Led Zeppelin: “nós não somos dignos disso tudo!”, dispara Plant

Certamente, você já se deparou com o vídeo de “Stairway To Heaven” executado por Ann e Nancy Wilson do Heart, no Kennedy Center Honors, em 2012. Se você nunca assistiu a esta apresentação, faça isso!

As moças se juntaram a Jason Bonham, filho do baterista original do Led Zeppelin, John Bonham, e tocaram uma das mais belas e comoventes versões para o clássico do Led, emocionando os próprios músicos da banda que assistiam atônitos a apresentação. Certamente, Robert Plant foi o mais visivelmente emocionado e ele refletiu sobre tudo o que sentiu naquela noite em uma nova entrevista concedida para a revista Vulture.

Confira as belas palavras de Plant:

“Olhe para as minhas companhias naquela noite. Com quem eu estava sentado? O que estava acontecendo? Parecia que eu nem conhecia mais algumas daquelas pessoas. Como passamos de uma banda de blues britânica para essa ridícula conquista? E veja, ridículo é um termo variado. Todos nós ficamos para trás no final daquela apresentação, estávamos cambaleando com as transições ao longo da música. Mas ‘Stairway To Heaven’ tem vida própria. Mais tarde, muitas vezes me senti afastado dela. Começou como algo íntimo, vulnerável e sincero, e então os anos se passaram. Não era mais nossa música e nem deveria ser. Agora ela está por aí levando as pessoas à distração e, talvez, levando-as a uma barganha difícil.

Eu deixei muito disso tudo para trás. E naquela noite eu estava assistindo a uma encenação inteligente, bem-intencionada e respeitosa. Eu estava na platéia espiando e acompanhando aquela excelente exibição. Eu estava lá vendo a minha contribuição para tudo isso e de repente estávamos arrebatados na terra das homenagens atemporais, tão longe da época em que nós a fizemos, tão longe de casa que nós nem conseguíamos nos dar conta de que, ‘Ei, eu fiz isso’. Eu me senti distante de todo o negócio, da música e do fato de que os anos carregaram esta música até aquele momento. Ela tinha seu próprio ímpeto e eu apenas a observei partir. Era como uma bela pena, balão ou bolha. Algo saído de um cachimbo de barro soprado com sabão.

Era apenas algo que eu nunca, jamais pensei que veria ali da platéia. Nunca me vi como alguém sofrendo ao ver a impressão de um artista sobre minha música. Eu sabia que estava chegando o momento de algo grandioso, a direção do Kennedy Center nos disse que aconteceria algo, mas eu não sabia como seria. E foi uma performance espetacular. Me tornei um voyeur naquele momento. Não sou mais responsável por isso. Não sou mais eu que estou nas lojas de guitarra sendo lembrado por fazer isso. Eu não vou mais até o altar em um casamento tocando com uma flauta. Eu apenas amo aquela música. Ela veio sobre mim e arrancou todos os anos em que fiz parte de tudo isso. Apenas esfregou de volta na minha cara. Porque talvez tudo tenha acabado para nós muito antes de tudo acabar. Definitivamente, tudo acabou quando não tinhamos mais John, é isso que quero dizer. Estamos falando aqui de uma música de mais de 50 anos atrás. É uma performance magnífica de se assistir e sempre me mata. Isso me mata de duas ou três maneiras diferentes. É como, ‘Oh meu Deus!’.

Algumas pessoas estão completamente presas em suas conquistas e isso deve ser um verdadeiro inferno. Mas talvez uma das coisas sobre ‘Stairway To Heaven’ foi que o desenvolvimento da música foi exatamente isso que estou dizendo. De alguma forma, foi algo muito, muito especial, com o qual eu realmente não tenho uma grande conexão. Mas naquela noite no Kennedy Center, isso me fez lembrar que eu tinha alguma responsabilidade sobre ela, para o bem ou para o mal, aquela música saiu de mim de alguma forma. Não era realmente sobre quem fez um ótimo trabalho, embora Ann seja uma cantora espetacular. Toda a coreografia dela foi cegamente linda, meio que um momento em que eu senti que ‘nós não somos dignos disso tudo!’.”

Assista ao vídeo completo e relembre este momento incrível: