Lá em 2013, quando o Mundo Metal foi criado, a maior diversão dos administradores era passar horas ouvindo discos de bandas novas, pouco conhecidas e pouco divulgadas. A tentativa era sempre encontrar aquele álbum sensacional que a maioria dos meios de comunicação especializados não dariam atenção. Era um trabalho de garimpo em busca dos discos que mereciam ser ouvidos por mais pessoas.
Quase dez anos depois, em pleno ano 2023, nada mudou, nós continuamos ouvindo centenas de lançamentos por ano para trazer aos ouvintes aqueles trabalhos que serão esquecidos por 95% dos headbangers.
Este quadro foi criado para você que não se contenta com o óbvio. Foi feito para todos aqueles que, apesar de amar os medalhões, sabem que são as bandas menores que precisam mais da sua atenção. E quer algo melhor do que começar as suas garimpagens à partir das nossas garimpagens?
Seja bem vindo ao GARIMPO MUNDO METAL.
A partir de hoje, suas audições vão ficar muito mais interessantes. Nós garantimos.
MUNDO METAL APRESENTA: PHRENETIX
O Thrash Metal sempre foi um dos subgêneros que mais me chamou a atenção desde os primeiros contatos com tal sonoridade. Isso fez com que a curiosidade aumentasse em relação ao estilo, não tornando algo simplório por assim dizer.
Meu conhecimento geográfico e habilidade ao retratar as bandeiras em nanquim tradicional, contribuíram para o aumento do desejo em conhecer bandas de outros lugares fora do eixo Grã Bretanha / Nova Inglaterra / Germânia. Mesmo sem ter qualquer ideia sobre o que existia fora do principado relacionado à boa “múzga”, fui impulsionado a ir em busca de “algo mais”, obtendo resultados impressionantes.
Enxurradas de bandas novas, tanto antigas quanto da minha época eram e são apresentadas constantemente. Essa passou a ser a minha casa para entender de fato o que vem a ser o Heavy Metal como um todo. Sim, estou falando da mansão de informações chamada Mundo Metal, porém a dica deste episódio se deu através de uma pesquisa no extinto site da Arthorium Records. Foi lá que descobri a grande surpresa que guardei para a minha estreia neste nobre quadro.
Prepare sua peneira e vamos ao garimpo!
Conforme já foi dito seu nome, Phrenetix é uma banda de Thrash Metal, oriunda de Vilnius, capital da Lituânia. A cidade de mesmo nome é conhecida por sua pluralidade cultural, sendo representada pela arquitetura barroca em meio aos edifícios e ruas cobertas por paralelepípedos, a neoclássica Catedral de Vilnius e a gótica Igreja de Santa Ana. Além disso, a Porta da Aurora (séc. XVI) possui um santuário com um ícone sagrado da Virgem Maria e costumava proteger uma das entradas da cidade original. Fora isso, Vilnius carrega vários nomes em diversos dialetos, como Wilno, em bielorusso, por exemplo.
Liderada pela amplamente competente, Lina Vaštakaitė, vocalista e guitarrista, a banda surgiu em 2012, após o fim da banda State Of Ruin (2010 – 2011) e já possui dois trabalhos oficiais dos quais um deles já foi resenhado pelo dono do nanquim virtual aqui.
Via Symbol Of Domination Prod, foi lançada a primeira demo da banda, singelamente intitulada “Demo 2013”, datada em 29 de outubro daquele ano. A demo possui cinco músicas e até poderia ser tratada como um EP. Detalhe para a faixa “Pousera”, que na demo é escrita com “U” e no debut a letra foi retirada. Ficou mais legal sem, dando a impressão de chamar alguém de poser. Porém, de acordo com o tradutor, significa meia-irmã em lituano.
Vale como excelente aperitivo a “Demo 2013”:
Curiosidades sobre a “Demo 2013”:
Em sua conta no Bandcamp, a banda lituana possui uma versão repaginada da demo, com capa e nome diferentes, mas que fica destacado o fato de ser a mesma demo. Outra atualização é relacionada à faixa “Posera”, definitivamente sem a letra “U”. Ainda sobre a nova capa, esta lembra e muito a capa de um dos álbuns do Witchtrap, banda colombiana de Black/Thrash Metal. O disco em específico é o ótimo “Trap The Witch”, de 2015. Confira e verá várias semelhanças muito bacanas.
Em 2015 temos um verdadeiro estrondo vindo do leste europeu. Trata-se de “Fear”, álbum de estreia de Lina e seus asseclas da devastação sonora ao qual conheci e adquiri o CD via Arthorium Records. A joia foi lapidada via Inferno Records no dia 11 de novembro do ano citado, contendo aquele formato mágico da saudosa e grandiosa NWOBHM com oito faixas. “Ruined By Ambition” é um verdadeiro cartão de visitas e um soco bem dado na alma do indivíduo que tiver a honra de ouvir.
Além da faixa de abertura, podemos incluir a terceira do disco, “Posera”, que é cantada na língua natal da banda, além da faixa-título como destaques, até para não dizer que o destaque seria o disco todo, apesar de que não seria mentira de minha parte. Simplesmente um exemplo oriundo de um país sem muita tradição no assunto a ser seguido.
Ouça “Fear” no mínimo três vezes seguidas e seja feliz!
Junto ao single “Blaze Of Alienation”, foi lançado de forma independente o segundo álbum chamado “Exuviae”, dia 7 de outubro de 2021. Aqui são explorados pequenos e novos horizontes sempre ligados ao Thrash, ou Technical Thrash, subgênero bastante frequentado pelas bandas de Thrash Metal do leste europeu, somadas às boas inspirações e aspirações vindas de Megadeth e Kreator.
Com isso o tempero apresentado no debut é ampliado no segundo registro, o que demonstra uma evolução técnica de Lina e seus asseclas. Daumantas Vizbaras (baixo), Paulius Navickas (guitarra) e Martynas Stoškus (bateria) contribuem e muito para a manutenção da qualidade apresentada em “Fear”.
Aproveite para emendar a audição do debut com o segundo álbum por aqui e não se esqueça de ouvir umas três vezes seguidas também!
Muito mais detalhes deste álbum podem ser conferidos através da resenha, clicando logo abaixo:
Existem muitas mulheres que destroem – no melhor sentido da palavra – no estúdio e nos palcos mundo afora, e este é um dos grandes exemplos de que o Heavy Metal é e pode ser um lugar especial para todo mundo. Não importam as suas escolhas pessoais, o que importa é a música. É ela que vai mover através da criatividade do artista e proporcionar grandes momentos do esporte sonoro. Para nós que somos fãs de Metal, é e sempre será gratificante. Quanto ao Phrenetix, que siga em frente e lance logo aquele que fechará sua primeira trinca de ases. E, quem sabe, possa dar um pulo aqui no Brasil, talvez em conjunto com o Havok, Suicidal Angels, Angelus Apatrida, ou até mesmo o Burning Witches.
Labai ačiū, Lina!
Garimpeiro da vez: Stephan Giuliano