PUBLICIDADE

Grandes Vozes – Episódio 3: Steve Lee (Gotthard)

Em nossas histórias particulares, lidamos dia a dia com bons momentos e outros não tão bons assim. É certo que não estamos preparados para enfrentar o desconhecido, porém, é fato que como num enredo de um filme, somos personagens atuando em um longa metragem chamado VIDA e neste longa, nem sempre acontece o tão esperado Final Feliz.

   

Alguns fatos nos pegam de surpresas e como costumamos dizer, ficamos sem o “chão sob nossos pés” . Em dado momento, indagamos se de fato estamos vivendo a realidade dos fatos ou se estamos em sono profundo, encarando nossos piores pesadelos.

No mundo da música, alguns(mas) bandas/artistas, vivenciaram momentos de terror ao lidar com a triste e sombria realidade, esta realidade marcaria e deixaria cicatrizes para sempre em suas vidas. Artistas como Ozzy Osbourne, Linkin Park, Metallica, Def Leppard, Great White, Crashddiet, Ratt, Warrant, Slaughter, Soundgarden, Alice In Chains e Gotthard, viveram situações difíceis ao lidar com a

realidade e consequentemente, a perda irreparável de alguns de seus membros. Lidar com a morte, atingiu não apenas o psicológico desses artistas que precisavam decidir quais os próximos passos, bem como a sonoridade da banda ao recrutar um novo integrante.

No capítulo três do “Grandes Vozes”, falemos de Steve Lee, uma das melhores vozes do Hard Rock Mundial, que integrou por longos anos o GOTTHARD, banda de Hard Rock, formada na cidade de Lugano (Suíça) em 1992.

   

Influenciado diretamente por David Coverdale (segundo o mesmo), o músico tinha como referência musical, grupos como Aerosmith, Whitesnake, Led Zeppelin, Bon Jovi, Van Halen e AC/DC e ouvindo atentamente as músicas de sua banda, certamente há em suas composições elementos de todos esses grupos supracitados.

Nascido em agosto de 1963 na cidade de Horgen (Suíça), Stefan Alois Lee, conhecido mundialmente por Steve Lee, começou sua carreira como vocalista do For Sale, grupo suíço que gravou um único disco, “Stranger In Town” em 1988. Ao lado dele, Leo Leoni, guitarrista e parceiro que mais tarde integraria uma das melhores bandas da Suíça, Gotthard. Após deixarem o For Sale, a dupla formou o Krak, banda que gravou um único álbum, que permanece desconhecido até os dias atuais. Finalmente em 1992 nascia o Gotthard que lançava no mesmo ano Firedance, primeiro single do vindouro debut de estreia e de cara o grupo despontou na 5a posição da Schweizer Hitparade (parada musical da Suíça).

Gotthard (o disco), viria meses depois e com ele o sucesso da banda através dos singles “All I Care For” e “Hush”, música originalmente gravada pelo Deep Purple, que ganhou uma versão mais pesada e sonoridade mais hard, destacando além da nova roupagem os vocais geniais do extraordinário, Steve Lee. O sucesso dos singles foram instantâneos, graças aos videoclipes que rolavam na programação da extinta MTV e em outros canais locais, levando o quinteto a tocar em vários festivais europeus.

No ano seguinte (1993) a banda foi indicada ao World Music Award, onde foram os grandes vencedores do Rete 3 Awards e Golden Reel, dois importantes prêmios da música suíça.

Após turnês e participações nos já citados festivais europeus, lançam Dial Hard, segundo álbum de inéditas que levou a banda a figurar na primeira posição do Schweizer Hitparade. O sucesso de do segundo trabalho, levou o Gotthard a participar de uma extensa turnê onde tocaram em diversos festivais, dentre eles o famoso festival suíço, Montreux. Com o estrondoso sucesso e literalmente em ascensão, chega às lojas em 1996 o terceiro trabalho intitulado “G”. Contendo 11 faixas inéditas, o disco foi mais um furação na carreira do grupo mantendo-os por várias semanas na 1a posição no Top 50 da Alemanha.

   

“G” traz em sua playlist “One Life, One Soul”, uma das mais belas músicas da banda e uma das melhores canções de todos os tempos, em um dueto pra lá de especial (daqueles que arrancaram lágrimas) entre Steve Lee e Montserrat Caballé, cantora lírica que já havia feito algo parecido na canção “How Can I Go On”, ao lado de Freddie Mercury (Queen) no disco “Barcelona”, segundo e último trabalho solo do cantor, lançado em outubro de 1988. Ver (ouvir) o encontro de Steve Lee e Montserrat Caballé, nos remete a uma época onde os duetos foram febre e alavancaram vendas dos artistas envolvidos, principalmente na música pop, onde era comum esses encontros musicais. Alguns exemplos: Celine Dion e Bee Gees, Sheena Easton e Kenny Rogers, Elton John e Kiki Dee, Patty Smyth e Don Henley, Lionel Richie e Diana Ross, Tina Turner e Bryan Adams, Peter Cetera e Amy Grant, Ann Wilson e Elton John, e tantos outros.

No Rock/Metal, estes exemplos foram seguidos e alguns duetos renderam bons momentos, mesmo que não tenham angariado cifras absurdas, temos que concordar que alguns desses encontros musicais, de fato ficaram excelentes. Dentre eles: Simone Simmons e Roy Khan, Dani Filth e Liv Kristine, Klaus Meine e Tarja Turunen, Tobias Sammet e Candice Night, Udo Dirkschneider e Doro Pesch, Ozzy Osbourne e Lita Ford, Freddie Mercury e Montserrat Caballé, entre outros.

Voltando a “One Life, One Soul”: A canção permaneceu por dez semanas nas paradas da Suíça o que levou a banda a se apresentar ao lado da cantora em países como Suíça, Alemanha, Espanha, além de garantir um álbum de platina pelas vendagens recordes de 30 mil cópias. Ainda em 1996 o grupo lançou Live & Acoustic D’Frosted, disco que como bem entrega o título, apresenta versões em formato acústico. Cabe aqui uma observação: Algumas das canções apresentadas em “D’Frosted”, ficaram tão geniais que por alguns momentos achamos que superam as versões em estúdio. Caso de “Sister Moon”, que ganhou uma roupagem e novos arranjos, transformando-se em um namoro perfeito entre o Hard e o Country. E sim, o resultado final ficou genial. Um ponto marcante neste trabalho é a voz de Steve Lee, que tem uma afinação perfeita e absurda em seus tons altos, o que para ele, parecia ser algo normal e natural.

Três anos depois o quinteto lançava Open, quarto trabalho oficial e mais uma vez figurava no 1o lugar das paradas suíças, ganhando inclusive o disco de platina dupla pelas vendagens superiores a 60 mil cópias. No ano seguinte a bola da vez chamava-se Homerun, quinto trabalho que superou grandiosamente seu antecessor, atingindo a 1a posição nas paradas suíças, presenteando a banda com disco triplo de platinas e suas 90 mil cópias vendidas. Como um cometa cortando os céus, o quinteto via sua carreira decolar em vários países e o momento era ideal para lançar novos trabalhos.

Em 2002, o grupo lança More Than Live, primeiro DVD da carreira, seguido de Human Zoo, novo de inéditas, desta vez optando por gravarem em seu próprio estúdio e o resultado final mais uma vez foi satisfatório.”Human Zoo”, atingiu a 1a posição na Suíça, ultrapassou a marca de 60 mil cópias vendidas, rendendo ao grupo mais um disco de platina duplo. Exatamente neste ponto de sua carreira, a banda já não estava tão feliz ao lado de sua gravadora (BMG), pois seus discos não estavam sendo lançados em alguns países. Apesar do estrondoso sucesso em sua terra natal e em alguns países da Europa, ” Gotthard”, ainda era um nome desconhecido em outros países. No Brasil, inclusive. Eis que a banda consegue um contrato com a “Major” Nuclear Blast e lança em 2005 o sétimo trabalho de estúdio intitulado Lipservice. Mais uma vez o grupo atinge a 1a posição e mais uma vez são certificados com disco de platina.

   

O grupo estava “pilhado” e aparentemente seus integrantes respiravam e transpiravam música. No intervalo que separa “Lipservice” de “Domino Effect” (próximo álbum de inéditas), o quinteto lançou o magistral Made In Switzerland, edição em CD/DVD e mais um momento marcante na carreira da banda. Gravado em Zurich, durante a Lipservice Tour, o show aconteceu no dia 05 de dezembro de 2005 e consiste em um DVD contendo 21 faixas e o CD, contendo 17 faixas, incluindo três faixas covers.

Precisamos abrir um parentêse para dizer que: Steve Lee, era de fato um monstro da voz, isso era evidente em suas composições e também quando interpretava músicas de outros artistas. Em “Made In Switzerland”, a banda apresenta três covers onde Lee, simplesmente encanta com suas versões para “Hush” (Deep Purple), “Mighthy Queen” (Manfred Mann) e “Imigrant Song” (Led Zeppelin). Não bastasse as interpretações magistrais, o músico em determinado momento do show resolve aceitar um duelo de bateria, onde seu oponente é Hena Habegger. Sim! Um duelo incrível de bateria entre o vocalista (surpreendendo com suas aptidões no instrumento) e o baterista oficial da banda. Indiscutivelmente um dos mais belos momentos do DVD. Que cena espetacular.

Em setembro de 2007 sai mais um disco de inéditas, Domino Effect, que assim como seu antecessor, garantiu-lhes mais uma vez a 1a posição e mais um disco de platina. No ano seguinte, foi convidado por Arjen Anthony Lucassen para participar do disco “01011001”, sétimo trabalho do projeto Ayreon, onde cantou ao lado de nomes como Hansi Kürsch (Blind Guardian), Daniel Ginderlöw (Pain of Salvation), Simone Simmons (Epica), Bob Catley (Magnum), Tom. S. Englund (Evergrey), Jonas Renkse (Katatonia), Anneke Van Giersbergen (ex, The Gathering), Jørn Lande (ex, Masterplan) e outros nomes do Progressive Rock/Metal.

Dois anos separam “Domino Effect” de “Need To Believe”, novo e nono álbum de inéditas lançado em setembro de 2009. Contendo 12 faixas (incluindo uma faixa bônus), o disco atingiu números expressivos de vendas, em especial na Suíça, terra natal da banda onde mais uma vez atingiram a 1a posição. O disco, garantiu ao Gottahrd, mais um disco de platina. Infelizmente, este seria seu último trabalho.

Um ano após o lançamento de Need To Believe, o vocalista estava com amigos participando de uma excursão de motos pelos Estados Unidos. O grupo parou na beira da estrada para colocar o equipamento de chuva no momento em que um caminhão perdeu o controle numa curva (por conta da pista escorregadia), colidindo com algumas motocicletas que estavam estacionadas na beira da estrada. Uma delas foi arremessada, atingindo em cheio o vocalista, que morreu no local.

   

O acidente decorrido de sua morte, aconteceu no dia 05 de outubro de 2010 a cerca de 80 quilômetros de Las Vegas.

Dono de uma voz privilelegiada e timbre belíssimo, Steve Lee, foi mais que o vocalista do Gotthard. Foi também um dos melhores músicos de todos os tempos, além de um exímio compositor. Encantou e emocionou fãs de todo o mundo com suas melodias marcantes e suas interpretações carregadas de emoções, principalmente nas canções mais românticas, como a já citada, “One Life, One Soul”, “Angel”, “I’m On My Way”, “Let It Rain”, “Don’t Let Me Down”, “Heaven”, ” Letter To A Friend” e tantas outras.

Por motivos óbvios, o grupo deu uma parada nas atividades até retornar em 2012 com um novo frontman, Nic Maeder.

De cara, a simplicidade de Nic Maeder, conquistou os fãs, mostrando inclusive que o mesmo não pretendia ser um clone de Steve Lee ou apagar o legado deixado por ele. Ao contrário, o grupo ganhou uma nova voz que soube desempenhar seu papel como frontman, manter o nome Gotthard em evidência e acredito que não decepcionou seguidores e admiradores do grupo.

   

Opinião pessoal: Sem fazer comparações e evidentemente respeitando Maeder em sua difícil missão de ser o “novo vocalista”, a banda lançou discos relevantes e a escolha de Nick Maeder, foi coerente e inteligente, haja visto que o mesmo tem belíssimas linhas de vozes que casam perfeitamente com a sonoridade da banda, carisma incrível com os fãs, porém os discos lançados posteriormente, parecem faltar algo. Difícil encontrar palavras, mas tem algo que não consigo explicar. E por favor, não estou falando que são discos ruins, ou discos fracos. Não, definitivamente não são. No entanto, acredito que lá no fundo, inconscientemente nós (fãs), façamos exigências e queremos uma voz poderosa ou marcante quanto aquela que nossos ouvidos se acostumaram a ouvir por longos anos.

De forma misteriosa e sem que tenhamos explicações plausíveis (mistérios que talvez um dia tenhamos respostas), Steve Lee, partiu deixando uma história de sucesso e uma legião de fãs saudosos, que se emocionaram com sua arte em forma de voz. Seu legado, bem como sua história permanecem vivos e enquanto a música existir, sua voz continuará viva e ecoando em nossos ouvidos.

Onde quer que esteja, é certo que Steve Lee, continua cantando, encantando e emocionando seus novos fãs, que têm o privilégio de ouvir suas novas canções as quais nós simples mortais, não conseguimos ouvi-las (ainda).

Meses atrás (outubro de 2020), o quinteto lançou um álbum tributo ao vocalista, intitulado “Steve Lee – The Eyes of a Tiger: In Memory of Our Unforgotten”. O disco, conta com 14 faixas cantadas por Steve Lee, sendo duas inéditas e as demais são regravações de Hits do grupo.

Em nota, o grupo diz que planejava um show em homenagem ao vocalista mas por conta da pandemia, infelizmente a ideia ficou de lado. Na mesma nota, falam da importância de Lee no Gotthard e concluem dizendo: “Queremos acender um farol de que ele ainda faz parte da banda e estará nela para sempre!’.

   

As faixas inéditas são “Tarot Woman” e “Eye of The Tiger”, clássico do Survivor, disponível no álbum em duas versões: Acústica e elétrica.

PS: Em outubro de 2006, a banda se apresentou pela primeira vez no Brasil, no Festival Live “N’ Louder, ao lado de nomes como Doro, Nevermore, Primal Fear, Stratovarius, André Matos, David Lee Roth e outros.

Playlist: Steve Lee

Redigido por Geovani Vieira

   
   
PUBLICIDADE

Comentários

  1. Que texto lindo! Steve Lee merece todas as honras por ser um cara tão sensacional e fora da curva!
    Eu tbm não consigo mais encarar o Gotthard sem ele! Os discos novos são ok, mas sempre falta algo!
    Mais um excelente artigo do Mundo Metal! Sucesso sempre!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.

Veja também

PUBLICIDADE

Redes Sociais

36,158FãsCurtir
8,676SeguidoresSeguir
197SeguidoresSeguir
261SeguidoresSeguir
1,950InscritosInscrever

Últimas Publicações

- PUBLICIDADE -