de 1994. Ele revelou:

“Olha, estar em um grupo de Rock foi difícil porque uma das coisas que foi bem-sucedida sobre a formação do ‘Rust In Peace’ é que realmente tentamos fazer disso uma equipe, e isso significa que estamos tentando trabalhar juntos, mas todos têm um papel diferente.

O então empresário do Megadeth, Ron Laffitte, e eu, conversamos um dia sobre composição, porque composição, publicação e como o dinheiro é dividido, essa é uma maneira certa de fazer uma banda ficar junta ou se separar. Geddy Lee do Rush fala muito abertamente sobre isso. Ele diz, ‘ei, em um ponto nós simplesmente decidimos, vamos dividir em três. Isso vai tirar essa discussão da mesa’. E isso sempre foi um problema no Megadeth, sempre. Dave desde o começo teve problemas com isso, provavelmente, por remontar aos seus dias com o Metallica e o que aconteceu com suas músicas. E eu li no livro dele, ele disse que essas músicas para ele, isso significa tudo para ele, e cara, ele protege isso. Então, olha, em algum momento, é uma discussão que você vai perder. E nós teríamos muitas conversas sobre isso.

O sexto álbum do Megadeth, de 1994, ‘Youthanasia’, nós entramos nisso — na verdade foi ideia do Nick, ele disse, ‘vamos apenas decidir antecipadamente quanto cada um vai ganhar’. Dessa forma, quando estivermos aparecendo todos os dias, quem trouxer a melhor ideia naquele dia será usada e não terá nenhuma agenda do tipo, ‘bem, ele vai ganhar mais dinheiro do que eu’ ou ‘como é que ele tem mais músicas em um disco do que eu?’. Apenas traga o seu melhor e se acontecer de serem todas músicas do Dave e do Marty Friedman, então tanto faz, pelo menos eu e o Nick seremos pagos também. E acabou sendo, eu acho, uma divisão bem justa das coisas. Então essa foi a ideia do Nick. Agora, só funcionou em um álbum, e Dave não quis mais fazer isso depois disso. Mas foi um ótimo álbum e é um dos mais estimados, especialmente internacionalmente, um dos maiores discos do Megadeth que fizemos, porque parece um trabalho de time, parece uma equipe.

Eu lembro que o famoso produtor Mike Clink me disse que falou aos caras do Guns N’ Roses que quando eles fizeram ‘Appetite For Destruction’, ele disse, ‘olha, esse é um longo caminho pela frente. Se vocês tiverem algum sucesso, e isso ainda está para ser determinado, vocês têm muitos anos nas trincheiras, caras. Vocês têm que dividir tudo igualmente ou então vocês nunca sobreviverão’. E isso vinha do produtor.

Quanto mais justo você puder ser em tudo isso, melhor, pelo menos no começo. E então, como acontece frequentemente, uma ou duas pessoas tentam pegar o resto e tomar para si e então as bandas se desfazem. Então, sim, não é sempre que você vê um grupo — o Rush é um dos poucos onde eles de alguma forma tinham uma amizade lá dentro e eles fizeram funcionar financeiramente, eles fizeram funcionar criativamente. E não é sempre que isso acontece. Quero dizer, nós passamos por todas as versões disso dentro e fora da sobriedade.”