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Indicação: The Lord Weird Slough Feg – “New Organon” (2019)

“O nome da banda, Slough Feg, ou mais formalmente, The Lord Weird Slough Feg, é tirado do principal vilão da série britânica de quadrinhos Sláine, que é ambientada em um mundo baseado em mitos e histórias celtas. Esses mitos, como relatado no conto histórico conhecido como Táin Bó Cúailnge (tawn bo cool’gnya), fornecem a base para muitos dos tópicos líricos de Mike, embora assuntos como evolução mental, domínio moral e sua miséria básica e loucura também tendem a surgir, mesmo quando não relacionadas à mitologia.”

   

Agora que entendemos a temática divulgada pela banda, vamos à sua escalação: Mike Scalzi (ex-Unholy Cadaver, ex-Hammers Of Misfortune, ex-WhipKraft, ex-Heart Of Darkness) é além de guitarrista e vocalista, o dono da coisa toda, como diriam os mais fanáticos. Abreviando para Slough Feg, a banda é composta também pelo baixista Adrian Maestas (ex-WhipKraft), o guitarrista Angelo Tringali (ex-Cold Mourning, ex-While Heaven Wept (live)), e o baterista Jeff Griffin. Sobrenome este que faz aquele quem vos digita lembrar a resenha feita para o disco de estreia dos finlandeses do Iron Griffin. Tal sonoridade me remeteu às bandas Torch e Tungsten Axe, ambas da Suécia sendo uma mais tradicional e conhecida pelos fãs mais antigos do Heavy Metal e a outra mais recente que resgata esse Rock setentista mesclado ao Heavy Metal clássico. “New Organon” foi lançado no dia 14 de junho via Cruz Del Sur Music e sua discografia agora contabiliza dez álbuns de estúdio, cinco demos e três splits. Isso sem contar compilações, lives e singles. Outra curiosidade é a de que o Slough Feg nunca lançou nenhum EP. Agora vamos à curiosidade principal.

Slough Feg/Official Bandcamp

A fábula é contada inicialmente pela canção “Headhunter” que através das videiras nas árvores recitam metáforas como esta: “Vítimas do sinal em aço gravado / Orações sussurradas esquecidas quando caem / Golpeado pelo vento eu ainda sou escravizado / A veia perfurada da vida libertou todos eles”. Nada como o caçador começando sua jornada pelos campos do Feg repleta de guitarras harmônicas e poderosas de Tringali e Scalzi que completa o contorno com sua voz limpa de rouquidão característica. Em “Discourse On Equality” temos uma banda numa crescente sonora e um baixo se destacando em meio ao conto graças às levadas de Maestas. “Eu represento as criaturas civis / E eu possuo a vontade geral / Para sempre em estado de natureza / Eu vou dar a minha bênção pela matança” – trecho sobre as correntes de miséria que assolam o mundo desde as primeiras civilizações.

O baixão de Maestas dá as cartas na introdução de “The Apology” que segue seu percurso de maneira linear e um ritmo peculiar favorecendo o contador de histórias Scalzi recitar seus versos num formato mais comum às crianças que adoram ouvir histórias e contos antes de dormirem. “Being And Nothingness” acelera os passos e isso acaba a tornando uma das melhores faixas do disco. Bastante empolgante e vibrante, tal canção eleva os patamares da confraternização entre as décadas de 70 e 80.

The Lord Weird Slough Feg ou simplesmente Slough Feg é o tipo de banda que te joga direto na linha do tempo fazendo-o viajar sem sair do lugar mesmo nunca estando presente nas épocas citadas. “Do nada eu nasci / Eu sou óbvio e desamparado / Apenas um ser fora do tempo / Um crime de berçário distorcido.” A vez da faixa que dá nome a este full-length chega e “New Organon” que possui os melhores solos do disco mantém a chama bem acesa para que os povoados mais longínquos possam visualizar e reconhecer a força deste time através do ritmo veloz da cavalaria. “Através do ar e da água, terra e fogo / A descoberta é lenta / A terra é redonda, a vontade é livre / A praça da oposição encontra-se / O ceticismo cresce / Em uma era de sofismas” – infelizmente saber que a Terra é redonda não é muito legal para os “terraplanistas” deste mundo que parecem viver em outro universo muito bizarro.

   

“Sword Of Machiavelli” possui um nome que transmite um punhado de honra com chocolate quente, mas não chega a ser tão doce. O Rock distorcido e empoeirado fica mais evidente e faz com que Griffin olhe em seu velocímetro de reduza um pouco o ritmo de seu kit embora esta seja a faixa mais breve do álbum. “Uma vítima de Mefistófeles / Uma vítima a morrer pela espada / Uma vítima de Mefistófeles”. Já adentramos na sétima canção e “Uncanny” amplia o marcador em favor das melhores canções do disco com uma mistura de Torch com solos um tanto Iommi. Não tanto para não parecer igual, mas com lembrança suficiente a fim de enriquecer ainda mais o disco que mostra que “Inusitado a capacidade de prever / O que tem sido desconhecido” – canção esta em que o baixista Maestas também oferece sua voz.

“Coming Of Age In The Milky Way” percorre uma veia mais psicodélica sem se perder nas ilusões e viagens que isso possa causar. “Através de um espelho, pensamento refletindo o passado / Ficando mais claro só para me deixar horrorizado / Contos para lembrar, servem para desmembrar minha mente / E me manda de volta no tempo”. “Exegesis/Tragic Hooligan” não expulsa a psicodelia e apenas troca um pouco desse mel por um pouco de chá deixando o ambiente menos carregado tornando a respiração mais suave. “O quarto é tão preto / Mas sob as rachaduras / Os contos moribundos / Isso te traz de volta” – você pode viajar sem sair do lugar, mas consegue aterrissar com segurança sem se perder no universo quântico em outras linhas temporais.

A melhor escolha para fechar o livro das fábulas de Feg foi “The Cynic”. Faixa esta que traz à mente uma fita velha empoeirada guardada e esquecida por muito tempo na última gaveta de um cômodo velho e escondido por uma porção de coisas que foram jogadas sobre o mesmo. Tal fita deveria conter essa música que oferece essa poeirinha mágica que faz com que qualquer ser possa viajar no tempo realmente sem sair do lugar. Outra que faz parte do seleto grupo de melhores canções do álbum e que fecha de forma digna este capítulo. “Essa sabedoria especial que vem com a derrota / As vitórias do cinismo estão se aglomerando no meu cérebro / Gênios corroídos que ficaram no jogo” – uma verdadeira viagem por caminhos tortuosos repleto sangue, sofrimento, disputas e muito aprendizado.

Slough Feg/Divulgação

O Heavy Metal está aí mais forte do que nunca repleto de novidades, seja com bandas novas ou antigas, e até mesmo aquelas que sumiram do mapa e retornaram às atividades. Portanto, não adianta ficar dizendo que nada mudou, pois a única pessoa que viajou e se perdeu no tempo foi vossa senhoria. E o The Lord Weird Slough Feg está aí para reforçar os dizeres.

Nota: 8,4

Integrantes:

  • Mike Scalzi (vocal, guitarra)
  •    
  • Adrian Maestas (baixo, vocal na faixa 7)
  • Angelo Tringali (guitarra)
  • Jeff Griffin (bateria)

Faixas:

1. Headhunter
2. Discourse On Equality
3. The Apology
4. Being And Nothingness
5. New Organon
6. Sword Of Machiavelli
7. Uncanny
8. Coming Of Age In The Milky Way
9. Exegesis/Tragic Hooligan
10. The Cynic

   

Redigido por Stephan Giuliano

   
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