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Indicação Prog: Threshold – “Subsurface” (2004)

Gravadora: InsideOut Music

   

Numa lista extensa de bandas do chamado Progressive Metal ou simplesmente Prog Metal, é preciso incluir o sexteto inglês THRESHOLD, banda com um currículo extenso de excelentes trabalhos lançados e donos de uma sonoridade genial quando o assunto é Prog Metal / Prog Rock.

Na ativa desde 1988 e oriundos de Surrey, Inglaterra, o grupo conta com 11 excelentes trabalhos (oficiais) e em dois momentos distintos da carreira teve em sua formação o genial Damian Wilson (Star One, Arena, Headspace, Maiden United, etc) comandando os vocais.

Seguindo uma linha mais melódica e menos técnica, a banda traz em sua sonoridade os mesmos elementos de grupos como Seventh Wonder, Arena, Marillion, Shadow Gallery, Vanishing Point, Knight Area, Magnitude 9, Vanden Plas e outros.

Traduzindo: Não espere ouvir do Threshold aquelas músicas repletas de passagens técnicas, viagens sonoras infindáveis, excessos de virtuose e introduções maçantes. Ou seja, o grupo aposta na música de fato ao invés de masturbação sonora ou da chamada “encheção de linguiça”.

   

Para compreender melhor sua musicalidade é preciso mergulhar em seus discos recheados de belas composições, melodias impactantes e backing vocals absolutamente perfeitos.

Todos esses atributos musicais nos levam para 2004, ano no qual lançaram o excepcional “Subsurface”, sétimo álbum da carreira e um dos discos geniais do estilo e também da carreira do Threshold.

Trazendo em seu line up Andrew McDermott (vocais), Karl Groom (guitarras), Nick Midson (guitarras), Steve Anderson (baixo), Richard West (teclados) e Johanne James (bateria) e contendo 09 faixas inéditas divididas em 58 minutos de duração, “Subsurface” é mais um disco excepcional na carreira do sexteto inglês que faz parte de uma pequena lista de bandas cujos lançamentos são sempre surpreendentes.

Não espere ouvir deles um disco ruim ou cansativo (apesar da duração de suas canções), já que os mesmos seguem aquela trilha de grupos como Royal Hunt, banda que jamais decepcionou em seus lançamentos.

Focando suas letras em temas que abordam o ambientalismo, guerras e política, o disco traz a mesma fórmula de seus trabalhos anteriores, marcando também a despedida de Nick Midson, guitarrista e um dos fundadores da banda.

   

Sem delongas, é hora de adentrar ao submundo sonoro de “Subsurface” e viajar em suas belas harmonias. Vamos nessa?

A boa recepção vem através de “Mission Profile”, faixa de abertura que traz em seus longos oito minutos de duração todos os atributos sonoros do Prog Metal. Com suas mudanças de andamentos e flertando claramente com o Power/Prog, somos envolvidos por suas melodias espetaculares e suas bases excepcionais de guitarras, numa verdadeira viagem repleta de harmonias conduzida pelos teclados geniais de Richard West e os vocais excepcionais de Andrew Mc Dermott.

Aqui, cabe um aviso: Apesar de sua duração, “Mission Profile” é o primeiro momento longo do disco e um exemplo de como uma canção pode ser composta e conduzida sem soar enfadonha e/ou cansativa.

Como é de costume dizer: Excelente faixa de abertura!

Numa combinação perfeita entre o Prog Metal, Prog Rock e Neo Prog, “Ground Control é mais um exemplo de música longa, que não soa maçante. Trazendo linhas de teclados que transitam entre a New Wave, o Progressivo e melodias que nos remetem a grupos como Ayreon, Star One, Porcupine Tree, Pagan’s Mind e Riverside, temos aqui mais um momento espetacular onde o riffs pesados das guitarras se unem as melodias de teclados, criando um equilíbrio perfeito em uma canção que vai do agressivo ao “soft” em segundos. Destaques para as linhas e solos de guitarras, lembrando o que faz Jørn Viggo Lofstad em seu Pagan ‘s Mind.

   

Podemos dizer que “Opium” é o momento Power Ballad do disco? Sim! Podemos afirmar sem medo de errar já que temos aqui uma música onde as linhas (belíssimas) de guitarras mas uma vez unem-se aos teclados muito bem conduzidos por Richard West e o resultado é simplesmente espetacular.

Dona de uma das mais belas melodias presentes em “Subsurface” e figurando na lista de melhores faixas do disco, somos abduzidos por melodias grudentas e viciantes, lembrando em alguns momentos os alemães do Ivory Tower e os ingleses do Shadow Gallery. Destaco aqui a voz brilhante e poderosa de Andrew, numa combinação perfeita de entre Jon Oliva e Jan Willem Ketelaers (Knight Area).

Em um dos momentos mais “soft” do disco, “Stop Dead” faz uma ponte entre o Prog e o Rock, apresentando um resultado impressionante e talvez a música mais “comercial” do disco. Não por acaso, temos aqui a composição mais curta em todo o trabalho e também a faixa mais acessível.

Apenas frisando que o termo “comercial” aqui usado serve não como demérito e sim como referência para uma música simples e sem exageros em sua execução.

Podemos dizer que suas melodias são uma viagem a sonoridade de nomes como Marillion (fase Fish), Genesis (fase Peter Gabriel), Pain of Salvation (fase atual), Circus Maximus e Everon.

   

De volta ao terreno das longas composições, “The Art of Reason” é sem dúvidas a faixa mais épica do álbum. Ultrapassando a barreira dos 10 minutos de duração, temos aqui uma faixa grandiosa, cheia de andamentos e um trabalho de harmonia absurdamente belo. Claro que há algumas doses de técnicas e virtuoses, porém tudo aqui é extremamente bem dosado, conduzido com certo cuidado para não causar desgaste no ouvinte.

Apesar da longa duração e principalmente o fato da banda investir mais na parte instrumental, definitivamente, não temos aqueles casos onde o grupo tenta criar a “oitava nota musical”. Ao final, é bem provável que após a última nota a tecla “repeat” seja urgentemente acionada.

Destaques para as linhas de contra baixo de Steve Anderson (o cara simplesmente consegue impressionar) e mais uma vez o teclado de Richard Wagner rouba a cena. Como a “cereja do bolo”, os vocais harmoniosos de Andrew mais uma vez fazem a diferença, já que o mesmo é dono de uma voz privilegiada e um dos timbres mais belos do Progressive Metal.

Seguindo em alto estilo e se mantendo em alta, “Pressure” é na humilde opinião deste que vos escreve a faixa mais excepcional de todo o álbum. Não! Isso não quer dizer que tenhamos aqui a melhor composição ou a música mais pesada da banda. O que faz desta uma das músicas mais absurdas do disco (musicalmente falando) é a forma como os instrumentos soam grandiosos em suas respectivas funções. Começando pelos riffs iniciais e pesados da dupla Karl Groom & Nick Midson, os teclados bem executados de Richard West, às linhas animais e pesadas de contra baixo de Steve Anderson, a bateria precisa de Johanne James (grande presença e grande atuação) e, finalmente, os vocais de Andrew McDermott, que com a perfeição que lhe é peculiar, transforma esta em uma das músicas mais belas e espetaculares do sexteto.

Em suas melodias e harmonias, “Pressure” nos remete ao que fazem musicalmente Evergrey, Vanishing Point, Appearance Of Nothing, Tomorrow’s Eve, Magnitude 9, Vanden Plas, Pagan’s Mind e outros.

   

Pressure:

O disco chega ao momento “Love Songs” e ela vem através da “Flags and Footprints”, uma baladinha no estilo Piano & Voz, embora a mesma não seja exatamente nesta linha, uma vez que os demais instrumentos fazem-se presentes em seus quase cinco minutos de duração.

Com uma levada à la Poverty ‘s No Crime, IQ e Shadow Gallery, a canção faz parte de mais um momento grandioso do disco. E se até aqui Andrew ainda causava mistério sobre ser uma das mais belas vozes do Progressive Metal, aqui ele simplesmente acaba com qualquer dúvida.

Destaque para as linhas sintetizadas de teclados que oferecem à canção uma atmosfera espacial, características estas presentes nos trabalhos do Ayreon.

Em sua reta final, “Static” traz uma linha Hard/Prog em mais uma música simples, porém em alguns momentos tem algo de Symphony X, principalmente nas partes de teclados e guitarras. Apesar do flerte com o Hard, a essência de “Static” gira em torno do Prog Metal propriamente dito e é justamente isso que temos aqui.

   

Em mais um momento Power Ballad e fechando o disco de forma primorosa, “The Destruction of Words”tem a missão de fazer bonito em seus poucos mais de seis minutos de duração. Se o objetivo era fechar o disco de forma primorosa, então devo dizer que o mesmo foi realizado com sucesso. Com suas melodias e vocais encantadores, mergulhamos nas notas emitidas por West (Richard) e seus teclados, aqui soando como piano, emanando notas sutis e delicadas em grande parte da música.

Não obstante, temos o trabalho excepcional das guitarras que emanam solos carregados de melodias em seu andamento cadenciado e bases primorosas, casando perfeitamente com a voz magistral de Andrew.

Resumindo: Belíssima (e perfeita) canção.

*Diferente de inúmeros grupos do estilo, o Threshold faz parte daquela ala de bandas que primam pela excelência musical, convertida em harmonias e melodias.

Aos desavisados de plantão e não familiarizados com a música da banda e que por ventura perceba a duração de “The Art Of Reason”, que ultrapassa os dez minutos, por exemplo, não se deixe levar pela preguiça de não querer ouvi-la, fazendo assim um pré-conceito sobre a mesma. Como dito anteriormente, o Threshold faz aquela linha voltada às melodias e primam por composições inteligentes, tais quais suas letras que abordam temas relevantes. Não bastassem todas estas qualidades, o grupo traz em seu line up músicos gabaritados e afiados com seus respectivos instrumentos.

   

Outra característica marcante presente na musicalidade da banda são as partes de “backing vocals”, visto que na grande maioria das composições eles (os backings) fazem a ligação perfeita entre harmonia e melodia. O resultado final é uma música de extremo bom gosto, emanada por uma banda que não faz parte do alto escalão do Prog Metal/Prog Rock, mas que musicalmente falando, faz muito melhor que tantas outras “queridinhas” de uma boa parte do público que esquece por vezes que nem todos pretendem ser vítimas de “masturbação sonora”.

A verdade é que os exageros e as peripécias musicais de alguns grupos de Prog Metal, de fato servem para segregar e espantar os ouvintes de outros estilos, trazendo ao Progressive Metal um estigma de que o mesmo é música maçante e complexa. Ledo engano, já que bandas como Threshold provam que é possível ouvir um trabalho com músicas longas e ainda repeti-lo após a última faixa.

Observações acerca da banda:

*”Subsurface” figurou nas páginas da Rock Hard Magazine na lista dos “500 melhores discos de Metal de todos os tempos”. A banda figura na 472a posição.

*Formada em 1988, a banda conta com 10 discos oficiais, sendo “Legend of Shires”, seu mais recente trabalho de inéditas, lançado em setembro de 2017.

   

*Após cinco discos oficiais, o vocalista Andrew McDermott deixa o posto em 2007. Em agosto de 2011, Andrew faleceu por conta de uma insuficiência renal.

*Além do Threshold, Andrew McDermott integrou as bandas Galloglass, PowerWorld, Yargos, Swamp Freaks e Sargant Fury.

*Em fevereiro de 2004, a banda lançou “Critical Energy”, primeiro DVD da carreira e um trabalho excepcional que merece ser conferido.

*Em março de 2005, o grupo lançou “Subsurface To Stage”, álbum ao vivo gravado na Suíça contendo quase todas as faixas do referido “Subsurface”.

  • Faixas:
  •    
  • 1.Mission Profile
  • 2.Ground Control
  • 3.Opium
  • 4.Stop Dead
  • 5.The Art of Reason
  •    
  • 6.Pressure
  • 7.Flags and Footprints
  • 8.Static
  • 9.The Destruction of Words
  •    
  • Integrantes:
  • Andrew McDermott (R.I.P. 2011): (vocal)
  • Karl Groom (guitarra)
  • Nick Midson (guitarra)
  • Steve Anderson (baixo)
  •    
  • Johanne James (bateria)
  • Richard West (teclado)
  • Redigido por: Geovani Vieira
  •    
   

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