O vocalista e o baterista talvez sejam os dois membros que mais sofrem em uma banda que vai envelhecendo. O cantor, inevitavelmente, vai perdendo um pouco ou, em alguns casos, todo seu alcance vocal. Já o baterista, conforme a idade vai chegando e o condicionamento físico é menor, começa a ficar complicado. Imagine tocar um setlist repleto de canções velozes e técnicas por cerca de duas horas ou mais.
Foi sobre este tema que o baixista e vocalista do Destruction, Marcel Schmier, falou no podcast Appetite For Distortion. Ao ser questionado sobre os desafios físicos de cantar e tocar em uma banda de Thrash Metal por cerca de 40 anos, ele disse o seguinte:
“Eu sei como cuidar da minha voz muito melhor hoje em dia. Quando eu era jovem, eu não dava a mínima, eu simplesmente aparecia. Mas, na verdade, quando eu era jovem, eu meio que perdi minha voz algumas vezes. Na verdade, foi em uma turnê americana com o Cro-Mags, nós fizemos uma turnê de dois meses e meio, e quando chegamos ao norte de Nova York, eu perdi minha voz. Ela se foi. Eu tive que tomar uma injeção enorme de penicilina no médico. Mas isso nunca mais aconteceu comigo nos últimos 20 anos, porque eu me cuido melhor.
O lado bom de quando você envelhece com a música é que você aprende com os erros, aprende com o passado. E, sim, eu vivo de um jeito mais saudável hoje em dia. E para mim, eu tenho que ser funcional no palco, então toda a minha rotina é sobre estar em forma para o show. Então eu tento comer de forma mais saudável, fazer algum esporte, não desidratar. Essas coisas são super importantes. E, claro, também, você sabe como controlar melhor sua voz quando você envelhece. Eu canto um pouco diferente do que eu costumava cantar, um pouco mais grave aqui e ali. O alcance ainda está lá, mas eu só tenho mais controle de voz. E eu acho que isso vem com a experiência de – eu não sei quantos shows ao vivo nós fizemos, mas deve ser mais de mil ou alguma coisa assim. Então eu acho que essa é a coisa boa de envelhecer com a música.”
Ao ser questionado sobre existe outros cantores do mesmo estilo ou de fora que ele admira, Schmier disse:
“Sim, é claro que há algumas pessoas assim. Quer dizer, quando eu era jovem, eu admirava Rob Halford, do Judas Priest, e eu ainda sou um grande fã do Priest. Eu os vi ao vivo na última turnê e Rob tem algo como 72 anos, eu acho, agora, e ele ainda se apresenta de forma fantástica para sua idade. Então eu tenho muito respeito por isso. Além disso, eu costumava ser um grande fã de Lemmy, do Motorhead, porque ele foi o primeiro com os vocais ásperos, com os vocais extremos no Rock and Roll, basicamente. No início dos anos 80, a primeira vez que ouvi Motorhead, foi uma mudança de vida. E do ponto de vista do Thrash, é claro, eu sempre amei Tom Araya A voz do Slayer, porque ele foi o primeiro cara que fez esse fraseado perfeito, o fraseado Thrash, com muitas palavras rápidas se juntando em frases legais.
Acho que esses três caras foram superimportantes. E, claro, tem mais. Mas acho que Rob Halford, de todos eles, ele meio que, para sua idade, faz o trabalho mais notável. Além disso, se você olhar para o último álbum do Priest, as linhas de gancho que ele escreveu. Acho que é um grande presente se você consegue escrever boas linhas de gancho. Não se trata apenas de cantar bem; é também sobre o quão bem você consegue escrever, especialmente, quando fica mais velho. Há muitos bons exemplos de bandas que quando envelhecem, não escrevem mais tão bem. As músicas ficam um pouco mais lentas, mais chatas e mais blues, a maioria delas. Mas não Halford. Ele conseguiu nos últimos dois álbuns do Priest escrever tantas melodias e linhas de gancho incríveis. Isso é, ‘uau’.”
