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Indicação: Witchtrap – “Evil Strikes Again” (2020)

Cinco anos após o lançamento do excelente e endiabrado “Trap The Witch” (2015), os colombianos do Witchtrap lançaram no dia 9 de março o sucessor “Evil Strikes Again” via Dirty Sound Records. E falando em cinco, este é o quinto álbum de estúdio da banda pertencente à Medellin, Antioquia. Com esse novo full length a saga de destruição sonora recebe um novo capítulo guiado pelo power trio que conta com os irmãos Witchhammer (bateria) e Burning Axe Ripper (vocal e guitarra), além do dono das notas graves Enforcer.

   

A arte da capa lembra e muito as dos ingleses do Satan. Não sei se trata de uma influência direta, mas a percepção dos traços é notória e de muito bom gosto. Seguindo adiante, o Witchtrap é conhecido no certame como um dos exemplos de bandas que nunca decepcionam, e não é por menos que a expectativa quanto a este lançamento fora grande entre seus adeptos. Para a alegria dos que apreciam o trabalho desta horda, a nova bolacha foi lançada. E eu que tinha todos os álbuns do “Trapão da massa” agora estou com a coleção incompleta. O que nesse sentido pode ser muito bom, caso se configure mais um sucesso por aqui. Agora pegue a sua pipoca de microondas, coloque aquele caramelo ou cheddar à sua disposição, encha sua caneca com guaraná trincando e confira comigo no replay!

Witchtrap/Bandcamp

O arsenal me parece alinhado e pronto para executar quem não está preparado para esse tiroteio cortante e visceral. Ao menos é o que pressinto, em se tratando de Witchtrap. E fazendo valer essa crença o início das coordenadas de guerrilha mostra aquela tradicional pitada de mistério com a intro “Fatal Litanies“, que serve de grande abertura para “Midnight Rites”. Simplesmente uma faixa padrão Witchtrap de qualidade com riffs majestosos capazes de serrar sua cabeça ao meio, servindo de recheio para aquela baguete que você acabara de pegar quentinha na padaria da esquina. Os ritos da meia-noite entregam tremolos e linhas sonoras que remetem a bandas do porte de Slayer e Razor. “No altar sangrento / de um sacrifício humano / Essa magia negra se espalha / por demanda satânica” – os ritos dando início ao sacrifício de quem não aprecia uma boa dose de massacre sonoro. A faixa de número 3 é nada mais nada menos que a faixa-título. “Evil Strikes Again” chega para avisar que o mal está de volta e com força total para incendiar o seu aparelho de som! Tirem as crianças da sala, pois a casa é sua e precisa de espaço para fazer aquele magnífico headbanging sem derrubar ou atropelar nenhum dos seus catarrentos bonitinhos. Os pedais duplos de Witchhammer ganham mais evidência nessa parte do pergaminho. A “múzga” come solta, estremecendo a casa do vizinho que mal sabe o que está acontecendo. “O destino pode ser lido / todos os heróis são obrigados a ser mortos. / Nas asas de um falcão / a estrela do mal brilhará” – esse falcão está passando por sua casa e lhe entregará todo o poder que um headbanger precisa para suportar esse canhão poderoso e barulhento!

O quarto lado da moeda do submundo carrega a nomenclatura de “Return To Hell” e traz consigo toda aquela atmosfera ardente daquela década saudosa que quase todo mundo ama, principalmente quem a vivenciou. Sem perder a alma sangrenta, o Witchtrap entrega mais um emaranhado de grandes linhas sonoras. “Salve suas orações e ritos. Sacerdote! / porque eu não voltarei para o inferno. / Deus não está aqui esta noite. Sacerdote! / E não vamos voltar para o inferno” – não retornaremos ao inferno por reza brava alguma. Temos nosso próprio modo de caminhar por lá e podemos voltar ao plano carnal sempre que desejarmos. Chocante, não? É, não é nada chocante para quem é “dumal”! Já o quinto grito de sacrifício atende pelo nome de “The Devil’s On The Loose”, possuindo uma daquelas risadas satânicas que te fazem aumentar ainda mais o volume, causando um terremoto na residência polida do seu vizinho canastrão. Aqui a guitarra de Burning Axe Ripper volta a soltar raios em várias direções, tamanha a sua capacidade de compor e construir grandes canções, sendo que dessa vez a abertura apresenta um misto do próprio Slayer em suas aparições mais vagarosas somadas ao eterno Black Sabbath. “As bruxas o deixaram ir. Agora o diabo está à solta / Ele está escondido em algum lugar. Agora ele vai estuprar e matar / Todas as crianças estão possuídas. Todas as garotas ofegam de desejo / Então continue orando a Deus, mas ele não está aqui esta noite” – reze, reze, reze! Porque ele está mais perto, mais perto, mais perto! Sim, ele está perto, só não se sabe onde e se está tomando a sua cerveja favorita. Malte com sangue de poser!

Witchtrap/Bandcamp

Seis é um número bem agradável para o momento e a faixa “Dealing With Satan” chega para continuar a carnificina organizada pelos arautos de Satã. O baixo de Enforcer só amplia o poderio e toda a devastação de lares ortodoxos que se possa imaginar. “Estou gritando maldições negras / escrito em sangue / Riqueza e sabedoria / será concedido nesta vida” – graças ao Metal estaremos assinando o contrato e obtendo a vida eterna, aquela que Vegeta e Freeza tanto almejaram. E ao término desse rito tudo será maravilhoso em com uma visão pra lá de infernal! “Madness And Poison” é outra potência com solos que abalam todas as estruturas da igreja principal do seu bairro, caso esteja realmente deixando a horda tocar em seu rádio ou celular. “Nenhuma guerra foi declarada / mas flechas envenenadas cairão / Depois de infectado, a obsessão prevalecerá. / A coroa do rei é o objetivo”.  Iniciando a trinca final temos “Death To False Metal”, faixa esta que o próprio nome já insinua claramente e sem pestanejar. O que seria o falso Metal? Aquele que você não curte? Aquela banda que você detesta? Aquela vertente que você não considera Metal? Não importa! O que importa é cada um curtir o seu Metal. E o Metal possui muito Witchtrap! “Um brinde ao ferreiro / e o culto de sua arte / Cabeças falsas rolarão / se os deuses do aço exigirem” – brindemos ao ferreiro e a todos que puderam chegar vivos até aqui. E mesmo com um tema bem manjado, a canção empolga “demás”!

   

A nona que não é a oitava detém o código autorizado para a abertura dos portais do inferno descrita assim: “Born To Kill”. Uma faixa mais tradicional e com uma boa dose de Rock quebra-pedras. É bom ressaltar que está de volta e com sede de sangue, tendo todos à mercê de suas vontades. “A malícia circundante vem das chamas / Na escuridão, este animal está perseguindo sua presa / Instinto descontrolado para fazer você sangrar / Aqui não há piedade, aqui não há culpa” – o fim da canção remete àqueles finais de músicas com todos construindo um fechamento grande e único. Finalizando o pergaminho do mais puro malefício da atualidade está a canção que traz novidades mais claras logo a partir de suas primeiras notas. “Rhyme Of The Insane” é uma faixa instrumental e revela logo de cara uma faceta que remete aos bons tempos do Tristania. Sim, você leu certinho, meu caro amigo do esporte! E não pense que a casa infernal caiu, pois se trata de excelentes arranjos que complementam e finalizam a obra de forma amplamente digna!

Witchtrap/Bandcamp

Eis que de fato mais um sucesso se configurou por aqui. Quem acompanhou sem ir logo para o rodapé do texto percebeu que não aconteceu nenhum tipo de equívoco por parte dos integrantes, e que a bolacha rodou lisa sem perigo algum. O perigo só foi para quem possui ouvidos completamente sensíveis e deteriorados. E outra coisa que notei, foi que trouxeram novidades para o álbum sim, só que sem exagerar na dose e de forma excepcional! Outra coisa super interessante que me ocorreu foi observar o Milu (um dos meus bichanos de estimação) bastante atento ao que rolava no som de casa, no momento em que eu redigia esta resenha. Ele até ficou de pé prestando atenção no som desses incríveis ícones sul-americanos.

Agora para você que ainda não conhece o som do Witchtrap, não perca tempo. Até o Milu conhece e gosta de verdade, sendo que ele entende muito mais do assunto do que eu e você juntos! Longa vida ao Witchtrap e que eles possam tocar por aqui assim que as coisas se estabilizarem (e eles vieram)!

“The nature of evil is to be born to kill”.

Nota: 9,2

Integrantes:

  • Carlos Mario “Burning Axe Ripper” Uribe Muñoz (vocal, guitarra)
  •    
  • Edison “Enforcer” Gil (baixo)
  • Hugo Alberto “Witchhammer” Uribe Muñoz (bateria)

Faixas:

1. Fatal Litanies
2. Midnight Rites
3. Evil Strikes Again
4. Return To Hell
5. The Devil’s On The Loose
6. Dealing With Satan
7. Madness And Poison
8. Death To False Metal
9. Born To Kill
10. Rhyme Of The Insane

Redigido por Stephan Giuliano

   
   

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