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Indicação: Chaosfear – “Be The Light In Dark Days” (2020)

Careless Records

   

Não é de hoje que a MPB (Música Pesada Brasileira) vive um grande e importante momento. Quem acompanha com afinco a cena underground tupiniquim, percebe que a mesma tem agraciado os fãs do estilo com lançamentos excepcionais, e em alguns casos, surpreendentes.

Citando uma das várias bandas com discos surpreendentes está o Chaosfear, quarteto paulista formado atualmente por Fernando Boccomino (vocais, guitarras), Eduardo Boccomino (guitarras), Marco Nunes (baixo) e Fábio Moysés (bateria), responsável por lançar, em 2020, o magistral “Be The Light In Dark Days”, terceiro registro oficial da carreira, e indiscutivelmente um dos grandes discos do referido ano, bem como um dos melhores trabalhos da banda.

Gravado, mixado e produzido no Tori Studios, de propriedade de Marco Nunes (baixista da banda), o disco conta com sete faixas inéditas, e foi editado oficialmente no dia 11 de junho de 2020.

Trazendo uma sonoridade que transita entre o Heavy Metal, Death, Thrash, Gothic, Groove e Melodic Death Metal, o álbum fecha um círculo que teve início em 2019 com os singles “Global Atrocity” e “Path 21”, além de “The Alliance” e “Whose Fist Is This Anyway” (2020), esta última um cover da banda americana Prong.

   

Apresentando uma sonoridade diferente de seus antecessores, o sucessor de “Images of Disorder”(2008) apresenta uma amálgama dos estilos acima citados, e embora a banda tenha se enveredado por uma sonoridade diversificada, a essência Thrash Metal dos primeiros trabalhos ainda está bem presente em sua música.

Em exatos 32 minutos de duração, o álbum apresenta 07 faixas grandiosas cheias de estilos e referências variadas de nomes como Opeth, Katatonia, Darkseed, Moonspell, Fear Factory, Prong, Paradise Lost, , etc. O disco ainda conta com a participação especial de Murilo Leite, vocalista do lendário Genocidio e também da cantora Letícia Helena.

Apresentações feitas, é hora de mergulhar na sonoridade densa, melancólica, pesada e sombria de um dos melhores discos de Thrash Metal lançados no referido ano de 2020.

“Vem comigo!”

O ponto de partida dá-se com “Be The Light In A Dark Days”, faixa que batiza o disco e traz as participações especiais de Murilo Leite (Genocidio) e da cantora Letícia Helena. Numa amálgama de estilos onde o Thrash, Death, Technical Death e até mesmo uma pitada de Industrial se encontram, somos atropelados por uma avalanche de riffs cortantes de guitarras, vocais agressivos, linhas brutais de contra baixo e bateria soando tal qual uma britadeira.

Divulgação / Facebook / Chaosfear

Em uma música precisa e certeira, os destaques vão para os guturais monstruosas de Fernando Boccomino, o refrão grudento e pegajoso (daqueles que grudam no cérebro), além das linhas de vozes da dupla Murilo & Letícia, aqui funcionando como a cereja do bolo.

   

Como é de costume dizer: Excelente faixa de abertura!

…Wake up and enjoy your new chance / Your dreams can be eternal / The path is open so fly your way…

Sem tempo para pensar ou respirar, mergulhamos nas melodias de “From No Past”, faixa que permite o encontro do Thrash com o Groove Metal, flertando em dado momento com o Gothic Metal. Produzida, gravada e dirigida por Jean Santiago, também responsável pela arte da capa, a música retrata a história de uma garota que pede ajuda a um assassino para que este acabe com seu sofrimento causado pela depressão.

Lançado como segundo single, inicialmente a música ganhou um lyric video, seguida de um excelente videoclipe. Nele, adentramos em uma atmosfera solitária e melancólica numa conexão direta com sua letra e suas imagens em preto e branco, proporcionando ao ouvinte um clima denso e sombrio.

*Por conta da pandemia da Covid-19, o clipe foi gravado em takes separados onde cada músico aparece em tomadas individuais. Para dar uma atmosfera diferente ao clipe, foram usadas alguns efeitos que vão desde “liquído negro”, “aliens”, “terremotos” e “sangue coagulado”. O resultado final ficou excepcional.

Não se deixe levar pelos breves riffs calmos e iniciais de “The Hand That Wrecks The World”, já que estamos falando de mais uma paulada na cabeça.

   

Numa levada a la Testament (principalmente nos vocais agressivos), somos arremessados aos riffs insanos das guitarras de Eduardo, passando pela bateria avassaladora de Fábio, pela pancadaria do contrabaixo de Marco, e finalmente, pelos vocais agressivos e ríspidos de Fernando, em uma música muito bem construída.

Destaques paras os riffs groovados de guitarras e pro refrão onde as parte limpas dos vocais nos remetem a nome como The Unguided, Sonic Syndicate, Bloodred Hourglass, Illidiance, Seecrees, Sympuls-e, Rise To Fall, Dark Age, Fear Factory, etc.

*Temos aqui mais uma música contemplada com um excelente videoclipe.

Alguém consegue imaginar uma jam onde estivessem os caras do Pantera, Fear Factory e Slayer? Improvável, certo? Errado! O que se ouve em “Mindshut” é exatamente isso. Numa música onde as guitarras destilam riffs impiedosos, os vocais comandam e atingem um grau absurdo de agressividade, enquanto a cozinha baixo e bateria (destruidora) despejam doses cavalares de violência sonora, é quase impossível alguém permanecer imóvel. Indo direto ao assunto, temos aqui o momento mais brutal do álbum.

Traçando um paralelo musical, nos deparamos com sonoridades que nos remete as faixa “Hostage To Heaven” do excelente “Power Of Inner Strenght” do projeto Grip Inc, e “Davidian”, do ótimo “Burn My Eyes” do Machine Head. Estas referências estão presentes principalmente nas partes de guitarras.

*Ao final, a tecla repeat deverá ser usada sem moderação.

Uma mistura de Southern Rock/Stoner com Groove Metal, assim é o início de “Cold”, mais uma grande faixa trazendo consigo a missão de ser a diferentona do disco, já que suas harmonias soam mais calmas, se abdicando da pancadaria de suas antecessoras. Embora em dado momento esta calmaria descambe para uma atmosfera mais nervosa e agressiva.

   

Traçando mais um paralelo, nos remetemos a “Linchpin” do Fear Factory e “Black Star” do Carcass. Algo mais precisa ser dito?

*Destaques para a performance monstruosa de Marco Nunes, despejando linhas absurdamente pesadas de seu contrabaixo.


*Aqui, mais uma faixa com direito a videoclipe.

De volta a pancadaria e sem se importar se seu pescoço está em ordem, “The Alliance” é mais um chute no crânio e também mais single que ganhou um excelente (e bizarro em dado momento) videoclipe.

Rápida, agressiva, extrema e dotada de riffs insanos, mergulhamos em uma atmosfera sombria, inquieta e perturbadora, auxiliada pelos vocais agressivos de Fernando e pela bateria destruidora de Fábio, aqui soando como um verdadeiro rolo compressor.

CHAOSFEAR / Photo By: Leo Muniz

Em um disco onde relevância é a palavra de ordem e versatilidade é marca registrada em todo o trabalho, “The Alliance” mostra-se uma composição fascinante onde o encontro entre o Death Metal e o Thrash Metal formam uma dupla perfeita, unindo forças em pouco mais de três minutos de duração.

   

Mais uma vez, é aconselhável o uso contínuo da tecla “Repeat”.

E já que mencionei a palavra versatilidade é justamente isso que ouvimos na direta e certeira “A New Life Ahead”, faixa que encerra o disco em grande estilo. Com suas raízes fincadas no Heavy Metal, temos aqui uma abordagem sonora diferente das demais faixas onde as guitarras cospem riffs certeiros, enquanto a parte dos solos trazem referências a Kirk Hammett (Metallica) e Jeff Loomis (ex Nevermore, Arch Enemy).

Uma peculiaridade em “A New Life Ahead” são as linhas de vozes, ora amenas, ora agressivas. Não fosse o tom grave e as palhetadas abafadas, poderíamos dizer que há sutis momentos em que os americanos do Nevermore encabeçam a lista de influências e/ou referências musicais do quarteto paulista, embora algumas linhas de Doom Metal apareçam de forma sutil no decorrer de seus quase sete minutos de duração.

Coroando sua bela atuação como faixa de encerramento, a mesma ainda nos brinda com belíssimos vocais femininos, destacando-se por ser uma música cheia de personalidade e criatividade. Destaques para os riffs/solos de guitarras e para a bateria precisa e extraordinária, conduzida por Fábio Moyses, fechando em altíssimo nível um disco honesto, coeso, onde regras sonoras são sabiamente dispensadas.

Divulgação / Facebook / CHAOSFEAR

Em um trabalho peculiar onde o quarteto mostra através de sua discografia um desprendimento de rótulos, é gratificante ouvir um registro cuja sonoridade passeia por estilos variados, mostrando que há uma nova fronteira musical além da conhecida e limitada zona de conforto.

   

Tão grandiosa quanto suas canções, “Be The Light In Dark Days” ainda apresenta uma produção primorosa, graças aos trabalhos excepcionais de Marco Nunes, responsável também pelo baixo da banda.. Sem nenhuma intenção de desmerecer os line ups anteriores, ouso dizer que a banda traz em seu momento atual sua melhor formação.


Em uma jornada que já dura vinte anos, o Chaosfear segue firme e forte rumo ao topo buscando o reconhecimento merecido e claro, despontando como uma das melhores bandas brasileiras da atualidade.

  • *Em recente entrevista ao Mundo Metal, o baterista Fábio Moysés adiantou que a banda trabalha no sucessor de “Be The Light In Dark Days” com previsão de lançamento ainda em 2022.
  • *Em novembro do ano passado, a banda lançou “Aeternum”, EP contendo três excelentes faixas.
   

N do R: Em 2020, minha lista particular de melhores do ano, fiz questão de enaltecer a grandiosidade de “Be The Light In A Dark Days” como se deve, onde o mesmo encabeçou a lista na categoria Metal Nacional.

Passados dois anos e reouvindo o disco, a impressão que tenho é que ele acabou de ser lançado. Ou seja, os mesmos sentimentos, que tive ao ouvi-lo pela primeira vez, permanecem inalterados.

Banda e discos altamente indicados.

Integrantes:

  • Eduardo Boccomino (guitarras)
  • Fernando Boccomino (vocais, guitarras)
  • Marco Nunes (baixo)
  •    
  • Fábio Moysés (bateria)

Faixas:

  • 01.Be The Light In Dark Days
  • 02.From No Past
  •    
  • 03.The Hand That Wrecks The World
  • 04.Mindshut
  • 05.Cold
  • 06.The Alliance
  • 07.A New Life Ahead
  •    

Redigido por: Geovani “Gigio” Vieira

   
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