Sentem aqui no colinho do Dollynho, eu vou ensinar uma coisa para vocês, e espero que nunca se esqueçam. Repitam comigo: “o Metal brasileiro não tem NADA a perder para o Metal gringo”. Entendam o quão vasto e poderoso é nosso underground, e prestigiem as bandas que realmente apresentam um Heavy Metal de qualidade. Um exemplo claro disso é os paulistas do Hevilan. Banda fundada em 2005 e que lançou dia 19/03 deste ano seu segundo disco, o excelente “Symphony of Good And Evil”, um disco lindo, completo e que mostra o quanto a banda ainda vai nos surpreender. Esse compacto apresenta uma mistura de Heavy Metal, Prog e Metal sinfônico de uma forma orgânica e sem frescuras.
O quarteto é composto por músicos exímios, e com muita qualidade de composição. Biek no baixo e Dyszy na bateria compõe uma cozinha de dar inveja em muita banda veterana. As cordas ficam a cargo do exímio Johnny Moraes (ex-Warrel Dane) e os vocais são trabalho do ótimo Alex Pasquale. O novo disco é baseado no conceito da luta entre o bem e o mal dentro de cada ser humano. A arte da capa já apresenta a beleza que você encontrará dentro do disco, trabalhada em tons de azul e laranja, ao fundo você pode observar algumas representações religiosas. Aí analisar por completo a capa, você sente uma pequena sensação de confusão, mas ao mesmo tempo, essa capa lhe atrai e cria uma curiosidade para conferir o conteúdo do disco. Sendo assim, vamos dar o play na primeira das 12 faixas.
O disco abre com a excelente e pesada “Dark Paradise”, dando um clima sombrio e obscuro ao compacto. Claramente Johnny trouxe de sua estadia com Dane muita inspiração e densidade para as cordas brutais do disco. Uma faixa que contagia e possui solos assombrosos e nos prepara para o que virá pela frente. Como o caso da densa e obscura “Rebellion of The Saints” que possui passagens rápidas e pesadas combinadas a um coro assombroso e medonho, dando ainda mais peso a música. Os graves de Biek combinam de forma excelente com a cozinha pesada de Dyszy e dão uma sustentação magnífica para a boa voz de Alex. A música possui ótimas nuances que passeiam com qualidade entre passagens mais cadenciadas e passagens mais carregadas de peso e velocidade. “Great Battle” emenda com o final da faixa anterior e apresenta novamente a grande influência que Warrel deu a banda. Peso e densidade trabalham de mãos dadas com o sentimento. E a voz de Alex simplesmente transparece com excelência o que desejam apresentar.
Em “Here I Am”, os compassos trabalhados em quebras de tempo combinam a um baixo técnico e criam uma faixa excelente. Novamente, o solo de Johnny é fantástico e mostra como o músico sabe o que faz. Como não pode faltar, o compacto apresenta a power ballad “Always in my Dreams”, uma faixa doce e com personalidade que faz muito bem seu serviço de dividir o disco. Agora o álbum toma proporções mais que absurdas, e se ele já estava bom, fica melhor. A ‘introdução’ (se é que posso chamar assim) “Devil Within part I Evil Approaches” apresenta uma banda mais obscura ainda e que sabe brincar muito bem com o peso, densidade e que sabe obscurecer de forma assustadora suas composições. Os toques de baixo, combinados as bases quebradas da guitarra, são um prato cheio para acrescentar o suspense devido a coros clássicos. A continuação da faixa, “Devil Within part II Hammer of The Gods”, é uma aula de riffs pesados e um compêndio de qualidade. Cozinha bruta, guitarras pesadas e um vocal digno de aplausos, essa música simplesmente apresenta ao mundo que o Metal brasileiro tem muito a mostrar. Na sequência, outra power ballad com nuances e ótimas combinações de climas mais pesados com partes mais suaves e belas. Mas tudo isso é para nos preparar para a maravilhosa opera dos garotos paulistanos.
Tomem seus lugares, se acomodem e preparem seus ouvidos para essa opera de cerca de 20 minutos e dividida em 4 capítulos. O quarteto se une novamente, afinal eles participam nas outras faixas, aos músicos Negravat, Rodriggo Guabiraba e Claus Xavier, os quais ajudam nessa empreitada e tomam conta do coro excepcional que caminhará de mãos dadas a essa epopeia digna dos teatros do mundo todo. “Symphony Of Good and Evil” é um épico dividido em 4 fases, sendo a primeira “Part I Revelation”, uma introdução focada em uma orquestração mais simples e coros que contam o começo de uma epopeia clássica e lhe advertem de que os próximos atos não serão tão misericordiosos quanto esse. “Part II Dark Ages” apresenta um instrumental que faria nomes como Dream Theater sentirem um pouco de inveja. Riffs pesados combinados com compassos construídos sob uma aura de classe, combinados a uma orquestração magnífica e corais sublimes, a faixa prende a atenção e passa diversos sentimentos ao mesmo tempo. Fora a qualidade de cada instrumentista, quero mencionar o trabalho impecável das cordas de Johnny e de Biek, que surpreendem mais ainda com o quanto estão entrosados. Sem mencionar o trator Rafael Dyszy que simplesmente apresenta sua melhor forma, acompanhando o andamento absurdamente técnico da canção sem perder a sua agressividade. “Part III Song of Rebellion” é uma reunião de toda a técnica e agressividade neste ato épico, com coros de tirar o fôlego, e um vocal de Alex que combina perfeitamente com a atmosfera épica da composição. Os solos de Johnny novamente combinam a graciosidade, a velocidade e a técnica de forma excelente. Uma verdadeira música assustadora e completa. Como todas as boas operas, a “Part IV Epilogue” encerra de forma magistral os atos dessa epopeia metálica.
Claramente, esse disco serve para mostrar para cada um de nós, que o Metal é uma fonte que cada dia se renova mais e mais.
Nota: 9,0
Integrantes:
- Alex Pasqualle (vocal)
- Johnny Moraes (guitarra)
- Biek Yohaitus (baixo)
- Rafael Dyszy (bateria)
Membros de Sessão:
- Negravat (coros)
- Rodriggo Guabiraba (tenor)
- Claus Xavier (barítono)
Faixas:
- Dark Paradise
- Rebellion of the Saints
- Great Battle
- Here I Am
- Always in my Dreams
Devil Within - Part I Evil Approaches
- Part II Hammer of Gods
- Waiting for the Right Time
Symphony of Good and Evil - Part I Revelation
- Part II Dark Ages
- Part III Song of Rebellion
- Part IV Epilogue