Esse ano desastroso em diversos aspectos ao menos no Heavy Metal, mesmo sob dificuldades impostas pela atual crise, têm sido próspero para estilos como o Doom Metal e seus subgêneros, já que vários gigantes do estilo lançaram seus novos e ótimos álbuns, e o Draconian era o que gerava uma grande expectativa e eis que mais uma vez os suecos fizeram a devida lição de casa com a sua mistura envolvente de Death Metal, Gothic e Doom. Álbum após álbum, eles se firmaram como referência em sua empreitada sonora.
Após o ótimo “Sovran” (2015), que foi recebido sob muitos elogios, a banda levou cinco longos anos para conceber seu novo trabalho e lançá-lo precisamente na mesma data do álbum anterior. Eles tinham uma tarefa de igualar e quiçá superá-lo, e já adianto falando (ou melhor, digitando) por mim: Conseguiram! A “bolacha” já causa boa impressão pela capa sombria e pelo fato do logo clássico da banda estar de volta, já que não vinha sendo utilizado desde o debut “Where Lovers Mourn” (2003). Um álbum bem planejado e bem executado. Um requinte de arte e habilidade em abundância. A abertura com “Sorrow of Sophia” é uma manifestação da essência do Draconian em sua forma mais sutil. Inicialmente, uma paisagem sonora onírica é apresentada com a bela e doce voz de Heike Langhans, e após quase um minuto e meio, pelos guturais sombrios de Anders Jacobsson. Essa mescla de sentimentos, de raiva e serenidade, através das interpretações vocais e instrumentais densas, se dá ao longo de toda a música.
Apesar dessa faixa representar o que é o álbum em poucas palavras, a abertura não é a maior destaque. Em um esforço tão cativante e coerente como “Under a Godless Veil”, escolher um destaque é mais uma daquelas situações difíceis, mas pra não ficar em cima do muro, o que pode estar acima de outras talvez seja “Ascend into Darkness”. Com um tempo de execução de aproximadamente 10 minutos, essa é ainda mais próxima daquele Draconian tão incrível. Com as expressões melodiosas e melancólicas de Heike, a entrega vocal de Anders, o riff melodioso de Johan Ericson e Daniel Arvidsson e a bateria cumprindo bem sua função por parte de Jerry Torstensson, “Ascend into Darkness” é a ascensão da banda na tenebrosidade que eles buscam tão insistentemente alcançar. Ótimo! Deixando frisado, “Under a Godless Veil” é coerente, mas diverso para um material de mais de uma hora, deve ser assim. “The Sacrificial Flame” é uma destruição clássica de forma cadenciada, já “Burial Fields” faz fronteira com Dark Ambient, e “Night Visitor” mergulha na destruição atmosférica (o solo é bom demais!). “Moon Over Sabaoth” manifesta o lado austero e mortal da banda, já “The Sethian” em partes adentra ao Atmospheric Black Metal. “Lustrous Heart” segue a forte influência gótica característica e “Claw Marks on the Throne” combinam vários desses elementos em uma mistura gratificante. O tempo todo é, inconfundivelmente, o Draconian que se espera escutar. Em termos de música, a dicotomia do membro fundador Anders Jacobsson e de Heike Langhans assumindo aquele lado angelical faz desse novo lançamento verdadeiramente um pináculo que a banda foi capaz de alcançar.
Pra finalizar, o Draconian não precisa mais de grandes apresentações. “Under a Godless Veil” trata-se de mais um belo capítulo em sua trajetória com uma carreira que cresceu com visão e resiliência. Feito por quem sabe fazer e conhece os caminhos para tal, não por quem simplesmente quer. Nota 9,00
Veja o vídeo clipe oficial de “Sleepwalkers”:
Integrantes:
- Johan Ericson (guitarra)
- Anders Jacobsson (vocal)
- Jerry Torstensson (bateria)
- Daniel Arvidsson (guitarra, vocal)
- Heike Langhan (vocal)
Faixas:
- Sorrow of Sophia
- The Sacrificial Flame
- Lustrous Heart
- Sleepwalkers
- Moon Over Sabaoth
- Burial Fields
- The Sethian
- Claw Marks on the Throne
- Night Visitor
- Ascend into Darkness
Redigido por Thiago De Menezes