Poucas bandas tem o privilégio de comemorar 50 anos de um lançamento ainda estando em atividade. O Judas Priest entrou para este seleto hall de lendas que estão por aí há mais de meio século nos presenteando com sua música. É muita coisa.
O debut “Rocka Rolla” foi lançado em 6 de setembro de 1974 e, apesar de não ter sido um disco de sucesso, traz alguns momentos interessantes. Mais do que isso, o registro apresenta uma história de aprendizado para o Priest. Poucos sabem, mas a estreia do lendário grupo britânico foi quase destruída por conta de uma atuação pra lá de questionável do produtor Roger Bain.
O cara havia trabalhado nos primeiros discos do Black Sabbath e pareceu uma boa ideia escalá-lo para produzir o Judas Priest. O Priest era conhecido localmente por suas apresentações ao vivo extremamente energéticas e era esperado que aquela sonoridade bombástica se refletisse no estúdio. Mas Roger Bain tinha outros planos.
O produtor-inventor
O produtor parecia estar empenhado em revelar um novo Led Zeppelin para o mercado e ignorou completamente o peso contido nas músicas do Judas Priest. Além de usar timbres mais leves e tentar inventar uma nova roupagem musical para o quinteto, ainda tomou a “brilhante decisão” (só que não!) de retirar das sessões de gravação, músicas como “Victim Of Changes”, “The Ripper”, “Genocide” e “Tyrant”.
Segundo ele, todas estas músicas soavam muito pesadas e tinham letras que poderiam impactar negativamente as vendagens. O Judas Priest, na época, não tinha poder de veto nesse tipo de situação e precisou aceitar os mandos e desmandos do produtor. Eles gravaram as músicas de “Rocka Rolla”, deram tudo de si no estúdio, mas ao que tudo indica o produtor colocou tudo a perder com a mixagem e masterização final.
Segundo Rob Halford:
“Peguei o disco, coloquei a agulha no sulco e sentei. E comecei a desinflar, desinflar lentamente. Fiquei tão decepcionado com a forma como estava soando. Todos nós estávamos decepcionados, todos nós trabalhamos muito para chegar a aquele lugar. E era o momento em que essa música que conhecíamos quando tocávamos ao vivo estava rugindo, o Heavy Metal estava rugindo mesmo naqueles primeiros dias primitivos. E nada disso estava saindo dos alto-falantes.”
O mundo dá voltas e a detentora dos direitos dos dois primeiros discos do Priest, a Gull Records, decidiu vender as fitas master e os direitos de publicação dos registros e, com isso, a banda pôde finalmente trabalhar “Rocka Rolla” para soar como era para ter sido há 50 anos.
A nova versão chegou às lojas na última sexta feira, 13 de setembro. Agora, os fãs poderão finalmente ter uma noção do que era pra ter sido o primeiro lançamento do Judas Priest. Em breve, o disco deverá estar também disponível nas principais plataformas de streaming. Fique atento!