As tecnologias realmente chegaram para facilitar a vida das pessoas em diferentes aspectos. Mas nos últimos tempos, muitos usuários, principalmente, das mídias sociais, se tornaram escravos das mesmas sem nem ao menos perceber isso.
É como se a vida existisse somente dentro daquela plataforma. Valoriza-se uma foto no Instagram de uma comida cara em um restaurante chique. Mas e quanto a real compreensão se aquela comida estava realmente boa ou se aquele momento registrado na foto foi algo valioso para a vida?
O vocalista do Lamb Of God, Randy Blythe, é um crítico desse tipo de comportamento e deixou isso muito claro em uma nova entrevista concedida ao The Midlife Makeover Show. Questionado sobre o lado negativo das mídias sociais, Blythe disparou:
“Veja, obviamente, eu não sou um ludita (pessoas que se opõem a novas tecnologias), eu não sou antitecnologia. Estou falando com você da cidade de Nova York. Podemos nos ver neste dispositivo mágico chamado computador. E agora todos nós carregamos esses pequenos computadores em nossos bolsos que são milhões de vezes mais poderosos do que aqueles que guiaram nossas primeiras missões espaciais. As pessoas foram à lua usando computadores do tamanho deste quarto de hotel e nós temos alguns que são zilhões de vezes mais poderosos. Então a tecnologia é boa para podermos falar, e eu adoro falar com meus amigos no exterior. Eu posso fazer chamadas de vídeo com meus amigos no Japão ou Finlândia ou onde quer que seja, e é incrível e ótimo.
No entanto, deve ser usado como um suplemento para a interação humana real, porque há empatia e nuance, e todas essas coisas se perdem quando você não está cara a cara e você inconscientemente está constantemente avaliando a linguagem corporal de alguém e vendo como eles estão se comportando. E isso lhe dará pistas reais sobre seu estado emocional e, portanto, como você deve interagir com essa pessoa cara a cara. Então, como eu disse, essa tecnologia é ótima, mas é uma representação digital da vida real.
E acho que as pessoas passaram a confiar muito nela. É algo como, ‘ah, eu tenho muitos amigos no Instagram ou TikTok ou Facebook’ ou o que for. E eu vejo isso e fico pensando, sério isso? Esses amigos vão te ajudar quando você furar um pneu na beira da estrada e não tiver um reserva e precisar que eles vão até a loja para comprar um? Eles vão fazer isso por você? Seus 800 amigos em todo o mundo? Não.”
Já em 2020, Randy era um crítico não das tecnologias em si, mas de como as pessoas as utilizam. Em uma aparição no podcast “The Hardcore Humanism With Dr. Mike”, o vocalista do Lamb Of God foi convidado a falar sobre o impacto das mídias sociais na sociedade. Ele refletiu:
“Isso é uma coisa que me preocupa para a geração mais jovem, que é criada com essas coisas. O ‘Jesus de bolso’, como eu o chamo, o celular, tem tudo o que você precisa; é seu salvador. O mundo é sua ostra.
Por exemplo, eu viajei pelo mundo. Estive em todos os continentes, exceto na Antártida. Posso dizer que há uma grande, grande diferença entre olhar fotos, digamos, das Terras Altas na Escócia, ou assistir a um documentário sobre as Terras Altas na Escócia — você pode aprender algumas coisas. Há uma grande diferença entre ver isso em uma tela e estar lá. É inacreditável. Isso é uma propaganda das Terras Altas; é um lugar incrível. Mas não é comparável.
Então, para mim, não sou um ludita — acredito que a Internet é uma ferramenta valiosa — mas sinto que ela deveria ser como uma ferramenta, um meio para um fim, em vez do fim em si. E sinto que é isso, de muitas maneiras, o que se tornou com as mídias sociais e assim por diante, pessoas perseguindo curtidas e construindo seus perfis e todas essas outras coisas. E é algo que me questiono, para que fim? O que isso te dá no final? Um zilhão de seguidores no Instagram. O que isso te dá? Como isso se traduz em algo de valor em sua vida além de você ser popular em celulares. (Risos).”