Uma das bandas com o maior número de histórias bizarras, exageradas e/ou simplesmente sem sentido, certamente, é o Guns N’ Roses. É quase uma unanimidade para os que conviveram com o grupo no início de carreira e no seu momento de ascensão, que os integrantes eram intensos ao extremo e possuíam comportamentos destrutivos e questionáveis.
Um dos membros do Guns que mais possui episódios deste tipo é o vocalista Axl Rose. Até hoje, é natural lermos e assistirmos relatos grotescos das épocas primais da banda. Parece ser um acervo ilimitado de histórias e muitas vezes fica difícil discernir o que é fato e o que é lenda ou folclore exacerbado.
Desta vez, o ex-integrante do Guns N’ Roses, Tracii Guns, do LA Guns, foi ao The Bad Decisions Podcast With Scott Nathan e disse coisas interessantes sobre Axl Rose. Tracii contou um pouco sobre como foram seus primeiros anos como membro do Guns N’ Roses. Dessa forma, ele também relembrou sua relação com Axl e comentou como era conviver com o vocalista:
“Ele era um ótimo colega de quarto. O interessante sobre Axl é que ele realmente sabe o que é certo e o que é errado. Vamos começar por aí. Ele é inteligente, é responsável, não tem medo de pedir ajuda quando precisa e também está sempre pronto para ajudar. Uma pessoa realmente sólida. Nós realmente tivemos uma ótima amizade. Fomos inseparáveis por alguns anos. A coisa que mudou, e eu sabia que iria mudar; ele me disse que tinha… Como chamávamos isso naquela época? Acho que era depressão maníaca, é como ele chamava. Ele disse, ‘bem, sim, eu tenho depressão maníaca’ e blá, blá, blá. ‘Eu deveria estar tomando esses remédios, mas estou bem’. E eu nunca saberia do que ele realmente estava falando até um certo dia.
Um dia ele estava com um amigo meu do ensino fundamental. E ele tinha tomado um pouco de ecstasy. Depois disso não o vimos por uma semana. Então ele apareceu nesse show e ele era como uma pessoa completamente diferente. Eu fiquei, tipo, ‘uau. Quem é você? Quem é esse cara?’ E foi aí que o outro lado disso meio que entrou em ação.
Eu sabia que não iria dar certo. Eu não conseguia lidar com isso. Eu o amava por um lado, a pessoa que eu conhecia, e nós éramos criativos juntos, éramos engraçados juntos, mas naquela época, ele realmente queria assumir o controle de tudo ao seu redor. E foi quando estávamos ficando realmente populares. Antes disso, ele estava mais ciente e absorvendo informações, meio que resolvendo o que estávamos fazendo e para onde isso estava indo e todas essas coisas. Mas uma vez que soubemos, uma vez que ele soube que estávamos presos em um caminho, que o Guns N’ Roses estava indo apenas em uma direção… Quer dizer, às vezes ele falava no palco por 40 minutos em um set de 60 minutos e coisas assim. E eu olhava para Izzy Stradlin e ele ficava muito passivo sobre isso. Eu por outro lado tinha uma atitude do tipo, ‘foda-se, cara. Estou aqui para tocar guitarra.’
E foi então que tudo começou, foi quando surgiu a plataforma, a plataforma Axl Rose, e acho que as pessoas realmente se conectaram com ela, obviamente, e acho que ainda se conectam. As coisas que ele tem a dizer, as coisas que são interessantes para as pessoas e suas opiniões altas e confiantes sobre essas coisas. As pessoas se apegam a elas, e é muito sincero, e ele é muito sincero quando diz essas coisas, mesmo que depois ele possa voltar um pouco atrás e dizer: ‘Bem, eu realmente não quis dizer isso naquela época, mas as pessoas crescem e seguimos em frente’. Ele está muito dentro de sua própria cabeça, e é isso que o torna ótimo. Mas naquele ponto, isso me assustou pra caramba. Eu estava pensando algo do tipo, ‘Esta não é mais uma banda divertida de Rock and Roll. Isso é outra coisa.'”

Em 2017, durante uma aparição no South Wales Echo, Tracii Guns falou sobre como seria se ele tivesse permanecido ao lado de Axl. Ele deu a seguinte resposta:
“Se eu tivesse ficado com Axl, não sei se o Guns N’ Roses teria sido melhor ou pior, mas acho que teria sido uma banda muito diferente. Teríamos um pouco mais de fogo. Mas a chave para o sucesso daquela banda foi Axl, porque naquela época seu canto realmente se conectava com as pessoas em um nível social.
Não falo com Axl desde 1988, mas ainda temos muitos amigos em comum. Não desejo mal a ele, mas é difícil porque ele nunca para de falar mal de mim.
O problema de Axl é que se as pessoas não o apoiam 100 por cento no que ele faz, ele simplesmente não quer mais tê-las por perto. Ele é tão talentoso, mas esse talento vem de ser um desastre nervoso e também de algum lugar dentro da sua cabeça em que ele precisa ser feliz, o que ele não é.
Se eu tivesse ficado no Guns N’ Roses por mais dois anos, eu poderia ter financiado meus sonhos no Rock and Roll, podia ter contratado Blackie Lawless para tocar baixo, Nikki Sixx para a bateria e Robert Plant para cantar mas, ao mesmo tempo, tivemos uma boa fase com o LA Guns, então eu considero os pontos positivos.”