Em 17 de janeiro de 2001, há exatos 24 anos, o baixista Jason Newsted deixou o Metallica. Ele se juntou à banda após a morte do baixista original Cliff Burton em 1986. Ao longo dos anos, muitas explicações e entrevistas tenham foram dadas por todas as partes, com algumas controvérsias pelo caminho, mas em 2014 Jason Newsted revelou durante uma entrevista a ScuzzTV que o fator principal que motivou sua saída foi quando, o guitarrista e vocalista James Hetfield, anulou o envolvimento de sua administração com o projeto paralelo de Newsted, o Echobrain.
Veja a declaração de Jason Newsted em seguida:
“Eu nunca contei essa história. Não tenho certeza se devo contá-la agora, na verdade. Eles achavam que o Echobrain era tão bom, o vocalista era tão bom, e isso não afetava o Metallica porque era um tipo de coisa totalmente diferente, e eu estava no Metallica; isso já daria a ele seu pedigree.”
Ele estava, eu acho, praticamente querendo acabar com a coisa toda porque isso afetaria o Metallica aos seus olhos. Porque agora os empresários estavam interessados em algo que eu estava fazendo que não tinha nada a ver com ele.”
Alguns dias depois, o empresário do Metallica ligou para Newsted dizendo que eles não iriam apoiá-lo com o Echobrain. Em 2001, quando Newsted comunicou sua saída, ele alegou “razões pessoais e privadas e os danos físicos que causei a mim mesmo ao longo dos anos enquanto tocava a música que amo”.
Flemming Rasmussen, coprodutor de “…And Justice for All”, declarou em uma de suas entrevistas:
“Ele sempre foi, mais ou menos, o garoto novo. Eu sinto, e acho que o sentimento geral na banda é, que ele nunca foi tratado com o respeito que merecia.”
Em uma entrevista à Metal Hammer em 2022, ao abordar o lançamento do “Black Album” e se Newsted percebia que a banda estava criando uma coisa muito especial naquela época, ele disse:
“Vou voltar para ‘Sad But True’, porque esse é o meu ponto alto de todo o projeto, por causa do peso. Eu lutei com ‘Nothing Else Matters’; eu sabia que ela fazia os pelos da minha nuca se arrepiarem – era inegável – mas eu estava meio assustado, para ser honesto, porque eu ainda queria ‘CRUNCH!’ ‘Sandman’ eu achei meio cafona, honestamente.
O mais bonito foi que todos nós sentamos na sala juntos e tocamos; 70 takes de ‘Nothing Else Matters’. Depois de um tempo, você está muito perto disso. ‘Quanto mais delicado eu posso fazer?’ É uma loucura, eu acabei de perceber isso: nossa música mais suave já derrubou as maiores paredes para permitir que nossas músicas mais pesadas já penetrassem o mundo. Quando ela era a número 1 em 35 países em uma semana, e sete desses países nós nem tínhamos ido ainda? Cara, isso não acontece com uma banda que diz ‘Morra! “Morra!” na maioria das vezes.”
Em seguida, ele observou que as coisas foram ficando mais estranhas depois do Black Album, tipo, algumas mudanças começaram a acontecer, e nem sempre significavam algo bom:
“Depois da turnê ‘Black Album’, tínhamos algum dinheiro, mas era uma direção totalmente diferente para mim. Eu gostava de tocar as músicas e podia me levantar para as pessoas tocarem as músicas para elas. Mas ‘Enter Sandman’ pela milésima vez… meio que desgasta você.
Eu queria ser aquela pessoa que eu sabia que era dentro e fora do palco com o Metallica. Quando me viam, sabiam que estavam recebendo tudo, cada gota de suor deixada naquele palco. A razão pela qual eles estavam recebendo isso, e a maneira como eu era capaz de fazer isso, era por causa da música maluca que eu estava tocando fora do palco com meus amigos.”
Na mesma entrevista, ele acrescentou que o Echobrain era somente a ponta do iceberg de tudo aquilo e que sua saída já vinha sendo construída há anos:
“Gostaria de ter levado [o Echobrain] mais longe, mas não foi o catalisador que me afastou do Metallica. O que me afastou do Metallica é o que chamo de ‘desrespeito perpétuo’. Não importa o quanto eu trabalhasse, ainda havia desrespeito. Não o trote que recebi nos primeiros seis meses da minha carreira, mas o desrespeito geral que recebi, desdém. Desrespeito e desrespeito, eu chamo.
Isso surgiu, como um coletivo e como indivíduos, [do fato] de que eles nunca conseguiram lidar com a dor de Cliff quando ele morreu. Esse tipo de merda se manifesta nas mentes dos jovens, nas mentes dos jovens milionários. Mentes de milionários mimados, mimados, mimados, e eu me incluo nisso… seria difícil entender isso.
Então foi muito mais uma coisa pessoal. Eu precisava descansar; eles se recusaram a me dar tempo para descansar; eu tive que sair para conseguir esse descanso.”
Em 2021, em entrevista à Apple Music, o baterista Lars Ulrich declarou:
“Jason é o único membro do Metallica que já saiu por vontade própria. E isso por si só é uma estatística. E o ressentimento de James e eu era tão… Você não pode fazer isso. Você só pode sair se quisermos que você saia. E então não estávamos equipados na época para fazer um mergulho profundo no motivo pelo qual ele estava saindo. Então, é claro, agora você pode ver 20 anos depois, faz todo o sentido.
Nós escrevemos as músicas. Nós tomamos as decisões. Nós fazemos tudo. Você não tem saída criativa nessa banda. Você não tem voz criativa. Então quando você vai e faz algo que lhe dá satisfação de uma forma que você se expresse para o resto do mundo, então nós ficamos putos com você. Então esse ressentimento vai para você deixar a banda. Quer dizer, isso é meio que psiquiatria 101 aqui. Mas nós não estávamos equipados para ver esse lado disso.”
Ainda na mesma entrevista, James Hetfield disse:
“É uma história de vida, ambientada em um cenário de extremos, onde você vai muito longe, mais longe do que outras pessoas normalmente iriam, ou até mesmo mais superficialmente.
Às vezes, ficávamos em tanta negação… ‘Todo o resto está bem, não vou dar atenção a isso’, falando sobre relacionamentos, ‘Não precisamos trabalhar em um relacionamento, estamos bem…’
E não estávamos, obviamente.
Jason, todas as coisas não resolvidas de Cliff [Burton] das quais Jason tinha que ser alvo… Nós vemos isso agora e eu amo que criamos música juntos, mas também crescemos juntos.
E ainda estamos crescendo, ainda somos ensináveis e ainda estamos aprendendo uns com os outros.”
O guitarrista Kirk Hammett também se manifestou:
“A única coisa que tenho a dizer sobre Jason é que ele estava lá para nós cem por cento. Em um momento realmente sombrio, ele foi uma luz realmente positiva que aqueles poucos meses, logo após a morte de Cliff – foi um momento bem sombrio.
E nós estávamos em um estado mental estranho, não tínhamos idade nem experiência o suficiente para digerir tudo com Cliff, e não tínhamos nenhum mentor.
Eu não tive um modelo na minha vida para me dizer como lidar com a morte de um amigo tão próximo e querido. Acho que nenhum de nós teve.
E então apareceu Jason, ele era um pacote de energia, luz, positividade e impulso para a frente, e nós realmente precisávamos disso naquele momento.
Claro, em retrospecto, nós o abraçávamos, mas também o afastávamos ao mesmo tempo.
Foi uma coisa estranha – nós te amamos e te odiamos, mas você não é Cliff. Foi tudo isso.
Mas tenho que dar muito crédito ao Jason porque naqueles oito ou nove meses, quando estávamos tentando sair daquele buraco, ele estava lá por nós e foi uma força estabilizadora.
Ele estava lá para nós quando precisávamos dele.”
Por fim, você pode conferir a entrevista completa do Metallica à Apple Music abaixo: