Kiko Loureiro, conhecido por seu trabalho à frente do Angra, figurou no Megadeth por 9 anos. Ele foi um músico com visão de mercado, de aprendizado, e de conclusão de uma etapa em sua jornada musical. Portanto, optou por não continuar junto com Dave Mustaine e toda a equipe.
O agora ex-guitarrista do Megadeth está promovendo seu álbum solo intitulado “Theory of Mind”, lançado em 20 de novembro. Mas em uma entrevista para a francesa Loud TV, Kiko foi questionado sobre a decisão do Sepultura de embarcar em uma turnê de despedida. O guitarrista colocou o seu pensamento a respeito da seguinte maneira:
“Eles têm 40 anos, certo? Uma banda incrível e bem-sucedida. E vejo que não é que a juventude esteja morrendo. Acho que é mais como se você soubesse que tem outra vida — digamos, se você tem 50 anos, sabe que vai viver até os cem. E então é, tipo, o que posso fazer pela próxima metade da minha vida? Acho que é mais assim. Acho que é mais esse sentimento, tipo, eu consegui, a coisa toda no Sepultura, foi incrível, mas o que posso fazer pelo meu futuro? Então meio que se conecta com minha decisão de deixar o Megadeth. Fiquei oito anos, nove anos de Megadeth — a turnê foi incrível, ótima banda, ótimos caras, etc., etc. — e então você tem algumas situações na vida que é, tipo, você começa a refletir. Eu quero ficar mais 10 anos em turnê metade do ano, tocando essas músicas? E então comece a refletir sobre quem você quer ser, quem você é, e então qual é o próximo passo. E então você percebe que tem a liberdade de decidir, porque eu posso.”
Kiko continuou a sua explanação:
“Então essa decisão, eu acho, para o Sepultura pode ser a mesma. Eles podem fazer isso. Tudo está aberto para o futuro. Talvez eles voltem em 10 anos, em dois anos, em 20 anos, mas eu acho que se abra, dizendo, ‘Ok, é uma parada’, e isso abre outro caminho, mesmo mentalmente você está, tipo, ‘Ok, eu não preciso fazer outro álbum ou fazer outra turnê. Todo mundo entendeu que é uma parada, é uma despedida. Então agora vamos ver o que acontece.’ Muitas pessoas fazem o ano sabático, tempos sabáticos. Então se você pode, por que não?”
Loureiro acrescentou ao assunto, trazendo exemplos específicos:
“Mas é difícil parar. Temos [o lendário jogador de futebol brasileiro] Pelé — Pelé, brasileiro, o melhor atleta do século. Então Pelé sempre foi um exemplo. Ele largou o futebol quando estava no auge. E ele voltou e jogou nos EUA por um tempo. Mas ele estava no auge e então decidiu parar, o que foi estranho de certa forma, mas dá um exemplo de que às vezes é bom parar quando você está no seu melhor. Então essa é a última imagem. As pessoas não veem você caindo ou cometendo erros. Mas é difícil fazer isso, porque se você está no auge, você pode pensar, tipo, ‘Tudo bem, isso vai ser por mais cinco anos, mais 10 anos’, então você sempre acredita que pode continuar fazendo algo, mas nunca é o caso. Então, bandas ou artistas, às vezes é bom dar um tempo. Acho que outro exemplo seria [o trompetista de jazz americano, líder de banda e compositor] Miles Davis. Acho que ele parou por seis anos nos anos 70. Então, às vezes, essa pausa lhe dá uma perspectiva diferente. Miles Davis, quando voltou, voltou muito diferente, com uma abordagem diferente, e ele foi super bem-sucedido durante os anos 80. Então, sim, é algo para parar.”
Contudo, a decisão de parar é muito pessoal e somente quem está na pele de quem irá decidir qual caminho tomar é que saberá o que deve ser feito. Por fim, cabe ao ver até que ponto isso pode ser benéfico para a sua carreira e a sua vida, de acordo com a sua escolha. Portanto, o próprio Kiko Loureiro fez a sua escolha e se sente bem com isso.
