Nuclear Blast
Depois do “ressurgimento” do Thrash Metal ocorrido no começo dos anos 2000, parecia que as bandas alemãs iriam dominar a cena mundial com nomes como Kreator, Sodom, Destruction e Tankard apresentando grandes trabalhos em sequência. Porém, não demorou muito e os veteranos estadunidenses representados por Exodus, Testament e, claro, o Overkill, começaram equilibrar essa balança. Entre todas as bandas mencionadas aqui, talvez o caso do Overkill seja o mais impressionante, pois desde o aclamado “Ironbound” (2010), esses malucos vem nos apresentando uma cacetada atrás da outra. Já são 5 registros matadores desde então e, “The Wings Of War”, o décimo nono da discografia dos caras, chega para confirmar a excelente fase e, sem qualquer modéstia, um dos melhores do estilo em 2019.
Se “The Grinding Wheel” (2017) foi um tiro certeiro no alvo, “The Wings Of War” não fica para trás e exibe uma coleção de composições poderosas. Sem repetir o cardápio anterior, mas mantendo a capacidade destrutiva e adicionando ainda mais elementos ao Thrash já encorpado do quinteto de Nova Jersey, Bobby “Blitz”, D. D. Verni e seus comparsas entregam uma obra forte, fulminante, classuda e cheia de peso.Os dois músicos são, sem a menor dúvida, as principais engrenagens por traz da locomotiva desenfreada chamada Overkill e, me parece, sabem exatamente onde querem chegar e como fazer para obter tal resultado.
Seja na velocidade e agressividade das insanas “Last Man Standing”, “Welcome To The Garden State” e “Batshitcrazy”, faixas puramente Thrash moldadas no estilo old school, seja em composições mais “melodiosas” como nas fabulosas “Believe In The Fight” e “A Mother’s Prayer”, o resultado é bastante acertado e conciso. O single “Head Of A Pin” é outro destaque latente, dono de um belo riff e cheio de passagens marcantes, vem sendo executado ao vivo na mais recente tour e tem agradado muito os fãs.
O álbum ainda traz mais dois momentos épicos, o primeiro em “Where Few Dare To Walk”, com uma introdução sombria, um baita climão tenso e um belíssimo refrão. Esta canção me fez lembrar das homônimas “Overkill” (partes 1, 2, 3 e 5), que sempre se utilizaram desses recursos. No segundo momento, o encerramento matador do disco com a visceral “Hole In my Soul”, música hors concours. É importante mencionar que mesmo nas duas composições, digamos, “menos atraentes”, “Distortion” e “Out On The Road-kill”, o resultado ainda é bastante satisfatório e essas músicas acabam superando a imensa maioria das faixas apresentadas por outras bandas atuais do estilo.
Tecnicamente, o grupo está excepcionalmente bem e, mesmo com a troca de bateristas (Ron Lipnicki foi substituído por Jason Bittner), o entrosamento entre os integrantes é notório. Como temos constatado nos últimos anos, a criatividade também anda em alta e é justamente essa combinação de fatores que vem fazendo do Overkill uma presença constante em praticamente todas as listas sérias de principais bandas de Metal em atividade. Quando chegamos ao final de 2019, ninguém se atreveu a desenvolver um ranking de melhores discos de Thrash sem, ao menos, escutar “The Wings Of War”. Esta é uma audição obrigatória daquele ano.
Nota: 8,8
Integrantes:
- Bobby “Blitz” Ellsworth (vocal)
- D.D. Verni (baixo)
- Dave Linsk (guitarra)
- Derek Tailer (guitarra)
- Jason Bittner (bateria)
Faixas:
- 1.Last Man Standing
- 2.Believe In The Fight
- 3.Head Of A Pin
- 4.BatShitCrazy
- 5.Distortion
- 6.A Mother’s Prayer
- 7.Welcome To The Garden State
- 8.Where Few Dare To Walk
- 9.Out On The Road-Kill
- 10.Hole In My Soul
Redigido por: Fabio Reis