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Indicações: Halläs – Conundrum (2021)

Sentado sobre um pequeno monte, você levanta seu olhar para o céu noturno e contempla o esplendor de uma noite mágica, você vê a lua, como que dançando em meio ao véu estrelar, expondo toda sua beleza, trajada de cores alaranjadas e acompanhada em seu ballet por suas inseparáveis companheiras, as estrelas. O céu brilha tal como se fosse dia, imaginariamente, você traça linhas para cada constelação. Com um pequeno piscar de olhos, a cor alaranjada passa a sumir e o branco esplêndido toma conta do céu iluminado. A luz lunar embebeda o seu espírito, que quanto mais tempo passa ali, mais paz e tranquilidade sente. Ao levar os olhos para baixo, vê um rio, que se assemelha a um espelho da beleza celeste. Você não quer sair de lá, ali cada segundo de sua vida passa a ser mais prazeroso, a grama abaixo de seu corpo é suave, macia e acalenta seu espírito. A brisa suave da noite arrepia seu corpo e a única coisa que você consegue pensar é em quanto está feliz de estar ali.

   

Esse é o quadro mental que inundou minha mente logo após a primeira audição de “Conundrum”. Senti uma paz tremenda, uma paixão pela vida e uma melancolia inexplicável. Foram 43 minutos de pura tranquilidade e sentimentos bons. E venho aqui dizer que todo bom headbanger ou apreciador de boa música que se preza, deveria tirar tempo para ouvir esse disco, acompanhado de uma boa xícara de café (ou chá), longe de tudo, apenas parar e ouvir esta obra.

Reprodução / Facebook

Primeiramente, vamos falar um pouco quem são esses rapazes. Hällas é um quinteto de Jönköping, Suécia. Eles se aventuram, literalmente, pelo Hard Rock e pelo Rock Progressivo, trabalhando o que tem de melhor dentro destes estilos, que por muitas vezes, são esquecidos por nós. Mas não se engane, aqui eles não trabalham com linhas de guitarras estridentes, vocais doces e agudos ou teclados chatos. Os vocais são extremamente competentes e não trabalham com extremos, mantendo sempre o timbre de forma a chamar a sua atenção para os instrumentos, que simplesmente se completam. É como se colocássemos as melhores características de cada um dos estilos, sem nenhum exagero, e misturasse. Encontramos riffs vindos diretamente dos anos 70, vocais suaves e uma cozinha simples porém totalmente eficiente e uma pitada de Rock ‘espacial’. A banda já conta com outros dois lançamentos, um EP homônimo e um excelente álbum em 2017, chamado “Excerpts From a Future Past“. Após 3 anos, eles lançam o maravilhoso “Conundrum” (esta resenha foi escrita na época deste lançamento).

O disco já abre com a ótima “Ascension”, a introdução coloca um clima mais misterioso para essa audição que se inicia. A segunda faixa que ecoa é a ótima “Beyond Night And Day”, o som de uma guitarra suave em acordes totalmente baseados na simplicidade, acompanhados de uma bateria rítmica preenchendo todo o mistério que era feito pela introdução. Os recorrentes toques de teclado/sintetizadores só enriquecem mais ainda a atmosfera musical que é aqui apresentada. Na sequência temos a doce “Strider”, que eleva ainda mais a audição a um nível de paz interior. A suavidade e simplicidade da faixa mostram que nem sempre riffs complicados são responsáveis por ótimas composições. A voz de Tommy preenche todos os espaços e completa a audição com um toque de excelência. O trabalho de Nicklas nos teclados é exímio e de alta precisão; uma simples tecla consegue modificar totalmente a atmosfera que aqui é apresentada. Mais adiante encontramos “Tear Of A Traitor”, que é uma música mais agitada, mas sem deixar a excelência de lado, aqui vemos as grandes influências de nomes como Uriah Heep, porém sem deixar a identidade dos suecos de lado. Um grande destaque nela é a progressão que temos do começo ao fim, que se faz de uma forma tão natural que somos envolvidos sem ao menos perceber.

Reprodução / Facebook

“Carry On” é a sequência dessa excelente obra de arte, além de minha faixa preferida deste compacto. Levo como ponto, o trabalho excelente do trio responsável pelas cordas do grupo, os guitarristas Alexander, Marcus e o baixista, também vocalista, Tommy Alexandersson. Uma pequena pitada de distorção nas guitarras, alinhado a uma espetacular atmosfera criada pelos teclados de Nicklas, faz com que essa música simplesmente entre em sua mente e conquiste os pontos mais longínquos de seu cérebro, o bombardeando de serotonina e te deixando completamente extasiado. Outro destaque dessa faixa é o trabalho efetivo de Kasper Eriksson na bateria, apesar da criação ser simplória, o tempo é marcado de uma forma muito peculiar, se assemelhando muitas vezes a um batimento cardíaco (ok, podem me chamar de pirado).

   

Após um início magnífico, uma construção exímia, o final deve seguir com igualdade em excelência, desta feita, seguimos para as 3 últimas obras desse full lenght. A primeira se chama “Labyrinth Of Distant Echoes”, para mim, talvez a música menos boa (o que não quer dizer que ela seja ruim), as nuances são legais, todos os instrumentos combinam entre si e o vocal segue exímio. Porém, o que me pareceu um pouco exagerado foi a introdução de quase 1 minuto e 10 segundos para o verdadeiro início da música. Mas tirando isso, ela segue o padrão de qualidade sueca de ser. Na sequência temos a ótima “Blinded By The Emerald Mist”, que tem a mesma forma progressiva de sua sucessora, mas aqui a fórmula funciona melhor, com as cordas e as teclas harmonizando muito bem. Para mim, seu destaque se encontra após os 3:25 de duração. Simplesmente magnífico! O corte abrupto só enriquece mais ainda para a próxima audição. A contundente faixa, “Fading Hero”, consegue unir em sua composição todas as características de cada faixa já apresentada. O que me chama atenção é a grande naturalidade de como tudo se combina. Novamente, destaco o trabalho em equipe das cordas e do teclado, criando uma atmosfera que vai do melancólico ao épico. Simplesmente indispensável!

Reprodução / Facebook

Um trabalho sucinto, belo, que transmite sensações, flutua entre estilos tão complexos de uma forma magistral e, certamente, merece atenção devida. Oriundo de um país tão tradicional para a música que amamos, não poderíamos esperar algo melhor. Ao ouvir o disco, sinta todo o sentimento expresso nele, permita que o feeling adentre seu corpo e deixe sentir como se estivesse sendo um protagonista de uma jornada inesquecível!

Nota: 9,3

Integrantes:

  • Tommy Alexandersson (vocal e baixo)
  •    
  • Alexander Moraitis (guitarra)
  • Marcus Pettersson (guitarra)
  • Kasper Eriksson (teclado)
  • Nicklas Malmqvist (bateria)
   

Faixas:

  1. Ascension
  2. Beyond Night And Day
  3. Strider
  4. Tear Of A Traitor
  5.    
  6. Carry On
  7. Labyrinth Of Distant Echoes
  8. Blinded By The Emerald Mist
  9. Fading Hero
   

Redigido por: Yurian ‘Dollynho’ Paiva

   

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