Um ponto chave na carreira de muitos artistas que alcançaram o sucesso é quando acontecem as discussões sobre divisões dos direitos autorais e de publicação das músicas.
Muitas brigas, desentendimentos e até mesmo fins de bandas aconteceram dessa forma. Veja bem, quando um disco não vende bem, isso acaba não sendo tão importante assim. Neste caso em específico seria apenas uma questão de ego em ver o próprio nome ali estampado na capa do álbum como compositor.
Mas quando falamos de bandas que alcançam o estrelato e tiveram grandes hits tocando em rádios, propagandas, filmes e etc, o buraco é mais embaixo. Os valores dos royalties são estratosféricos e um mal acordo pode significar literalmente um prejuízo de milhões de dólares.
Uma banda como o Rush é um exemplo a ser seguido, já que os três músicos logo no início da carreira conversaram e acordaram que tudo seria dividido igualmente entre os três. Outras bandas não conseguiram o mesmo acordo. Don Dokken, por exemplo, vocalista do Dokken, revelou em uma nova entrevista ao VJ original da MTV, Mark Goodman, que perdeu cerca de 75% dos direitos autorais das músicas que compôs para agradar o guitarrista George Lynch.
Veja o que disse Don Dokken:
“Viemos da escola de relaxar em casa depois de um longo dia de trabalho, pegar um novo álbum, colocá-lo para tocar, ouvir o lado A, virar e ouvir o lado B. Eu quero ouvir o disco inteiro. E essa foi minha decepção quando muitos dos meus colegas estavam lançando discos na década de 1980, e eu pensava coisas como, ‘Ok, aí está o hit’, geralmente a faixa dois ou três no lado A. Não vou citar nomes, mas então eu ouço o resto do disco e eu estou pensando, ‘Não é muito bom’. Eles tinham os hits que você podia ver que eles compravam de alguém. Muitos desses músicos estavam comprando de outra pessoa… de um cara muito famoso da música. E você entra em um estúdio e eles dizem, ‘Bem, eu tenho os refrões aqui, eu tenho um riff de guitarra aqui.’
Nós nunca fizemos isso. Por que eu iria querer gravar uma música que outra pessoa escreveu pedaços e eu tenho que juntá-los? Cada música nos álbuns do Dokken sempre foi escrita por nós.
Eu posso jogar muita gente debaixo do ônibus se mencionasse nomes… ‘Fulano de tal escreveu… Olhe os créditos’. ‘Essa pessoa escreveu essa música, essa pessoa escreveu essa música, essa pessoa escreveu essa música’. Então tivemos uma pequena briga, porque no terceiro álbum do Dokken, de 1985, ‘Under Lock And Key’, dizia apenas nos créditos da composição, ‘Don Dokken’, ‘Don Dokken’, ‘Don Dokken’, ‘Don Dokken’. E George Lynch ficou furioso. Então, no último minuto, você pode olhar na contracapa e diz: ‘Todas as músicas foram escritas pelo Dokken, e Dokken é George Lynch, Jeff Pilson…’
E eu disse: ‘Oh, isso é tão mesquinho’. Quer dizer, não importava quem escreveu a música porque eu fiz um acordo com o diabo.
Lembro-me da mãe do meu filho, quando ele estava no ensino médio, ela estava no ramo de discos, e ela me disse, ‘Faça o que fizer, mantenha seus direitos de publicação’. Acabei dividindo a publicação em quatro partes. Eu realmente não sabia quanto os direitos sobre a publicação das músicas gerava. Então, basicamente, o que fiz foi desistir de 75 por cento de cada música. ‘In My Dreams’, ‘It’s Not Love’, ‘Alone Again’, ‘The Hunter’, ‘Kiss Of Death’, todas essas músicas que escrevi, nós dividimos em quatro partes…
Bem, isso aconteceu porque estávamos brigando o tempo todo, eu e George. E George estava indo para este lado, e ele estava ouvindo Monster Magnet. E eu pensava, ‘Eu gosto de Monster Magnet. Mas eu gosto mais de coisas como ‘In My Dreams’. Então, nós apenas dissemos, ‘Ok, tudo será dividido em quatro partes. Pare de reclamar’. E foi isso. Foi assim que aconteceu. Mas eu nunca percebi que escreveria os sucessos. Felizmente, eu escrevi muitos dos sucessos.”