No último dia 31 de julho, após um hiato de 34 anos, o quarto álbum do Alcatrazz, banda californiana de Hard Rock, foi lançado. “Born Innocent” é o sucessor do disco “Dangerous Games” de 1986.
Após tanto tempo sem gravar, a banda consegue resgatar muito da sonoridade de seu debut, “No Parole From Rock’N’Roll”, de 1983, registro o qual revelou ao mundo o guitarrista sueco Yngwie Malmsteen, que embora divida opiniões, revolucionou a concepção e o modo de tocar guitarra no Rock e Metal.
“Polar Bear”
A álbum abre com dois de seus singles, os quais foram clipe e lyric vídeo, a faixa título e “Polar Bear”. Ambas são a prova de uma afirmação feita por mim no primeiro parágrafo dessa resenha, pois nelas o Alcatrazz buscou se influenciar na sonoridade de seu épico debut.
“Nascemos inocentes / Então nos tornamos humanos / Nascemos inocentes / Mas nós crescemos para ser humanos”.
“Polar Bear”
Eis o forte refrão da canção que batiza o quarto álbum da banda. Afirmo com todo segurança que “Polar Bear” faria parte do “No Parole From Rock’N’Roll” e combinaria, perfeitamente, com a grandiosidade daquele álbum.
“Por favor, salve-o urso polar, libere seu espírito / Leve-o para onde ele renascerá novamente / Você o conhece urso polar, como muitos antes dele / Você os levou para onde eles nasceram de novo”.
O guitarrista Joe Stump pode não ser como Yngwie Malmsteen, isso é inegável, porém ele desperta iguais arrepios de êxtase durante a audição de seus maravilhosos solos e riffs. Apesar de ter 72 anos de idade, Graham Bonnet ainda canta e encanta como se fosse adolescente, com sua voz média/aguda, absurdamente afinada.
“Fin McCool”
“Fin McCool” dá sequência a obra de arte, esbanjando feeling e abusando de Rock’N’Roll, enquanto, Stump continua debulhando como nas faixas antecessoras e a dupla formada pelo baixista Gary Shea e o tecladista Jimmy Waldo seguem a demonstrar a mesma competência que já haviam registrado nos três primeiros full lengts da banda. Em seguida, a bonita balada “We Still Remember” destaca o trabalho conjunto de Shea, Stump e Waldo, intercalando lindas frases em escala menor harmônica.
“London 1666”
“London 1666” é mais uma das canções épicas do disco, pois, ela se refere a um grande incêndio em Londres, o qual ocorrera no dia 2 de setembro de 1666, incendiando mais de 13 mil residências.
“Meia-noite em Londres 1666/ Uma única chama foi o início disso/ A cidade medieval, dentro das muralhas da cidade/ Muitas vítimas anônimas de uma tempestade de fogo/ Nenhum lugar para ir e nenhum lugar para se esconder/ Os céus estão queimando de todos os lados/Pegue o que puder e fuja das chamas/ Corra por sua vida e comece mais uma vez”.
“Dirty Like The City”
Terceiro single do álbum, “Dirty Like The City”, igualmente foi tema de vídeo clipe. Motocicleta, velocidade, assim como a vida noturna fazem parte do enredo do vídeo dessa canção, a qual é puro Hard Rock 80’s. Dessa forma, essa mesma atmosfera Hard Rock é desencadeada na faixa seguinte:
“I Am The King”. “Me leve para baixo, me puxe/ Faça brilhar a coroa, diga-me, eu sou o rei/ Me leve para baixo, me puxe/ Minta para mim e diga que sou o rei”
Jimmy Waldo
a canção se refere às mulheres que fazem homens se sentirem reis nem que seja por uma única noite. O tecladista Jimmy Waldo se destaca com seus especiais arranjos na pesada “Something That I Am Missing”, a qual tem um mínima pitada progressiva, pois a torna pra lá de interessante.
“Paper Flags”
Alcatrazz transborda, ao mesmo tempo, versatilidade e criatividade nesse trabalho. “Paper Flags” é a quarta das canções do disco dentre as quais acho formidáveis.
“Olhe para as bandeiras de papel balançando/ Para comemorar o quê?/ A onda real dá o dedo/ Para os pobres e perdidos”
“The Would Is Open”
“The Would Is Open” é mais um Hard Rock cristalino. Contudo, seus riffs incorpados dão a poderosa sensação de se estar ouvindo a sonoridade de planos superiores ao físico.
Alcatrazz proporciona o Hard Rock dos deuses.
“Body Beautiful” é outra do rol das formidáveis, pois, ela possui um riff que é um sonho de composição de qualquer guitarrista que ame Rock e Metal. Eis aqui, um verdadeiro tutorial de como compor Rock pesado e épico, concomitantemente. O baterista Mark Benquechea é tão preciso que parece um metrônomo humano.
“Warth Lane”
“Warth Lane” tem uma pegada diferente de sua antecessora, ainda que seja uma canção na qual Bonnet respira e transpira puro sentimento em ondas de voz. A última das faixas formidáveis finaliza o álbum.
“For Tony” me fez lembrar do meu falecido pai
“For Tony” é uma canção que remete as primeiras décadas do século passado, podendo ser definida como uma autêntica seresta norte-americana, cantada por um exímio cantor britânico.
Pois, meu saudoso pai iria às lágrimas com essa linda melodia, impecavelmente, interpretada pelo mestre Bonnet. Confesso que me senti perto dele (meu pai) mais uma vez e isso é indescritível.
O que falar desse maravilhoso quarto álbum do Alcatrazz?
Bom, ele não chega a ser como o debut, porém vem logo em seguida em minha lista de preferência daquilo que a banda já registrou. Esse é um disco que deve ser assimilado vagarosamente e sem pressa, sentindo o prazer de cada um dos seus detalhes.
Aprovado e indicado aos fãs de Hard Rock, Heavy Metal e música de qualidade.
Nota 9,2
Ouça “Born Innocent” na íntegra:
Integrantes:
- Graham Bonnet (vocal)
- Mark Benquechea (bateria)
- Gary Shea (baixo)
- Joe Stump (guitarra)
- Jimmy Waldo (teclados)
Faixas:
- 1. Born Innocent
- 2. Polar Bear
- 3. Finn McCool
- 4. We Still Remember
- 5. London 1666
- 6. Dirty Like The City
- 7. I am The King
- 8. Something That I Am Missing
- 9. Paper Flags
- 10. The Wound Is Open
- 11. Body Beautiful
- 12. Warth Lane
- 13. For Tony
Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz