Após o lançamento de “Breaker”, terceiro trabalho lançado em março de 1981, o grupo começou a colher bons frutos e finalmente as cosias começavam a acontecer. As mudanças já surtiam efeitos e o Accept era agora uma banda com uma estrutura profissional tendo à sua disposição, empresário, produtor e todo aparato para seguirem adiante. O excelente resultado obtido com “Breaker”, fez com que a banda que já desfrutava de certo sucesso, pensasse grande e apostasse em algo mais ousado. Sem medo do que viria à seguir e com a certeza de que tudo daria certo, o quinteto lança em outubro de 1982 o impactante “Restless And Wild”, quarto álbum da carreira e o grande responsável pelo sucesso do grupo em escala internacional.
Quem nunca cantou (mesmo sem saber a letra) “Heidi, Heido, Heida”, introdução presente na faixa “Fast As A Shark” e esperou ansioso o grito perturbador de Udo? Mas afinal, de onde a banda tirou esta música e o que ela de fato significa?
A explicação é a seguinte: oficialmente intitulada “Ein Heller und ein Batzen (Heidi, Heido, Heida)”, é uma canção folclórica da Alemanha, escrita em 1830 por Albert von Schlippenbach e foi composta com a intenção de ser uma canção alegre e ser a trilha sonora da “bebedeira”. Sim! A música é de certa forma a trilha sonora para quem gosta de “encher o caneco”.
Mais tarde, tornou-se uma canção de marcha popular usada na Segunda Guerra Mundial, entre as tropas da Wehrmacht que invadiram a Europa. Por este motivo, provavelmente, “ao acaso” ficou conhecida popularmente como um símbolo nazista. As dúvidas sobre o real intuito de sua execução causou discórdia entre os alemães, visto que alguns não enxergavam-na como uma música nazista, enquanto outros ligavam-na ao regime opressor do terceiro reich.
Após divergências e entreveros sobre sua composição “Ein Heller und ein Batzen (Heidi, Heido, Heida)”, foi finalmente reconhecida pelo artigo 86 do código penal alemão, como como uma música “normal”, sem qualquer menção ou algo que tenha conexão com o regime nazista. É como se ela (a música) tivesse adquirido sua liberdade e à partir de então pudesse andar livremente, sem os olhares tortos e principalmente, sem sofrer nenhuma perseguição.
Voltando ao Accept, ao usar o refrão de “Heidi, Heido, Heida” como introdução, a banda se viu numa situação nada confortável e o que seria apenas uma brincadeira, tornou-se uma terrível dor de cabeça pois a banda não foi vista com bons olhos por alguns conservadores. Ao final, o guitarrista e líder Wolf Hoffmmann precisou se explicar. Segundo ele, a idéia era enganar os fãs, pois ao colocar o disco para tocar iriam ouvir uma música que não tinha nenhuma conexão com o álbum que acabara de ser comprado e eles teriam certeza de que compraram o disco errado. A princípio, Wolf pensou num trecho de alguma ópera famosa, porém, ao chegar no estúdio do produtor Dieter Dierks encontraram uma coleção de discos antigos pertencente a mãe do produtor. Sem pestanejar, perguntaram se ali no meio de tantos discos, teria algum que eles pudessem usar e riscar propositalmente. A resposta da Sra. Dierks foi imediata e em seguida pegou um disco que seu filho (Dieter) cantarolava quando criança. Era um daqueles discos de músicas folclóricas tradicionais alemãs e lá estava a faixa ” Ein Heller Und Ein Batzen (Heido, Heidi, Heida)”.
Ainda segundo o guitarrista, ele não curtiu muito pois não queria algo que lembrasse a Alemanha, já que a aposta da banda estava centrada no mercado internacional. Foi então que ao ouvir o refrão, eles chegaram a conclusão que usar apenas aquela parte (refrão) seguido do som da agulha arranhando o disco, seria a perfeição para o início de “Fast As A Shark” que já estava devidamente gravada. E foi assim que nasceu a introdução mais famosa da banda e provavelmente uma das mais famosas do Heavy Metal. Anteriormente em 1968, o cantor alemão Heino, gravou uma versão de Ein Heller Und Ein Batzen (Heido, Heidi, Heida)”, em seu álbum “…Und Sehnsucht Uns Begleitet”. No ano passado, a música integrou a trilha sonora da série Penny Dreadful: City of Angels.
PS: Há rumores de que a versão presente em “Fast As A Shark”, tenha sido gravada por um jovem garoto e que esta gravação aconteceu no mesmo estúdio onde a banda gravou o disco.
Redigido por Geovani Vieira
Fala Gigio , tudo bem ? Rapaz , desde a época em que comprei o disco , lá nos anos 80’s , pra mim sempre soou como uma música folclórica, e mesmo que fosse uma música de cunho nazista o disco é riscado e em seguida temos a entrada triunfante de Fast as a shark , me dando a impressão que a banda estava rejeitando aquilo , fosse o que fosse . Eu nem sabia desta polêmica . Cara , o mundo tá virado , hoje tudo é motivo de polêmica. Ótima matéria de exclarecimento . Grande abraço meu caro . \m/