Rob Halford, vocalista do lendário Judas Priest, como todos sabem, é um gay assumido. Em pleno 2022 isto é algo tratado com naturalidade e respeito, mas nem sempre foi assim.
Em uma nova entrevista concedida ao Ultimate Classic Rock, Halford comentou sobre como era ser um gay enrustido em meio a década de 80 enquanto muitos outros músicos do Rock mergulharam de cabeça na androginia do Glam. Segundo o Metal God:
“Quando você pensa sobre o movimento Glam Rock e o que ele foi, especificamente, as duas bandas que realmente impulsionaram isso para mim foram Motley Crue e Poison e, talvez eu não possa deixar de mencionar o Cinderella, talvez alguns outros como Winger e LA Guns. Havia muitas coisas surgindo naquele momento na era do Glam Rock. E definitivamente, Sebastian Bach, na época cantor do Skid Row, você sabe, era a época em que os caras pareciam garotas. E isso funcionou. E eu nunca consegui entender isso, por causa das coisas homofóbicas que estavam acontecendo nos anos 80. E de repente tinham todos esses caras com maquiagem, e olhando… eu tenho que tomar cuidado com minhas palavras aqui, mas você sabe o que estou dizendo?
Olhando de uma maneira específica, todo mundo ficou tipo, ‘Sim, cara, eles são realmente hardcore’, e todo esse tipo de coisa. E então eu, como um homem gay enrustido naquela época, pensava, ‘estou perdendo alguma coisa aqui? Como assim eu não posso sair do armário por medo de perder minha carreira e minha banda, mas esses caras estão andando por aí parecendo garotas e todo mundo está caindo em cima deles?’ Na verdade, não era todo mundo, mas, você sabe, era apenas a percepção geral das imagens, era apenas como se todo mundo tivesse olhando dessa maneira e todo mundo tivesse que se vestir assim.
Foi uma parte realmente interessante daquele tempo no Heavy Metal. E eu me incluo, não inteiramente a esse respeito, mas se você olhar para o álbum ‘Turbo’ do Priest, se você olhar para o jeito que estávamos encarando tudo isso, olhe para o jeito que Glenn Tipton arrumou seu cabelo e como Ken (KK Downing) fez o cabelo dele, estávamos todos no mesmo caldeirão, na verdade. Os anos 80 foram uma época notável para o Metal, Glam rock, Rock, ou seja lá como você quiser chamar. A apresentação visual foi extraordinária.”
No livro “Confess”, Rob Halford relata toda a luta de ser um gay enquanto o Priest ganhava fama e seus colegas de banda começavam a atrais groupies. Halford relatou no livro:
“É claro que nenhum de nossos fãs sabia que eu era gay naquele momento. Se alguma garota mal orientada fizesse uma investida para mim, eu poderia educadamente ignorá-la. Mas se eu quisesse alguma ação na estrada, e eu realmente, realmente queria, como diabos eu deveria fazer isso? Para caras heterossexuais, o ritual era fácil. Eles poderiam convidar uma garota para vir nos bastidores. ‘Você gostaria de uma bebida?’, ‘Você gostaria de vir ao nosso hotel?’, ‘Você gostaria de conhecer meu quarto?’, eu não poderia fazer nada disso.
Se eu gostasse de um cara na multidão, como eu faria isso? Quais eram as chances de ele ser gay? E se ele fosse, quais as chances de admitir isso? E, claro, tinha a questão do medo dominante que limitaria minha existência por décadas. E se descobrissem que eu era gay, os fãs não queriam nada com uma banda liderada por um gay, e isso poderia matar o Judas Priest completamente. O Priest era a coisa mais importante na minha vida e mesmo se eu estivesse disposto a sacrificar isso pela minha sexualidade, o que eu não estava, eu simplesmente não poderia fazer isso com Ken ou Glenn ou Ian. Não seria justo com eles. O problema era meu e não deles.”
Halford assumiu a sua homossexualidade em 1998, em uma entrevista concedida a MTV. Ele não era mais o vocalista do Judas Priest nesta época.
